15 de julho de 2017--- 11:28hrs
Daisy
Por que acreditei nele? Por que fui tão boba? Ele mente e omite muita coisa, não apenas seu verdadeiro nome...se é que esse é seu nome de verdade. Ele pode estar mentindo de novo.
_Por que o amo? Deus! Por que tenho que amar alguém assim? Poderia ser tudo mais fácil se tivesse me apaixonasse pelo Jonas da barraca de salgados perto de casa...ou não? Eu nem sei mais de nada...
Choro deitada no chão do meu quarto provisório. Bry...Dante mentiu pra mim todo esse tempo. Foi tão fácil pra ele me olhar nos olhos e continuar mentindo? Eu confiava nele, eu estranhamente confiava nele. Mas eu não sei quem ele é realmente!
_Esse...esse estúpido, babaca, cafajeste sem coração! Sobre o que mais ele mente? Será que essa casa é dele mesmo? Será que ele tem e sabe tudo o que me disse? Não ficaria surpresa em descobrir que estamos fora do país...
Essa idéia me apavora e eu choro porque me sinto perdida no oceano mais negro e infinito de todo o planeta...mas oceanos são azuis.
_Não no escuro!
Brigo comigo mesma e volto a chorar. Só consigo fazer isso agora. Me sinto patética e fraca. Como fui me envolver com ele? Por que tive que conhecê-lo? Acho que mesmo não querendo eu tenho a resposta.
_O senhor é um cara irônico, não é? Quis que fosse assim por que? É um castigo?--pergunto pra Deus.
Entro num debate interno enquanto derramo minhas frustrações em forma de lágrimas. Me encolho no chão agora frio e fecho os olhos porque estão pesados e ardidos. Fungo e sinto minha garganta fechar. O que fazer? Devo terminar tudo ou perdoar?
_Mas eu já até perdoei...e sinto falta dele agora. Que idiota! Burra!
Soco o chão e balbucio vários xingamentos pra mim e pra ele. Acho que sou carente ou pedante...sinto falta dele. O que será que está pensando agora? Aposto que nem está pensando em mim ou se importando comigo.
_Dante...É tão familiar. E eu gosto mais do que gostava de Bryan.
Sussurro de cara no chão. Bocejo e vou relaxando aos poucos até não ver nem ouvir mais nada.
* * *
Sinto a quentura e o peso tão familiar em meu corpo. A mão grande e macia toca meu seio direito, as pernas entrelaçadas as minhas, o queixo anguloso no topo da minha cabeça. Inúmeros porquês surgem em minha mente que lateja. Me sinto mole e pesada...
Em todos esses dias que estamos dormindo juntos eu tenho tenho descoberto muito sobre mim, meus desejos e queres, meu corpo sente novas sensações, a cada toque dele em mim desperta um interesse pelo novo. Eu ainda não acredito que ele não perdeu a paciência comigo. Dormimos juntos e tudo, nos tocamos muitas vezes mas nada que ultrapasse meu limite.
Seria minha pior mentira se dissesse que não quero senti-lo além das barreiras.Respiro fundo sentindo minha garganta arder e meu nariz está congestionado. Droga, me sinto febril e não é por causa do corpo do Dante no meu. Esse é um febril ruim. Gemo me mexendo um pouco para ele me soltar, mas só consigo acordá-lo.
_Baby...o que foi? Está muito quente...--ouço sua voz rouca na semi-escuridão e ele senta na cama pondo as mãos em meu rosto. Não falo, pois estou magoada ainda. Permaneço calada.--Daisy, eu sei que está acordada. Você está muito quente, sente dores ?--Tento não prestar atenção no seu tom preocupadíssimo. Continuo calada. Ele resmunga e sai da cama.--Eu não tenho muita paciência, querida. Não me teste. Não quer falar comigo?--Dante se irrita e liga a luz do abajur, fecho os olhos ardidos pela claridade repentina. --É pior que imaginei...tudo bem. Fique aqui, acho que se resfriou por ter dormido no chão.
Não respondo e nem abro os olhos, me viro pro lado oposto ao dele e me cubro até a cabeça. Que frio...Ouço seu resmungar e a porta ser aberta. Sorrio.
_Ele merece por ter mentido pra mim. Ai, minha cabeça...
Fungo pondo a mão sobre o latejar infernal. Xixi. Quero fazer xixi. Help God. Com dificuldade me sento na cama e abro os olhos, não há luz do sol entrando pelas cortinas nem está claro. Acho que já é noite. O piso está muito frio mas caminho até o banheiro. Faço o que preciso, visto um roupão cinza e me olho no espelho.
_Ah!
Solto um grito abafado pela palma da minha mão. Deus! Estou horrível. Pareço uma couve-flor mutante. Verde, pálida e descabelada. Jesus! O que aconteceu comigo? Meu rosto está um pouco inchado e estranho. Em um epitáfio eu lembro, mas Br...Dante entra no banheiro afoito. Me assusto.
_Porque nunca me obedece? Eu não disse pra você ficar na cama? Esquece, não sei por que ainda perco meu tempo tentando dar ordens a você...toma isso.--Ele fala como se estivesse falando consigo mesmo antes de pegar minha mão e por duas pílulas nela. Olho pra ele e ergo a sobrancelha. Revirando os olhos ele diz.
_Analgésico e um antitérmico. Quer engolir logo isso? O quê? Não me olha assim!--Bufo jogando os remédios na boca e engolindo com a ajuda de um pouco de água do copo que ele trouxe. Desce rasgando e gela o estômago. Sinto o percurso da água dentro de mim...Apesar de saber que isso não é um simples resfriado e sim uma crise alérgica. Jogo o copo pra ele e volto pra cama sem dar um pio. Me deito depois de tirar o roupão, mas bem no meio da cama. Me estico quando ele tenta deitar.--Não posso deitar na minha própria cama? É sério isso?-- tenta deitar em um outro canto mas não deixo. Aponto para a porta.--Não! Eu não vou sair do meu próprio quarto, você está delirando é isso!--ele fica possesso de raiva e me olha muito, mas muito revoltado. Ignoro e continuo apontando para a porta. Nossos olhares duelam por alguns segundos até ele estreitar os olhos e apontar pra mim bufando de raiva. Me encolho minimamente. Talvez um pouco mais que isso...--Isso não vai ficar assim. Quando você melhorar a gente resolve essa afronta, querida. Me chame se precisar.
Suas palavras finais são cortantes e penetrantes. Assinto o vendo sair só de cueca preta pela porta do quarto, a batendo com força. Ai, minha cabeça, seu troglodita.
Espero o zumbido passar e me ajeito na cama sorrindo. Me vinguei dele, apesar de saber que vingança é um veneno. Fungo e fecho os olhos com o estupor dos remédios ingeridos e vôo nas nuvens.
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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)
RomanceEla só queria chegar em seu bloquinho de alvenaria do outro lado da cidade e descansar ouvindo um bom jazz, e teria feito se não fosse presenciar a morte de três pessoas no ponto de ônibus que ela senta toda semana para poder ir pra casa... se torna...