Não sei amar direito

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13 de agosto de 2017
8:32hrs

Dante

_O quê?

Fico possesso. Shem evita me olhar. Encarro Daisy que não esboça reação alguma.

_Que história é essa, hum?

Tento assimilar racionalmente esse absurdo. Ela suspira e dá a volta na mesa parando bem a minha frente. Tento ignorar a onda de calor que atravessa meu corpo sempre que ela estar perto.

_Só estou pedindo pra você não se opor a minha escolha. Quero que Shem me ensine a nadar. Ainda tenho muito medo mas quero superar isso. Por favor, meu bem.--Feiticeira. Daisy adora usar essa voz baixa e doce quando quer algo que eu não quero. E assim ela consegue fazer com que considere.--É só um treinamento, eu fiz pesquisar sobre como aprender e não parece difícil, na teoria pelo menos. Vou me esforçar para aprender o mais rápido possível, e você pode acompanhar tudo. Por favor?

Fico dividido. Porra. Como ela faz isso? Bufo e resisto.

_Não entendo por eu mesmo mesmo não posso fazer isso com você. Não confia em mim?--Isso realmente está me magoando. Eu poderia ajudá-la. Sempre. Sinto ciumes dessa proximidade dos dois. Olho para ele.--E não entendo o por que Shem faria isso se há um mês ele a odiava.

Estou curioso com isso. Shem é, agora, o primeiro segurança a zelar por Daisy. Em todas as vezes que saímos ele está sempre alerta, se saio para resolver assuntos relacionados ao trabalho ele é quem fica pra cuidar dela. Também estou puto com isso. Ele se volta para me olhar. Daisy se aproxima mais.

_Dante, por favor? Não há alguém que confie mais em você do que eu. Te amo e você sabe. Mas Shem é como um pai pra mim e também confio nele. E foi quem me salvou do afogamento aquele dia, me sentiria melhor se fosse ele quem estivesse comigo quando eu entrar naquela piscina novamente. Por favor me entenda, sim? Meu bem?

Maldita hora em que me apaixonei por essa mulher. Daisy é tão persuasiva e linda...suspiro vencido.

_Tudo bem. Mas quero estar vendo tudo de perto.--Ela sorri e o que eu não faria por esse sorriso? A puxo pra mim.--Minha bruxinha.

A beijo com vontade. Faço questão que Shem veja. Antes que as coisas tomem proporções desejadas por mim interrompo o beijo.

_Já conseguiu o que queria. Vai se preparar enquanto eu tenho uma conversa com seu instrutor.--Daisy não deixa de notar o sarcasmo em minha voz. Franze o cenho mas assente e sai do escritório. Olho para meu caro, digníssimo, estimado amigo Shem.--Senta.

Ele o faz imediatamente. O mantenho sob meu escrutínio e vejo um Shem inquieto.

_Qual seu propósito com tudo isso? Planeja tentar roubar minha mulher?--Falo lentamente  fazendo-o se assustar. Ora, e eu nem gritei.

_Não, chefe. Nunca. Nem sequer pensei na hipótese.

Hum...curvo a cabeça para o lado.

_Eu sei. Caso contrário você já estaria morto.--Cruzo os braços.--Mas estou, de fato, curioso com seu afeto repentino por Daisy. Posso saber a natureza desse afeto?--Shem suspira frustrado e diz:

_Não sei. Essa menina é uma praga, senhor. Ela é muito espontânea e incisiva. Desde que a socorri na piscina ela acha que somos melhores amigos. Me persegue, me conta várias coisas aleatórias toda entusiasmada e está se infiltrando na porra da minha mente. Eu não a suportava senhor, não gostava dela pelo fato de que eu via o quanto ela o afetava e dominava com seu jeito todo simpático e estranho. Nunca tinha visto uma moça assim, eu sabia no que isso ia dá, e achei que seria seu fim.--Estou surpreso. Shem rir derrotado. Pobre homem, ela o conquistou.--Nunca tinha deixado ela se aproximar antes por raiva, mas agora eu gosto da companhia da menina. Ela fala muito e ri muito, é desastrada e fala o que pensa como se não conseguisse segurar. Não sinto nada romântico por ela, chefe. Só desenvolvi muito apresso e carinho pela garota. E isso é culpa dela por ser tão expansiva. Daisy não pergunta se você gosta ou não dela, simplesmente impõe sua presença. Como eu disse, é uma praga.

