• Capítulo 35 •

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Entro na casa pela janela; precisei de muita força para abri-la e agora está cedendo para o lado esquerdo. Meus pés descalços deixam marcas de lama no chão, que limparei depois

Após termos abandonado o salão seguimos os três por algumas ruas, eu, Gabriel e a garota, mas ela ficou para trás depois da praça, onde eles riram um pouco antes de ela ter um fim trágico, que me ocupei de verificar a distância, para que meu cheiro não se misturasse ao seu

Cabelos louros e pele bronzeada, foi o que pude ver, um corpo magro e encolhido vestido com tecidos verdes, uma aparência jovem deitada sobre o chão, morta

Me mantive o resto do caminho seguindo Gabriel a uma distância aceitável — essa linha Lynca que cruza nossa árvore genealógica pode ser comportar como uma verdadeira maldição, as vezes: persistente e indesejada

Mas eu a dobrei em meu bolso, indo em casa e pegando o último pote que consegui com a feiticeira, depois de Gabriel ter sido gentil o bastante para entrar aqui antes de voltar a ativa, para completar sua cota

Me movimento pela sala, vindo da cozinha, usando uma blusa masculina que estava sobre o sofá para limpar meus pés e mantendo-a comigo, para não esquecer. Espero que Gabriel não se importe. Espero que essa seja sua casa, ou esconderijo, ou o que for

Encontro duas portas, um quarto e um banheiro, um ao lado do outro, e começo pelo quarto, tamanho médio e ar impessoal

Não há nada além de uma cama grande, um único e pequeno armário com três gavetas e nada encima, ao lado daquela

Me aproximo e abro a primeira gaveta, quase vazia com quatro blusas escuras e de mangas longas, que reviro sem encontrar nada, na segunda gaveta quatro calças escuras, e na última, roupas de baixo. Nada

Procuro por fundos falsos, buracos no colchão, procuro por qualquer coisa, ou alguma das injeções que suponho que ele tenha usado. O que há nelas? Isso me trás o Sentinela de volta a mente, para quando ele disse que os corpos exibiam boa parte dos órgãos derretidos

Apalpo todo o quarto sem sucesso, nem um bilhete se quer, e então começo a revirar a sala, derrubando o sofá, contando o tempo mentalmente sem parar e com a insistente sensação de que alguém vai entrar pela porta

Nada, nada mesmo, e espiei cada fresta

Entro no banheiro, e estou muito próxima do desespero, Gabriel já deu fim em uma garota, mas não sei quantas ainda faltam ou se faltam

Imagino-lo por aí, olhando e escolhendo a próxima vítima que irá abordar com falsa educação e uma simpatia ensaiada para enganar, me enche de um estímulo raivoso, indignado

Há um pequeno armário abaixo da pia, vazio, nada atrás dele, nada nas paredes ou escondido em algum buraco secreto no chão

Levanto, exasperada, pois a cozinha é um grande vazio sem se quer uma mesa de jantar

Um soldado da Subdivisão, com uma casa falsa, passando facilmente pelos guardas mesmo não tendo nenhum odor — o que pode explicar porque passou aqui, provavelmente para tomar uma poção

Minha mente tem um lampejo insano de compreensão, mas parece tão ridículo, tão impossível, que só posso estar muito desesperada. Não

Não mesmo

A ideia louca parece brilhar dentro de minha cabeça, confundido os outros pensamentos, mas é ridículo. Eu a afasto, pois tenho uma preocupação que exige pressa, e essa alucinação anularia quase tudo, anularia a utilidade de Jasper, os toques de recolher, as procuras e o excesso de guardas

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