· Capítulo 5 ·

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Existem salas de tortura capazes de desperta o pior do seu desespero para continuar vivo. Aquelas com paredes móveis que se movimentam até se chocarem por completo, esmagando qualquer coisa que esteja no meio, interferindo o processo, sabe? Então. Seria bom se meu cérebro tivesse ao menos uma grossa barra de ferro para tentar se proteger.

- Está se sentindo bem?

Me assusto, percebendo tardiamente a presença do Lynca do outro lado do quarto, sentado em uma poltrona. Suas pernas então distantes uma das outras e seus braços estão firmemente cruzados sobre o peito. Sua blusa preta de mangas curtas me dão uma bela visão de seus braços musculosos, com veias bem aparentes pela força que ele deve está aplicando nesse aperto. Veias.
Eu amo veias.

Fecho rapidamente os olhos, me lamentando teatralmente. Por que ele tinha que ter veias aparentes? Vou ter que me controlar para não ficar as olhando. Droga. Não posso me deixar levar por uma futilidade tão grande.

O encaro, sustentando seu olhar. Então, não é mesmo um grande pesadelo? Encontrei, mesmo, meu companheiro? Minha maldição, e que ainda por cima tentou manipular meus pensamentos?
Ah, sim! Agora lembro claramente! Ele entrou em minha cabeça, ou pelo menos tentou. Sua influência não deve funcionar com eficácia na própria companheira. Pelo menos isso.

- A quanto tempo estou dormindo?

Fecho os olhos, sentido uma leve pontada. Minha cabeça ainda está doendo, mas dessa vez não tão intensamente. Ele irá pagar por isso.

- Ainda não respondeu minha pergunta, senhorita... ?

Tenho vontade de rir, mesmo sem humor algum. Quer dizer que agora sou uma senhorita novamente? Oras, o que estou dizendo?! Nunca deixei de ser uma! Até por que não pretendo aceita-lo, e creio que ele pense igual.

Não o respondo, e muito menos revelo meu nome. Ele nunca o saberá se depender de mim.
Seu olhar me queima e sei que ele não me respondera até que eu faça o mesmo. Então ficaremos os dois sem respostas, por que não pretendo dar o primeiro passo para o desenrolar de uma conversa que não faço questão.

- Por que fugiu de mim, naquele noite, na floresta?

Faz um nova pergunta, dando pausas, se pronunciando mais rápido do que eu imaginava. Será que ele não percebe que não quero conversar?
Cruzo meus braços também, confrontando-o. Seus olhos incrívelmente escuros se estreitam para mim, e sei que ele está ficando impaciente. E, caramba... Que olhos!
Sinto que se eu continuar os encarando posso acabar me perdendo, me afogando neles e... Que merda eu estou pensando?!

Tento me recompor. O.k., eu tenho que alinhar meus pensamentos. Alinhar os pensamentos! Nossa ligação já está ficando mais forte, e continuará evoluindo se continuarmos perto demais um do outro. Isso significa que tenho que me afastar. E tenho que me afastar de pressa. Sinto que já estou ficando atraída!
Droga
Droga
Droga!

Será que ele também está se sentindo igual?

- Eu gosto que minha perguntas sejam respondidas.

" Que bom para você", quero dizer, mas não posso aumentar nosso contato que já estar crítico. Quero gritar, quero correr, quero me levantar e vociferar o quanto o odeio. Mas não posso. Tenho que me reprimir e evitar que ele se aproxime. Tenho que me prender para tentar ser livre.

Fecho os olhos com força, sentido uma nova pontada. Mas sei que não é mais na cabeça, é emocional. Vem de dentro e me faz querer chorar por ele não abrir a porta e dizer que posso ir.
Quando foi que fiquei tão emocional?
Pressiono ainda mais meus olhos. Tenho que recolocar a máscara de fria.

- Você está se sentindo bem?

Repete, mas dessa vez sinto sua mão em minha testa. Me esquivo, querendo distância. Tenho que sair logo daqui.

Ele se afasta para meu alívio e estou prestes a me levantar quando ouço o som estridente de vidro se estilhaçando. Me levanto em um pulo e procuro a causa do barulho. Encontro o lobo encarando a parede, prestes a jogar um novo vaso, causando um som irritante.

- Por que você faz isso?!

Grita, virando o rosto para me encarar.
Ele está estressado, e eu sou o motivo. Não. Ah, não. Olho rapidamente em direção a janela. Será que aqui é alto demais pra eu me jogar?

- Eu não vou perder meu tempo com algo tão insignificante

Sua voz está um tom mais baixo, e mesmo a contra-gosto, eu sinto uma pontada de tristeza e indignação. Então eu sou insignificante?!

- Ótimo, então me deixar ir embora. Acredite, ficarei agradecida.

Ele tira os fios escuros de cabelo da cara, tão escuros quanto são o profundo mar negro de seus olhos. Ele me encara e não demonstra nada, olho-o na mesma intensidade, mas percebo que é impossível saber o que ele está pensando. Eu não sei o que ele está sentido, é isso me faz ficar com ainda mais raiva.

- Eu não pedi para isso estar acontecendo, e muito menos pra ser sequestrad...

Ele levanta sua mão, indicando que eu pare, ergo as sombrancelhas, realmente parando. Braços cruzados, vamos ouvir o que ele tem a dizer

- Eu não a sequestrei - ele dá dois passos em minha direção, e eu dou um atrás, no sentido da janela. Talvez eu acabe real precisando usá-la - Nós dois sabemos que eu só peguei o que é meu por direito. Ou você esperava que eu deixasse o que me pertence fugir de boa vontade?

Estreito meus olhos, indignada. Ele estar ficando louco?

- Não sou sua propriedade para agir como se fosse meu dono - levanto meu dedo para aponta-lo, ele chega mais perto, mas não recuo. Não irei agir como uma medrosa e fraca. - Não sou nada sua, e muito menos você tem alguma posse sobre mim.

- Está redondamente enganada.

Sua mãos tomam meu braços, apertando-os, e eu me arrepio só com seu contato. Isso está saindo do meu controle.

-Você me pertence - sinto seu alito fresco em meu pescoço - esta presa a mim, agora

Sinto seus lábios frios na pele, e um arrepio passa por todo o meu corpo, com uma onda de satisfação que não é só minha, que parece não poder ser controlada só por mim

Ele me puxa e quase inconscientemente enlaço meus braços ao redor de seu pescoço. Sei que depois irei me arrepender arduamente do que estou fazendo. Mas depois é depois.

Suas mãos descem até minha cintura e percorrem por meus corpo. Logo sinto sua respiração fresca e finalmente sinto seus lábios roçarem os meus, num toque. Mas foi apenas isso: um toque.
Quando achei que ele iria me beijar seu corpo se afastou bruscamente do meu ainda em êxtase, e seus lábios se aproximaram de meus ouvidos, revelando o babaca que verdadeiramente é: - Onde está toda a sua marra agora, lobinha?

idOnde histórias criam vida. Descubra agora