· Capítulo 8 ·

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- Dormiu bem?

O cachorrinho do alfa decidiu me dirigir a palavra, enquanto se comportava como se fosse minha sombra. Será que eu representava uma ameaça tão grande ao ponto de colocar alguém em meu encalço?

Eu e o Alfa não havíamos nos vistos desde a noite passada. Lembrei-me de agradecer por isso. No entanto, como nem tudo são rosas, assim que me levantei, e cometi o grande erro de abrir a porta, encontrei um guarda de sentinela na mesma. Também havia uma mocinha com roupas de empregada. Ela segurava em suas mãos um vestido para eu usar. Prefiro não comentar sobre ele.

A propósito, eu consegui tomar meu banho.

- Maravilhosamente.

Respondi, chutando um arbusto com o pé direito, entediada. O alfa resolveu que seria bom para mim passar meu tempo no jardim, desfrutando da companhia das plantas. Ele achava, mesmo, que eu tinha cara de quem gostava de passar o tempo em jardins? E ainda por cima, cheirando flores? Nada contra as belas e delicadas plantinhas, mas não podia deixar de pensar que ele havia feito isso, apenas, para me irritar.

- Gustaf tem pegado pesado com você?

Gustaf. Então esse era o nome dele?
Me virei para o sentinela, que ainda permanecia peso em meu encalço como um parasita preso em seu hospedeiro. Percebi que ele estava, realmente, disposto a puxar assunto. Talvez isso fosse bom.

- Também não o conheço muito bem, já que chegou a pouco em nossa alcatéia, mas sua fama alcança.

Continuou, e não consegui mais me obriga a ignora-lo. Agora que já sabia seu nome, nada me custava aprofundar um pouco mais meu raso conhecimento a respeito de Gustaf. O que eu podia fazer? Querendo ou não, o Lobo me despertava curiosidade em assuntos referentes a ele.

Não pude deixar de notar que o nome, Gustaf, não combinava em nada com seu dono.

- E o que ela alcança, por exemplo?

- O esperado de pessoas como ele. Coisas como frieza, insensibilidade, crueldade. O esperado. Sua real personalidade ainda não é muito clara para nós. Os detalhes, sabe? Aqueles que vão nos deixar julga-lo um pouco mais profundamente.

Nada de muito revelador saiu de sua boca, mas estreitei meus olhos, estranhando a simpátia excessiva na qual ele proferia as palavras.

- Gustaf mandou que você fosse legal comigo?

Como gostava de me enganar. Desde quando eu seria importante o suficiente pra que o lobo fizesse uma coisa dessas?

- Gustaf exigiu para que eu nem se quer lhe dirigisse a palavra.

O lobo sorriu, provavelmente debochando da ordem que lhe foi dada. Não pude deixar de acompanha-lo nisso.
Ele era corajoso. Ou então apenas um rebelde e imaturo. E, com certeza, derrespeitoso. Muito derrespeitoso. Mas do que me importava? Os problemas de Gustaf pertenciam somente e só a ele. E isso incluia o lobos que resolvesse escolher para trabalhar e seguir suas ordens.

- O que você acha dele?

Perguntei, depois de determinado silêncio. Acenei para que ele sentasse do meu lado no banco de concreto, e sem muita relutância, ele aceitou. Depois de dar algumas olhadas ao redor, checando, finalmente se sentou. Era uma lobo folgado. Tudo apontava que ele era um "soldado" jovem e sem muita força de vontade em estar alí. Ótimo, eu havia acabado de encontrar mais um integrante para meu pequeno monte de insatisfeitos.

- Ainda não tive um convívio suficiente para forma uma ideia de personalidade. Mas ele parece muito sério, não acha?

Nos viramos frente a frente. Eu com as pernas enroscadas uma nas outras encima do banco, e ele com os pés no chão, as pernas um pouco separadas.

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