· Capítulo 13 ·

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Primeiramente, eu estava por mim mesma. Ou cairia na ingenuidade de acreditar que Gustaf facilitaria tanto para mim? Sim, eu cairia. Quase caí. As cartas foram lançadas.
O Lobo deixou sua mascara cair e eu a par de suas reações intenções.

Ele nunca me quis, mas quis que eu acreditasse que sim. O tempo todo seu plano foi beneficiar a si próprio com a minha presença. Claro! Até porque se eu cedesse, tudo ficaria muito mais fácil. Ele ficaria mais forte; sua nova alcatéia, que sei que nem deve se comparar a sua antiga, se fortaleceria. Tudo ficaria muito melhor se a idiota da sua companheira se juntasse a ele sem relutância, complementando tudo que não estava tão bom! Não foi isso o que ele quis dizer?

Eu não era idiota, tinha o conhecimento do quanto um companheiro pudia ser importante, além de sentimental, fisicamente, também.

Dois sempre são mais fortes quem um, certo? Mesmo assim, eu provaria que não precisava dele para ser melhor. Pelo o contrário: era ele quem precisava de mim.

Não era eu carregando nas costas o peso da responsabilidade que uma alcatéia inteira poderia trazer. E também não era para eu estar pensando nele. Mas eu não consegui. Quanto mais eu tentava, mais meus pensamentos voltavam a ele e suas palavras.

Me levantei do chão e andei procurando o caminho mais para fora da floresta. Então andei seguindo o lado oposto do que me trouxe até aqui. Já havia ficado tempo demais respirando ar puro e pensando em qual poderia ser a direção certa a dar o primeiro passo. Mas acontece, que não existia um direção. Não existia um caminho certo, ou uma coordenada definitiva para obedecer. Os caminhos não existem até que nós resolvamos cria-los. Se fosse assim, seria fácil demais. E a vida não é fácil, e sim dura e hostil e irritantemente imprevisível.

Eu teria que aprender a criar meu próprio caminho para, enfim, poder me beneficiar com o luxo de possuir uma direção a seguir.

Quando pus meus pés na parte desmatada, onde jazia uma humilde estrada de pedras sem casas ao redor, percebi que tinha pegado um caminho errado. Segundo meus cálculos, eu deveria parar perto das casas de dois andares, construídas em madeiras de carvalho. As construções ficavam em um lado mais afastado da aldeia - sempre achei melhor chama-la assim, já que os lobos se referiam as suas alcatéias como superiores aos grupos humanos. - E um pouco mais próximas do castelo. Era um conjunto de casas mais sofisticadas. A maioria a morar no lugar havia construído com as próprias mãos ou pagado uma pequena fortuna para morar no lugar.

Bom, era normal que a própria alcatéia fornecesse casas aos seus lobos, mas nem todos se conformavam com a simplicidade delas, desejando residir em locais mais luxuosos. Assim surgiu a Rua das Casas de Carvalho, onde em geral só moravam pessoas com títulos importantes, ou uma situação financeira boa o suficiente para se beneficiar de algum luxo extra. Nossa alcatéia poderia ser desconhecida, longe, pacata e deficiente da novas atualizações modernas, mas nem de longe poderia ser considerada diminuta.
Nos últimos anos, os lobos vinham se empenhando bastante em todo o processo de reprodução. Exigiam eficácia de suas lobas no "trabalho", e também não posso dizer que pareciam demonstrar desentusiasmo ao terem que mostrar eficiência.

Tudo bem, eu peguei um caminho errado. Provavelmente deveria estar mais longe do meu mais novo e obrigatório lar, ou talvez não. Torci para que entre as possibilidades, a primeira fosse a certa. Eu queria me dar uma boa e despercebida caminhada. Longe de perguntas ou exigências tanto interiores quanto externas. Eu precisava me dá um momento, mesmo me acusando de mimada por isso. Até O Lobo me achava mimada, e devia estar certo. Porém, está era uma censura que eu estava decidida a ignorar por um tempo.

Sem saber ao certo onde eu poderia estar, e sem auto-confiança o suficiente para acreditar na minha competência sensorial para encontrar o caminho de volta, virei meu corpo na direção em que o sol nascia, sem ter certeza se era leste ou sul (nunca fui boa com coisas relacionadas a direção, mesmo sendo filha do melhor rastreador da alcatéia. Meu pai acabou não vivendo tempo o suficiente para me ensinar seus truques.), abri os braços, e peguei o caminho para onde minha palma esquerda apontava. O direito parecia o certo. Direito era uma palavra que desde de criança, me acompanhava como sinônimo de algo bom, jogando todas as coisas maléficas para o esquerdo. Pode parecer tão metáforico e ridículo, mas eu sempre vi coisas de esquerda como uma espécie de vítima, sempre julgada precocemente.

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