E rir ao terminar seu desabafo estrangulado. Mas que porra. Minha esposa está encantando todos por aqui... O que ele disse é verdade. Penso por um instante que devo traçar limites para esse encantamento. Ela é minha, não posso dividi-la com ninguém.

_Entendo. --Começo muito lentamente.--Minha esposa é uma criatura muito peculiar, de fato. No entanto, não vou permitir tão pouco tolerar demonstrações de afeto por parte de você. Mantenha-se a distância, eviti-a sutilmente e não deixe isso se desenvolver.--Sou bem claro em minhas palavras. Shem assente.--Vou te explicar como funciona. Meu amor pela Daisy chega a ser monstruoso, perigoso para quem está próximo. É loucura em nível absurdo...quase agonizante. Então Shem, mantenha-se fora da zona de risco antes que seja tarde. Não o estou impedindo de gostar dela só estou te alertando sobre os riscos.--Falo bem sério, não é exagero. Eu não sei amar e sou egoísta, isso é uma combinação perigosa. Ainda tem o maldito ciúmes pra completa a mistura. Ele arregala os olhos assustado.

_Uau...ama muito ela?

Erguo as sobrancelhas para sua pergunta idiota.

_Mais do que a mim mesmo e acima de tudo e todos.

_Vou me manter longe, chefe.

_Ótimo, mas antes você vai ensiná-la a nadar. Vamos.

Levanto ainda refletindo sobre o assunto. Preciso trabalhar isso na cabeçinha teimosa da minha baby. Ela tem que entender que há limites quanto a amizades...tem que entender como as coisas funcionam na minha cabeça. Nada é fácil e simples. Nunca. Seguimos até a área da piscina onde a encontramos vestida em um short curto e colado, camiseta igualmente justa. Suspiro irritado. Ela nos ver e vem correndo toda sorridente. Viro um idiota toda vez que ela sorri.

_Oi. Eu estou nervosa mas muito ansiosa. Você acha que eu consigo, meu bem?--A puxo para mim tentando não deixar transparecer o quanto fico bobo com esse apelido. Seguro seus cabelos presos para trás.

_Claro que sim, só precisa se concentrar.--A beijo rapidamente e digo.--Precisava usar essas roupas?--Ela revira os olhos.

_Que que eu aprenda a nadar de burca ou um hábito serve?--Estreito os olhos para esse sarcasmo disfarçado de inocência. Daisy beija meu rosto cheia de carinho.--Sim, eu precisava usar essas roupas. Foram as mais úteis que achei. Posso começar antes que a minha coragem se refugie em Narnia?--Deixo passar e a solto.

_Vá em frente, baby.

Shem, que fora trocar de roupa, volta e entra na água.

_A senhora já pode vir.

Ela olha para escada que leva a piscina indecisa.

_Daisy? Você não vai entrar?

Seus olhos verdes estão fixos na água e ela travou ali. Percebo o quanto essa experiência a traumatizou. Vou até ela, seguro sua mão e digo suavemente.

_Você consegue, baby. Vou te ajudar a descer.--Engolindo em seco ela assente descendo os degraus, quando seus pés não alcançam mais o fundo ela se agarra na minha mão, quase me levou junto.--Calma, respira. Precisa me soltar agora. Shem vai segurar você.--O vejo se aproximar e estender a mão. Reluto um pouco em soltar. Isso é muito difícil pra mim, eu queria estar ai dentro com ela, eu queria ensiná-la. Mas como essa é a última vez que cederei a uma coisa dessas me forço a soltá-la.

Após os minutos de pânico ela se permite prestar atenção no que Shem fala. Estou me corroendo por dentro e não vejo a hora disso acabar. Pelo seu amor à vida Shem não a toca mais do que o necessário. Depois do que me pareceram horas ela consegue ficar flutuando sem ajuda, me olhou estupefata, sorri de orgulho. Mas decido que está bom por hoje e a tiro de lá sem mais um pingo de paciência.

Já dentro de casa ela para abruptamente.

_O que foi?

_Eu...eu acho que...minha nossa.

Ela sai correndo com as mãos na boca.

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Bjjsss e continua...

Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora