4 de julho de 2017
3:54hrs
DaisyBryan petrificou. Assim que falei a palavra passado seu rosto que até então estava irradiando felicidade agora pálido e inexpressivo. Tento sair do seu colo mas suas mãos apertam minha coxa e me cintura. Ah, ainda está consciente...
_Bryan? Você não quer contar não é? É difícil? Se sente mal em falar? Eu vou entender se precisar de um tempo pra me contar.
Tento amenizar a situação desconfortável na qual nos enfiei. É muito cedo para uma conversa pesada dessas...e por falar em pesada, acho que Bryan vai ficar com as pernas dormentes se eu continuar em seu colo. Ele respira e olha pra mim, escrutinando meu rosto a procura de algo que, pelo que vejo em sua expressão, ele achou.
_Fica aqui, não se afaste de mim. Eu preciso de tempo para poder juntar as coisas e contar pra você...mas eu vou contar.--Sua voz barítona pede tão intenso e baixinho que meus pelos se arrepiam por debaixo do roupão. Faço que sim passando os braços ao redor de seu pescoço. Ele está nu da cintura pra cima e eu tento não olhar muito pra não deixar cair minha admiração líquida mas conhecida como baba.
_Tudo bem. Eu entendo. Posso esperar, ainda tenho três meses.--Sorrio mas paro assim que sua expressão se fecha em uma carranca reprovadora. Droga.
_Pode não falar sobre isso?--Assinto rapidamente para tirar aquela carranca de seu belo rosto. É tão lindo. Me atrevo a chegar mais perto e encostar minha boca na sua bochecha esquerda.--Mas pro lado, baby.--Sorrio e beijo mais em baixo, faço uma trilha de pequenos beijos até chegar em sua boca de lábios corados e quentes. Pairo sobre ela.
_E agora?--Pergunto piscando lentamente. Me sinto, estranhamente, no controle de tudo, mesmo eu não estando. Suas mãos sobem pela minhas costas, uma para em minha nuca e a outra em meu rosto.
_Agora é só fechar os olhos.
Eu fecho porque obedecê-lo agora é conveniente. E ele se apossa da minha boca e enquanto nos beijamos como alucinados eu paro no tempo refletindo sobre minha atitude.
Após pensar nos prós e nos contras de ter um relacionamento com Bryan e em como eu tenho uma suspeita de que o amo, eu percebi que sempre fugi de tudo que saísse da minha santa rotina. Eu acordava, tomava banho, vestia uma roupa, ia até a fila do ônibus intermunicipal, chegava no trabalho, trabalhava sem me importar em perguntar o porque estava fazendo aquilo, terminava e voltava pra casa. Essa foi minha rotina por cinco anos seguidos e eu nunca me importei, me sentia segura em minha realidade.
Até aquela noite. Percebi que eu não vivia, eu podia estar respirando e andando mas era apenas um corpo vazio ocupando um espaço no mundo. Não fazia sentido acordar e preferir estar dormindo. Me iludir pensando ser livre quando na verdade estava presa a uma vida fadada ao descaso solitário, pensar que nada me corromperia e que eu estava imuni a tudo e a todos.
Agora, aqui sentada no colo quente desse homem enigmático e sendo beijada por ele, eu vejo o que eu perdia. Perdia vida, tempo, palavras e emoções. Eu simplesmente perdia na intenção de me poupar. E quando ele me olha sei que pode me ver além do exterior. Seu olhar não é capaz de negar que sente o mesmo que eu. Podemos ser tão cúmplices? É estranho amar, concluo.
_Você está bem?--Sua pergunta é preocupada e muito perspicaz. Sorrio ofegante.
_Como vai ser apartir de hoje? Digo, eu quero que continue como estava. Eu limpo e você trabalha.--Tento inutilmente esquecer o seu verdadeiro trabalho. Percebendo isso Bryan franze as sobrancelhas.
_Se quer assim, eu não me importo desde que esteja aqui pra mim quando eu chegar.--Seu polegar acariciando meu queixo. Faço que sim e sinto uma vontade de abraçá-lo. É o que acabo fazendo. Abraço forte e apertado, queria que fosse assim pra sempre mas sei não será. Bryan é inconstante demais.
_Sei que sou assim, mas você sabe lidar comigo. É a única que sabe.-- droga. Eu só preciso treinar minha capacidade de pensar em voz alta para desativar de vez em quando. Abraço mais enterrado o nariz em seu pescoço sentindo seu cheiro gostoso e inebriante.-Falou sério quando disse que está gostando muito de mim?--Fiz outra besteira. Por que eu fui dizer isso? Será que estraguei tudo? Ele ergue meu rosto mirando seu olhar incrível no meu.--Diga agora.--Acho sensato obedecer então começo.
_E-eu só acho, ainda não sei direito...mas acho que sim. Porque eu sinto umas coisas estranhas quando escuto sua voz de trovão, ou quando vejo você, ou ainda quando sinto seu cheiro...Esse...esse friozinho aqui--aponto para o estômago com o rosto fervendo de vergonha.--e essas batidas aceleradas aqui--aponto pra o coração agora, rio.--Parece que, não sei, mas parece que ele quer ir pra você. É como se meu coração não quisesse ficar comigo e sim com você...Acha que estou doente? Eu pensei que estava doente também porque isso não é normal...--sua boca interrompe minha tagarelice. Hum...help God, atingi super nova. Me sinto no céu com esse beijo furioso e implacável. Agora meu coração se mudou de vez, 'Sem volta' foi o que ele escreveu no bilhete de despedidas.
Paramos por falta de ar. Alguém tem que por um limite nisso, não é? Ninguém melhor que o oxigênio. Acho que vou virar mergulhadora...treinar o diafragma e ganhar uns segundos a mais beijando Bryan. Ouço sua risada rica e forte.
_ Você é extraordinária. Acho que vou virar mergulhador também...enquanto isso não acontece a gente continua tentando.
Não acredito que eu disse iss...ele me beija denovo. Posso me acostumar em ser interrompida pelos lábios dele. Ah, eu posso sim.
Ficamos no sofá da sala entre beijos e toques até o sono me alcançar e eu acho que apaguei.
***
Sinto um peso na minha cintura e algo rijo cutucando a base da minha coluna. Também há pesos em minhas pernas. Hum...aqui está tão quentinho. Suspiro me escolho mais apreciando o conforto. Passo a mão pelo rosto para tirar as mechas de cabelo que coçam meu nariz e desço para puxar mais o lençol. Ao fazer isso sinto minha própria pele, nua! Help God! Abro os olhos apressada e confirmo o que já sabia. Estou nua em lençóis de seda negros. O que? Seda? Negros? Jesus!
_Calma, baby. Você está no meu quarto.
Exploro em camim de tanta vergonha ao ouvir a voz rouca de Bryan vir de trás de mim. O que eu fiz?
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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)
RomanceEla só queria chegar em seu bloquinho de alvenaria do outro lado da cidade e descansar ouvindo um bom jazz, e teria feito se não fosse presenciar a morte de três pessoas no ponto de ônibus que ela senta toda semana para poder ir pra casa... se torna...