Primeiro, tenta miserávelmente invadir minha mente ( não pretendo esquecer disso tão cedo ). Depois, me faz parecer uma completa idiota. Na verdade, eu verdadeiramente fui e agi como uma completa idiota. Não à como negar algo que já aconteceu. Mas como pude ser tão fraca ao ponto de abaixar minha guarda daquela maneira?
Onde está toda a sua marra agora, lobinha?
Suas frase, tão curta e fatal, ainda me perturba, mesmo já tendo no mínimo 1 hora que ele se foi. Ela ainda esta bastante fresca em minha memória. Palavra por palavra. Elas voltam e chicoteiam minha mente, ferem meu orgulho, relembrando incansável-mente do quanto posso ser fraca e burra.
Eu enlouqueci. Enlouqueci por alguns minutos mas já voltei a ficar equilibrada. Retomei o controle de meus atos de volta, e não pretendo voltar a perde-los novamente.
Ele não pode e não irei deixar com que tire meu foco. Logo me disfarçarei a viver em uma aldeia humana, ou cidade, ou seja lá como for que os humanos chamam seus grupos! Sua sociedade ainda não é tão organizada quanto a nossa, mas creio que exista alguma boa o suficiente para que eu possa me sentir no mínimo confortável.
Pego o vestido lilás de ceda pura, com algumas pedras cintilantes — que suspeito serem brilhantes. O decorando na gola em V, mangas e barra, e procuro o banheiro que sei que tem aqui. Uma pessoa tão rica quanto suponho que ele seja deve ter um banheiro em todos os milhares de quartos que tem.
A empregada passou aqui a pouco, dizendo que seu mestre mandou me entregar a roupa, exigindo para que eu a usasse no jantar, que vai acontecer daqui não tem muito tempo, contando que já escureceu.
O vestido é delicado e, no mínimo, estonteante para qualquer dama com o mínimo de vaidade. Mas, se ele pensa que pode me comprar com vestidos chiques e exigir com que eu faça o que ele quer, está muito enganado.
Encontro o banheiro, que deve dar dois do meu antigo. Dentro dele encontro uma enorme banheira, um chuveiro, um espelho e... Não tem como não sorrir só de imaginar o que irei fazer com o pequeno mimo do Lynca.
Dou uma pequena vasculhada com os olhos no banheiro a procura de uma tesoura. Me abaixo e abro a pequena estante de madeira em baixo da pia, mas nada. Vai ter que ser na mão.
Ergo o vestido para vê-lo melhor. Tão delicado e frágil, parecendo uma folha preste a voar com o vento. Se Kátia estivesse aqui para ver o quão estragado irar ficar, não tenho dúvidas que me mataria.
Rasgo o vestido, com um pouco de dificuldade, separando seu busto da saía. Rasgo mais um pouco, animada. E acabo separando seu fino véu de renda que o cobria do resto da peça, rasgando-o também.
Suspiro, vendo minha obra. Não irei conseguir terminar isso... Não sem antes separar essas pequenas pedrinhas que tenho certeza que são brilhantes.
Sinto como se fosse meu dever moral fazer isso, uma vez que essas coisinhas não são baratas.
Término de catar as pedrinhas e junto os trapos do que já foi um belo vestido. Jogos os retalho dentro da privada e dou descarga, olhando o tecido girar e se espremer tentando passar pelo ralo.
Agora sim.
Bato minhas mãos uma nas outras com uma sensação de dever cumprido, observando com satisfação a água sanitária estragar todo o pano da roupa.
Guardo as pedrinhas cintilantes dentro de um pedaço de tecido que guardei, tentando embrulha-las com delicadeza, e logo enfio-as em meu decote. Depois irei devolvê-las. Não pretendo guarda nada do lobo para mim.
Saio do banheiro e bato a porta com força, sem me preocupar com o som estranho que a privada cheia de tecido está fazendo. Dona Griselda provavelmente me daria um sermão de oras se ficasse sabendo disso. Tomara que entupa.
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WerewolfNão se há muitas escolhas quando se é condenada a nascer mulher em uma alcatéia onde o machismo não é regra, mas é seguido como tal. Jeneci nunca quis um companheiro e ainda menos as consequências indesejaveis que ter um traria Tinha um plano de evi...