Audácia

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21 de outubro de 2017
16:23hrs

Dante

_Trouxe algo pra você comer.

Sento ao seu lado na cama do nosso quarto. A tv de tela plana na parede a frente já está ligada e com o filme que ela escolheu em pause.

_Ah, obrigada. Estava mesmo com fome.--A ajudo se sentar, lhe entrego o a bandeja que deixei no criado. Ela me beija agradecendo.--Sabe, eu não sei de onde vem tanta fome. Sinto como se houvesse um buraco negro em meu estômago, nunca nada é o bastante pra me satisfazer. Desse jeito vou ficar mais gorda do que já estou...e você não vai mais me querer, não vai mais gostar de mim...vou ser abandonada grávida por ter ficado enorme como uma orca assassina daquelas que passa no animal planet comendo golfinhos fofinhos...

Me assusto porque Daisy começa a chorar, sua boca formando um beicinho sentido enquanto fala. O que é isso? O que está acontecendo? O que eu perdi?! Coço a nuca perdido e sem saber como agir. Ela estava tão bem ainda pouco...o que eu fiz?! Abro e fecho a boca sem saber ao certo o que vou dizer, organizo as ideias. A abraço tomando cuidado com a bandeja em seu colo, a faço me olhar e vejo torturado as lágrimas descendo sem controle. Jesus.

_Mas meu amor, você é linda. Não está gorda e mesmo que estivesse eu continuaria querendo, gostando e amando você. Para com isso, baby. Não é uma orca nem come golfinhos, só está grávida do nosso bebê. E eu nunca, jamais, irei abandonar você! É inconcebível. Impossível. Impraticável! Santo Deus, você é minha vida.--Falo baixo, sincero e ternamente. Acaricio seu belo rosto agora vermelho pelo choro. Eu li sobre isso, mulheres grávidas tem mudanças de humor imprevisíveis, são sensíveis. Ela vai parando, funga enquanto enxugo sua face molhada.

_Acha mesmo? Ainda me ama?--Parece uma criança com medo. Sorrio.

_Sim, com toda certeza. Eu te amo e você é a mulher mais linda do mundo pra mim, portanto não precisa dessa insegurança, hum. Toma, beba.--Beijo sua cabeça lhe entregando o copo de suco que fiz pra ela, Daisy assente e bebe um pouco. Preciso que tome mais...--Se sente melhor?

_Sim, obrigada por me entender.

_É meu dever. Mas me diz, que filme vamos ver?--Estendo a tigela com bolinhas de queijo assadas.

_Como nunca fui muito de ver filme conheço poucos mas Hil me indicou esse porque é muito interessante e retrata muito bem a realidade de um casal em crise. O nome é : Quando um homem ama uma mulher. Quer ver esse? Podemos escolher outro.--Bebe um pouco mais de suco. Passo meu braço ao sei redor depois de apagar as luzes.

_Gostei do título, parece mesmo interessante. Vamos assistir.

O filme começa de forma engraçada, marido e mulher flertando em um bar. A história é sobre alcoolismo. Mas dessa vez quebrá-se o cliché, a mulher é a álcoolatra. As poucos sinto minha esposa relaxando em meus braços e adormecendo. O barbitúrico butabarbital fiorinol fez efeito.

Suspiro, não queria ter que sedá-la mas não há outro jeito. Tiro a bandeja e ponho no criado-mudo, deito minha esposa de modo que fique o mais confortável possível, continuo assistindo ao filme até o fim. Quando termina desligo a tv e toco a barriga ainda pequena de Daisy.

_Perdoe o papai, filho. Não posso ariscar perder vocês. Preciso ter certeza que estão seguros. Tenho que terminar isso para podermos viver em paz. Você, sua mãe e eu, juntos sempre.

Deposito um beijo onde o meu filho cresce no corpo da minha mulher. A observo dormir profundamente e sei que não vai acordar tão cedo, começo a vestir meu terno.
Não sei como o centro do meu universo se tornou uma mulher e um bebê, não sei quando me tornei tão dependente dela e nem como sou capaz de fazer tudo e qualquer coisa para mantê-la comigo pra sempre mas sei que desde que isso aconteceu despertou em os sentimentos e emoções mais intensos que já senti. Tudo é lindo, bom e perfeito se o centro está onde deve estar. Daisy é o centro e nela está Drew, o centro do centro e eu o universo orbitando em volta deles. Eu gosto que seja assim, embora as vezes seja difícil pra mim lidar com tanta intensidade. Eu não sou um homem bom bem humilde, mas com Daisy eu posso sentir o amor em toda sua extensão. Cada célula do meu corpo está empregada dessa coisa louca e maravilhosa. Ah, e como eu gosto de sentir isso.

Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora