Provocante

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15 de julho de 2017---
21:47hrs

Dante

Ela finge que não me escutou. Que audácia! Fui trocado por um cachorro, meu cachorro!

_Estava, ele é uma ótima companhia quando você não está.

Fecho os olhos por alguns segundos para me recompor. Ao abri-los encaro seu olhar obstinado e sedutor, Daisy é muito inquisitiva e expansiva. Mal chegou em minha vida e já tomou conta de tudo, está em tudo e, por consequência, acaba se tornando meu tudo. É extraordinário. Saber que ela sente paixão por mim é gratificante mas não suficiente. Eu quero mais e vou ter mais.

_Por que está me olhando assim?--Sua pergunta atrai meu olhar para seus lábios. Corados e convidativos. Por que tudo nela me parece ter um apelo sexual? Estou fodido. Me aproximo inconscientemente.

_Eu não sei do que está falando.

_Perto demais causa ebulição...--Tenho certeza que ela não pretendia dizer isso em voz alta ou pra mim escutar.

_Continuo não sabendo do que você está falando. Só fique parada.--Preciso abraçá-la urgentemente. Puxo sua cintura, aperto sua carne macia mas quando vou tocar seus lábios ela me larga.

_Na-Não...agora não.--Negado novamente! Reúno paciência onde não existe. Lhe dou as costas e vou para o quarto.--Ei! Dante? O que foi?--A ignoro por alguns instantes enquanto me visto.--Onde vai?-- Ponho o terno e passo um perfume bem forte. Daisy desiste de me fazer perguntas e apenas me espera terminar.--Onde ele vai assim todo arrumado e cheiroso? Só pode ser revanxe...--Deixo ela pensar o que quiser, mas escondo meu sorriso. Está dando certo.

Termino, pego as chaves e a carteira. Antes de sair a encaro.

_ Não me espere pra dormir. Talvez eu volte só amanhã.

Ando calmamente até a garagem, paro ao avistar Shem e Alex.

_Chefe.-- Recebo os comprimentos.

_Vou dar uma volta, não quero ninguém na casa e Daisy não pode sair. Fui claro?--Velo uma ameaça nas entrelinhas de minha ordem.

_Sim, senhor.

Ao entrar no carro me permito olhar para a janela panorâmica do segundo andar e a vejo. Não queria ter que fazer isso mas ela não me deixou escolhas. Saio de casa ciente do que está se passando na cabeça dela agora. Pensa que estou indo ver outra, o que não deixa de ser verdade. Dirijo por quase duas horas até chegar ao meu destino. Sou atendido na recepção do hospital Marília Gabriela.

_Boa noite, senhor. A mesma paciente?--Assinto depois de me identificar indo em direção ao elevador sem dar tempo da recepcionista falar algo mais. As portas abrem e um homem ruivo de jaleco entra junto comigo.

_Boa noite.--Ele deseja e eu retribuo sem muita vontade, minha mente está em Daisy.

_Boa noite.--Pressiono o botão do quarto andar e ele o quinto. Pelo que diz em seu jaleco ele é médico e um pouco familiar... O elevador para no segundo e outro cara entra.

_E ai, brother? O plantão nem começou e eu já tô morto.--São amigos acho, não presto muita atenção.

_E você ainda não fez porra nenhum.--Da vontade de sorrir. Esse cara exala autoritarismo, parece até eu. Uma luz da memória se acende em minha cabeça.

_Calma aí, chefe. Eu sangro sabia? Não sou de ferro.

_Ninguém é Samuel, mas para de reclamar. Deu meu recado?

_Dei. Daqui a pouco eles sobem, os chefes de alas estão muito atarefados, mas como você é o manda-chuva e eles morrem de medo de ter o nome na sua lista negra vão comparecer.--Só então esse parece me notar.--Ei, cara, você não é o neto da Dona Lurdes? Ou algo assim?--Me reconhece então. Assinto e as atenções estão em mim, principalmente a do Dr.Queew.

_Sim, sou. Algum problema com ela?

_Eles não te disseram? A mudaram de andar. Está na UTI.--Porra. Me irrito.

_Ninguém entrou em contato comigo.

_É algo bem estranho, isso nunca acontece. Sempre informamos os familiares sobre o quadro clínico dos pacientes todos os dias, sem exceções. Em especial os internos.--O Doutor esclarece estreitando os olhos pra mim em desconfiança. Não vá por esse caminho, Max. Devolvo o olhar, ele está me desafiando? A desconfiança explícita nos olhos. Somos velhos conhecidos.

_Max, pode ser que tenham se enganado ou esquecido de avisar a ele. Eu mesmo vou ver o que aconteceu.-- Mas Max parece não o ouvir, está muito focado me escrutinando. Faço o mesmo. Samuel entra no meio para aplacar.--Ela está nesse andar, ala B quarto 12. Lurdes Brás.--E para o elevador no terceiro andar. Olho mais alguns instantes para Queew e tento me lembrar a última vez em que vi esse ruivo. Ah sim, ele foi o cara com quem escalei a montanha El Capitán...California.

_Trabalha aqui?--Pergunto somente para confirmar. O médico ergue a sobrancelha. Enfim se lembra de mim.

_Trabalho, o hospital é meu...--É ele mesmo...Não tem como confundir esse cabelo vermelho. Saio do elevador mas antes digo sarcasticamente.

_Nos vemos por aí, Queew.

_Provavelmente, Fer Farx.--A arrogância natural dele me faz sorrir, como nos velhos tempos. E ele retribui só que mais sarcástico. Ah, Max é fogo. As portas se fecham.

Sigo até o quarto dela pensando que em todos esses anos que Lurdes está aqui eu nunca havia topado com ele por ai. Outrossim, só a visito uma vez por semestre.

Entro no quarto que cheira a álcool. Os únicos sons são os das máquinas de monitoramento. Me sento ao seu lado enquanto a enfermeira me relatava o que havia acontecido a Lurdes. Como sempre sua saude frágil não tem expectativas de melhora. Três paradas cardíacas em intervalos curtos são antecedentes de uma vida negligente.

_Não morre ainda, Didi. Você tem que conhecê-la.

A observa por horas a fio até que me canso. Sinto saudades da minha baby teimosinha. Me despeço com a promessa de que trarei Daisy aqui para vê-la assim que tudo estivesse acertado.

Volto pra casa às três da manhã e encontro tudo em perfeito silêncio. Sigo até o quarto mas não a encontro. Crente de que ela estaria no seu próprio quarto eu rumo para lá.

_Ah, sua birrenta.

Dormiu e nem me esperou. A carrego de volta pra minha cama certo de que ela chorou por mim, ao menos sente algo verdadeiro. Mesmo que seja apenas paixão.

_Não importa, dentro de mais um dia ela será minha esposa.

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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora