3 de julho de 2017
19:45hrs
Daisy_Me encontre na sala às oito...me encontre na sala às oito...às oito. Na sala às oito... ai!
Repito suas palavras como uma zumbi bugada. Ando pelo quarto num zig zag sem fim e tento conter meu nervosismo e excitação. Eu vou jantar com ele...
_Mas vocês jantam juntos o tempo todo, idiota...
É mas ele disse que seria diferente hoje...de repente minha mente para e meu corpo gela. Não. Ele não faria isso...droga! Ele faria sim...
Sinto o ar faltar e me sento na cama já que o quarto gira ao meu redor e o chão some. Bryan daria um fim em mim essa noite! Não acredito. Como pude ser tão obtusa! Como não percebi que aquele olhar flamejante que ele me deu ainda a pouco era um prelúdio de minha boba morte?
_Estou perdida. Mas...eu vi algo diferente nele durante esses meses que estou aqui...ou era tudo fruto da minha mente apaixo...Não! Eu não estou apaixonada! Eu nem sei como é se apaixonar...sou ignorante quanto a isso...
Aperto meu mindinho com força enquanto debato comigo mesma. Tá que eu posso ter fantasiado sobre nós dois algumas vezes, sonhado com ele quase todas as noites, observá-lo como uma stalker enquanto ele falava no celular, achar bonito a forma como sua boca se abre em um curto sorriso com dentes brancos e certinhos, gostar de ouvir a sua voz mandona, ou como meu coração acelera quando escuto sua voz ou seus passos milimetricamente ritmados quando chega em casa, rir dele por ser um maníaco em limpeza e organização, gostar de como ele me chama de baby e implica comigo por qualquer coisa, achar seu jeito diferente e imponente de ser muito atraente ou cheirar as roupas dele só para absorver seu perfume forte e pungente...É, eu definitivamente não estou apaixonada por ele!
_É claro que não. Eu...eu o..o..odei...argh!
Mal consigo dizer que o odeio!
Depois diz que não está apaixonada!--consciência é uma péssima hora para dar o ar da graça.
Me jogo para trás no macio colchão e suspiro encarando o teto de gesso com alto relevo de querubins. Como é bonito aqui...
No meu primeiro mês aqui eu supliquei ao Bryan para pôr uma corzinha no meu quarto provisório e ele deixou com certa relutância. Perguntou a cor que eu queria e onde a queria. Pedi um rosa chá com verde primavera. Rio só de lembrar da sua cara ao ouvir meu pedido e das suas palavras.
_Que diabos de cores são essas? É rosa e verde, certo? Se for, apenas diga: Quero rosa e verde. Pronto. Não complique tudo, Daisy...
Depois disso eu insistir no rosa chá e no verde primavera só para irritá-lo e vê-lo revirar os olhos e respirar fundo. Enfim eu mesmo pintei meu quarto com a ajuda dele que mas reclamou da minha sujeira e de que era pra eu ter aceitado o profissional que ele chamou, recusei o cara porque ele queria tirar tudo do quarto e eu achei desnecessário. No fim tudo ficou lindo e colorido. As paredes de verde e os pés direitos de rosa chá junto com o rodapé. Ele não quis me elogiar por ter ficado bonito mas seu olhar dizia tudo. Pedi para ele comprar umas flores adesivas para colar na parede e colchas de cama coloridas. O quarto está mais vivo sem aquele branco enlouquecedor. O que me faz lembrar que:
_Eu nunca entrei no quarto dele...
Quanto ele sai sempre tranca o quarto e nunca me deixa limpar. Só me entrega as roupas sujas e as de cama, que não são muitas, pra lavar. Isso só aumenta minha curiosidade quanto ao covil do lobo Bryan...
_O que ele guarda lá? E por que eu estou pensando nisso tudo quando deveria estar preocupada com minha provável morte hoje às oito?
