23 de outubro de 2017
8:58hrsDaisy
Bufo sentada no sofá da sala de visitas entediada. Não quero fazer nada. Tudo me irrita. Também estou preocupada com Corini. E estou cansada de pesquisar móveis e objetos e utilidades domésticas, estou cansada de não fazer nada!
E agora que Hil passará as manhãs na faculdade eu ficarei sem companhia quando Dante for trabalhar trancado naquele escritório...Não sei do que estou reclamando se eu sou a única "vagabunda" aqui. Não estudo, não trabalho, não saio, não faço nada útil!
Tapo a boca para conter os soluços do meu choro. Odeio isso! Mas me sinto tão sozinha...
Olho para os lados dessa sala enorme, nem Febi está aqui, foi caminhar com Matthew.Sinto vontade de gritar com a sensação maldosa de abandono que se apossa de mim e ao mesmo tempo me sinto uma grande ridícula por estar nesta situação. É tão...confuso. Eu preciso sair.
_Preciso sair! Quero sair!
Levanto ajeitando a saia preta rodada em meu corpo e a blusa vermelha com listras brancas na horizontal. Limpo o rosto molhado de lágrimas com as mãos enquanto calço minha sapatilha nude de verniz que deixei perto da porta.
_Vou sair. Sozinha! Agora sou eu quem quer ficar sozinha.
Decidida pego minha bolsa pequena e em um breve momento olho para o anel de noivado que Dante me deu ontem.
_O casamento! Help God!
Como pude esquecer? Tenho uma cerimônia para organizar! Corro até a saída já pegando meu celular. De imediato Juan, que estava de guarda, vem até mim.
_Senhora, tudo bem? irá sair?
Reviro os olhos e bufo de raiva. Não gosto quando eles fazem isso, sou só eu! Aponto meu dedo para seu rosto e vejo surpresa em seus olhos âmbar, então ele recua um pouco.
_Olha aqui Juan Carlos, esta é a última vez que vou avisar pra parar com esse negócio de "Senhora", não precisamos dessa formalidade toda! Está me ouvindo?--Chego mais perto ainda com o dedo em riste. Ele demora pra entender mas assente.--Ótimo. Mas respondendo sua pergunta, sim. Eu desejo e vou sair. Sozinha.
_Mas sen...Daisy, o chefe sabe não sabe?
Estou a ponto de estourar feito um balão. Explodo.
_Quer dizer que eu não tenho mais o direito de ir e vir? Não posso mais sair sem permissão? Por acaso sou a porcaria de uma prisioneira?! Ou acha que sou uma criança que precisa da autorização de alguém?! Responda!
Meu sangue ferve e meu rosto também, sou capaz de cometer uma atrocidade agora. Juan arregala os olhos apavorado. Respiro com dificuldade.
_Éeee...Não eu...eu só...
_Calado!--O interrompo agora um pouco mais calma.--Pois fique você sabendo que eu sou dona da minha vida e faço o que eu quiser. Eu vou sair sozinha e ninguém vai me impedir, fui clara Juan Carlos?--Encaro fixamente seus olhos o desafiando a mr contradizer. Não é possível que ele acha que Dante precisa autorizar minha saída. Até parece!
_Si-sim...
Ajeito meus cabelos e respiro fundo tocando minha barriga. Vou me acalmar bebê, por você eu vou tentar não me estressar. Dou as costas, deixando para trás um Juan muito pálido e nervoso. Não ligo. Vou sair e ponto.
O dia está sem o brilho quente e incandescente do sol mas não está frio. Ando tranquilamente até os portões de ferro, sendo seguida pelos olhares confusos e surpresos dos outros seguranças, os ignoro. Pelo aplicativo no celular vejo o carro que solicitei chegar. Menos mal.
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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)
RomanceEla só queria chegar em seu bloquinho de alvenaria do outro lado da cidade e descansar ouvindo um bom jazz, e teria feito se não fosse presenciar a morte de três pessoas no ponto de ônibus que ela senta toda semana para poder ir pra casa... se torna...