· Capítulo 16 ·

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Quando acordei na manhã seguinte e minhas costas doeram por ter dormindo no chão, escorada junto a porta, não precisei de nem um segundo adicional para lembrar que estava com problemas.

Meus lábios formigaram, e eu desejei ter um balde com água ensaboada e um escovão  bruto. Se meus lábios sangrassem a cada escovada, ainda não seria suficiente. Eu precisava que a carne fosse arrancada e substituída.

Eu estava atuando o papel de coitada idiota e arrependida com perfeição, mas sabia que não era uma vítima.

Meus lábios n ressecados pareciam até mais hidratados agora. Passei a língua sobre eles, mas durou só até eu começar a me sentir idiota.

Tomei meu banho e foi um vestido que tirei de dentro do guarda-roupas. Sabe, nunca havia notado antes, mas não existia uma única roupa de Gustaf em meio tantos vestidos. Ele obviamente estava em outro quarto.

O vestido exigia certa técnica para ser colocado, e isso ia de laços amarrados nas costas, cinta e espartilho.

As roupas masculinas eram muito mais práticas, devido a possibilidade de uma transformação a qualquer momento. Já as femininas, por outro lado, eram muito mais ricas em frescuras do que praticidade. Umas porcarias. Mas eu teria que vesti-las.

Eu iria trocar minha reputação pelo o orgulho. Sacrificaria meu ego, mas estaria em paz comigo mesma. Vestiria o vestido, e o Alfa não teria um único trunfo sobre mim; como a boa ideia de me dar um presente irrecusável.

Eu obviamente não conseguiria vesti-lo sozinha, e sabia que ela estava lá fora. Uma humana com roupas de empregada que sempre ficava torno de uma hora na minha porta antes de desaparecer. Eu podia sentir seu cheiro. Uma vez, pude até jurar ouvir alguns murmúrios entre ela, uma humana, e Herobrine, um lobo, conversando.

Abri a porta com cuidado e pus somente minha cabeça para fora. Lá estava ela, e o Sentinela também. A mocinha ficou adoravelmente vermelha quando olhei para os dois, e achei curiosa aquela coloração que os humanos sempre adotavam em alguma situações, mesmo eu ainda não conseguindo definir bem quando e porquê isso acontecia.

— Bom dia, destruidora de cargos.

Girei os olhos.

— Fico feliz que não tenha sido rebaixado — ele sorriu, mas nāo esperei que me respondesse, me dirigindo logo a mocinha, que continuava vermelha. — Pode me ajudar?

— Achei que iria deixa-la plantada aqui, de novo.

Nāo estou falando com você, Herobrine. Pode me ajudar?

Ela acenou com a cabeça, e eu abri mais a porta para que entrasse. O Sentinela sorriu gentilmente para ela no processo, e  olhei-o atentamente, procurando uma explicação; ele  ergueu os ombros.

— Preciso que me ajude com... Ahn... O vestido — era, no mínimo, desconcertante pedir ajuda para se vestir. Mas aqueles trecos eram impossíveis.

— Qual, senhora? — ela falava sussurrando, diferente da primeira empregada que encontrei aqui. A ousada do balde.

— Esse aqui — falei, apontando para cama, onde o vestido mais normal e menos chamativo entre todos estava deitado.

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