Pulo da cama ao me lembrar do jantar. Drogaaa. Olho no relógio de parede da London Eyre. Bryan que comprou pra mim, disse que é a minha cara. Não entendi por que.
_O quê? 19:59hrs? Tenho um minuto pra me despedi desse mundo?
Me desespero e percebo que estou de roupão e descalça. Meu cabelo tá molhado e nada penteado, e nem um perfume eu passei. Droga! Droga! Porcaria! Corro de um lado para o outro sem saber o que fazer. Vou morrer de roupão e cabelos molhados.
_Help God! Me ajuda! Me aju...
_Daisy!
_Jesus!
Sussurro ao ouvir sua voz me chamar ainda no começo do corredor pelo eco que fez o som. Sinto meu coração retumbar em meus ouvidos e o nervosismo tomar conta de mim. Paraliso.
_Daisy? Eu disse não se atrase! Que parte você não entendeu?
Sua voz fica mais próxima e minhas pernas tremem. E agora? Ai! Solto meu dedo mindinho pois já está roxo de tanto que eu o aperto. Há, que se dane. Abro a porta.
_Já estou pronta.
Digo sem pensar direito e me arrependo na hora. Bryan está parado a minha frente lindo de morrer vestido em uma jeans escura e camiseta preta lisa. Sua sobrancelha inquisitiva se erguendo enquanto seu olhar penetrante perscruta meu corpo, dos pés descalços aos cabelos molhados. Coro.
_Bem...isso não era que eu esperava, mas quando é que você faz o que eu espero, não é mesmo?
Sua voz metódica e firme diz e eu estreito os olhos.
_Vamos, devo dizer que está linda e que gostei da sua escolha de vestimenta para hoje. Muito apropriado...muito mesmo.
Procuro sinais de deboche ou zombaria mas não encontro. Tudo que vejo em seu olhar opressor é algo selvagem e genuíno. Sua mão pega a minha e sou puxada para a sala.
_Você está incrivelmente calada, o que por si só já é motivo para eu desconfiar de que há algo errado, mas vou interpretar esse fato como um presente. Venha, não suporto esperar.--Sou levada para a sala de jantar que para minha surpresa está arrumada para um jantar, em minha opinião, romântico para dois. Nossa.
_Você gostou, então. Senta.
Me sento sem ter muita opção. Se vou morrer quero morrer com dignidade e com a barriga cheia. Decido. Ele ajeita minha cadeira e quando penso que ele vai se sentar sinto suas mãos em meu cabelo. Me arrepio.
_Gosto do seu cabelo, mas não o deixe molhado assim. Pode se resfriar com o clima dessa cidade fria e morta.--Recebo uma leve massagem no coro cabeludo e me derreto. Eu quero mais...--Você terá, baby. Muito mais se quiser.--Não acredito que eu disse isso em voz alta! Seu hálito quente em minha orelha e tive uma leve contração em um lugarzinho meu a muito esquecido. Espera, é impressão minha ou ele ficou melancólico de repente?--É impressão sua. Fiz lasanha de beringela e soja.-- Ele vai até um carrinho com bandejas e pratos. Pega um e põe em minha frente na mesa com velas.
_Você não me ensinou essa.--Comento me recuperando desse clima quente aqui. Bryan dá de ombros e põe suco em minha taça. Tento não olhar para seus braços fortes e tatuados.
_Eu não posso te ensinar tudo se não fico sem vantagens, não concorda?
_Talvez.
Digo ajeitando a parte de cima do roupão enquanto aperto um pé no outro. Ouço a bandeja tremular e olho para cima o vendo olhar fixamente pra mim. O que? O que eu fiz?
_Vamos jantar logo.
E o jantar é servido e o clima entre nós é tenso.
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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)
RomanceEla só queria chegar em seu bloquinho de alvenaria do outro lado da cidade e descansar ouvindo um bom jazz, e teria feito se não fosse presenciar a morte de três pessoas no ponto de ônibus que ela senta toda semana para poder ir pra casa... se torna...