• Capítulo 42 •

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Eu ando um passo de cada vez conforme entramos da Mansão, Gustaf ao meu lado. Um passo de cada vez, é o que repito para mim mesma

Um passo por vez, um pensamento por vez. Não pense, Jéneci, não pense muito

Olho para o lado, para Gustaf, que agora está subitamente mais sério, e aceito que não, eu não posso deixar de pensar mais rápido do que meu próprio coração pode bater.

Não posso deixar de me convencer a cada maldito segundo de que Gabriel foi sincero, e o fato de que eu procure acreditar em uma acusação tão grave contra o lobo antes mesmo de escutar sua defesa deve querer dizer algo sobre a eficacia de sua proposta

A possibilidade do que ele pode estar escondendo deve fazer de sua sugestão inútil, tão oca quanto ele  mesmo

O olho uma segunda vez, quando cruzamos o salão pelo qual passei tantas vezes em uma situação diferente, e ele percebe, sorri sem dentes, com seu ar de mistério; e agora posso imaginar o porquê.

Jasper nos encontra no meio do caminho, séria e com um longo vestido branco, os cachos louros em um penteado que a deixa angelical.

Ela mal consegue disfarçar seus olhos me varrendo de cima a baixo, demorando nas calças que estou vestindo

— Ryan ainda não está aqui — ela diz assim que está próxima — Problemas com um guarda da equipe particular. Ivye pediu para todos que se entretenham com um passeio na Mansão — ela me encara. Acho que Ivye é um dos nomes da luna — Olá, Jeneci. Acho que poderíamos aproveitar para uma conversa

Gustaf se aproxima, atravessando a curta distância de um palmo entre nós

— Não agora, Jasper. Há coisas que eu gostaria de mostrar a ela, antes

E há perguntas que eu gostaria de fazer, antes

— Como quiser — ela responde, antes que eu possa falar — Me parece bem, querida. Espero que o remédio que fiz tenha sido útil

— Bastante útil, obrigada — respondo, e só posso associar isso ao liquido que bebi — Mas me sinto mais agitada que o normal

Ela tem um jeito de encarar, os olhos com as pálpebras levemente abaixadas, como se estivess concentrada em atrair o redor para si

— Tive que apelar para seu lado lobo. O que importa. Ele ficará mais forte para lhe ajudar com a cura, então não se assuste se os olhos mudarem de cor sem que controle

Ela nos encara por um segundo, lembro de nosso último encontro, no lago, o provável motivo da conversa que quer ter

— Com sua licença — ela diz, e se retira

Eu me viro para encara-lo, que diz :— Venha

Gustaf começa a andar e eu o sigo, como se não conhecesse o lugar e precisa-se de um guia

Subimos um lance de escadas e entramos no conhecido corredor, vazio

— Era isso o que queria me mostrar?— aponto para sua imagem na parede — Nada que eu já não tenha visto

Ele se encosta ao lado de seu retrato, braços cruzados, olhando para mim  para depois erguer seus olhos para sua pintura

— Achei esse seria o melhor dos pretextos, tanto para descobrir como sabe da existência disso tanto para saber o que veio fazer aqui ontem

— Ah, um interrogatório. Pensei que essa conversa tivesse acabado

— Não. Não acabou

— E se eu não quiser falar sobre ela?

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