• Capítulo 23 •

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Estou parada no vão sem porta, reflexiva, quase filosófica,  pensando em Jasper associando-a quase imediatamente ao lobo, se não é tudo brincadeira, se nesse momento exato ele não se deleita de minha ilusão.

O que não significa muita coisa, pois irei ainda assim encontra-la. É esta noite. O sentinela dará um jeito de me ajudar a sair como o fiz prometer.

Ainda é cedo, cada segundo se arrasta e faz de minha vida um banquete de angústia e ansiedade e suspeita.

As faxineiras passam a frente sem levantar os olhos por um momento se quer. Sei que é meio desrespeitoso, mas agora as vejo quase sempre deitadas em camas construindo um futuro de filhotes que rasgam seus ventres. Tento controlar, mas a imagem sempre repete e repete. E no lobo, no que fez antes e depois, o depois me atingido muito mais.

Teimosamente ainda sinto seus longos dedos me segurando, seus olhos negros, as palavras. Eu posso esperar. Mas esperar o quê?

Demoro até perceber que estou sorrindo, os olhos apertando como se fossem apagar o momento.

Me movimento em busca do Sentinela para lembrá-lo o que terá de me fazer. Deveria ter me antecipado, mas ele dará um jeito. Não é difícil se ele quiser e estou disposta a qualquer coisa.

Desço degraus e degraus a sua procura. O salão esta quase vazio, como é costume, mas hoje se vê certa movimentação. O Alfa está recebendo visitas particulares, em reunião agora mesmo.

Me aproximo do guarda mais próximo, que me olha somente quando estou próxima demais para ser ignorada. Sua cara é feia, quase repulsiva. Eles me detestam e isso é sempre engraçado.

— Onde está Herobrine?

— Lá fora, senhora, ajudando recém criados na transformação.

Agradeço, indo em sua procura. O castelo tem um amplo espaço na frente, a grama é bem gasta e as árvores estão cortadas rentes, no espaço vejo três, quatro lobos. Estão ofegantes, vermelhos e roxos — essas cores desenham a linha de seus ossos.

Observo de longe Herobrine instiga-los, mas só um consegue de imediato. Tem uma platéia ao redor, provavelmente familiares. Não me aproximo, na verdade, ver recém criados sendo instruídos é quase instigante.

Olho-os bem. Nenhuma garota, essas aprenderão sozinhas. Me aproximo do toco mais próximo, onde me sento, vendo como são esforçados. Uma mãe está gritando palavras de apoio e coragem, e dá para ver que o garoto, um certo ruivo, está fazendo o possível para ficar o mais natural enquanto seus ossos quebram e reconstroem.

O Sentinela olha para mim bem rápido. Não faço sinal, apesar de esta quase o arrastando de tanta pressa. Vou esperar e ver o que acontece, contar os desmaiados — já ouvi que isso é comum. Quem sabe aprendo? Mas sem as partes dos desmaios. A parte em que controlo a Fera.

Eles se atacam, minutos parecem horas, não está mais tão interessante. Desisto e levanto de volta para o castelo, mas antes Herobrine levanta uma mão. "Espere"

São só mais algumas formalidades até que ele venha até mim, suado do sol como também estou ficando.

— O que quer?

Arrasto os olhos pelo local

— Não aqui

— Então vamos caminhar

Nós entramos na trilha que entra a floresta. Eu evito olhar para trás. Quando estamos longe o bastante e parece não haver mais ninguém paro na clareira.

— Preciso daquele favor

Ele se quer exita:

— Aquele que implica no meu degolamento?

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