15 de julho de 2017--- 21:13hrs
Daisy
Dante sai sem ao menos me olhar, ele está bem irritadinho. Bem feito. Olho para a bandeja sobre minhas pernas.
_Hum...aí tem. Se ele pensa que pode me comprar assim está redondamente enganado.
Puxo uma respiração funda e enfio a primeira garfada na boca sentindo pouco o gosto real da comida, mas está com uma cara ótima.
_Ao menos é bom cozinheiro...e atencioso para um maníaco zangado. --Sorrio lembrando da sua cara quando não o deixei deitar na cama. Ele deve estar querendo perdão com essa bajulação toda. -- Como se eu precisasse disso para perdoá-lo...puf! Sou apaixonada por esse idiota e ele nem sequer faz ideia.--Uma parte minha se frustra com isso.-- Esquece, ele não precisa saber disso mesmo...Não entenderia.
Disposta a esquecer desse assunto continuo comendo sem muita vontade, no entanto termino em consideração ao seu esforço em me preparar algo. Me ergo sentindo meus músculos protestarem um pouco, visto um roupão e um chinelo dele que eu peguei porque esse chão está frio demais.
_Ai, que preguiça.
Dou uma escovada nos dentes antes de tentar melhorar minha aparência. Pego a bandeja e rumo pelo corredor em direção a cozinha.
_Cadê ele?
Não vejo Dante nem Febi o que é estranho pois eles moram aqui...eu acho. Guardo a louça que lavei e vou procurá-los.
_Achei!--Me assusto com o grito que vem da porta do seu escritório. Chego mais perto para ouvir melhor. --Aqui diz: "Apaixonado. adj. e s.m. Dominado por paixão; namorado; amante; exaltado; entusiasta."--Ham? O que ele está fazendo? Será que está lendo alguma coisa? Meu rosto está corado por estar ouvindo atrás da porta, mas ignoro e continuo.--É só paixão!--Soou tão frustrado e desapontado que até me fez ficar murcha...espera, o que é só paixão? Pressiono mais o ouvido contra a porta.-- Pessoas se apaixonam por tudo, isso não é amor. Não é o que eu queria...--Do que ele está falando? Merda, não dá pra ouvir direito, sua voz está muito abafada...Fico na ponta do meu pé bom como se isso fosse me ajudar a ouvir direito.--Talvez eu tenha esperado mais do que ela está disposta a me dar...Além do que seria um dádiva ter alguém como Daisy me...você sabe,...me amando. Me sinto idiota por ainda esperar algo assim de alguém. Me sinto mais idiota ainda por acreditar nessa baboseira.--O quê?! Meu coração se alvoroça tanto no peito que sou capaz de ouvir suas batidas alucinadas. Ouço seu riso sem vontade mas tudo que se passa em minha mente é que Dante deseja que eu o ame! E eu amo! Help God! Estou extasiada ao extremo. Dou pulinhos com um só pé feito louca.
_Ele acha que eu não o amo! Deus, como ele está errado...--Sussurro baixíssimo pra mim mesma enquanto paro de pular. Solto meu dedinho antes que eu o quebre. Encosto a orelha na porta a tempo de ouvi-lo dizer:
_Acreditarei piamente nisto até que alguém me prove o contrário. Eu pago para ver...
Sem querer eu piso com o chinelo do pé esquerdo em cima do direito embolado tudo, pois são maiores que os meus pés e acabo batendo com o nariz na porta.
_Au!
Quem manda ser xereta!
Gemo de dor e me afasto da porta ao ouvir um latido bem estrondoso vindo de dentro. A porta se abre e Febi pula em cima de mim me derrubando.
_Merda! Febi, sai de cima dela!
Dante rapidamente tira o cachorro enorme de cima de mim o qual antes de ser retirado confere se eu não sou mesmo uma ameaça para seu dono. Ai, meu bumbum.
_Daisy, vem. Levanta.--Suas mãos me ajudam a levantar, meus olhos encontram o seu e eu não posso deixar de pensar que ele quer meu amor mas não acredita nele. Seu olhar inquisitivo mirado em mim.--O que estava fazendo? Planejava fugir?
_O quê? Não! Não, eu não iria fugir. Que ideia. Eu só...eu--Travei sem ter uma boa desculpa em mente. Droga. Antes que eu dissesse que sou sonâmbula Dante sorri lindamente pra mim, fico, primeiramente, deslumbrada e depois confusa. Por que ele tá sorrindo pra mim, ainda mais um sorriso desses de hipnotizar?-- O que foi?
_Voltou a falar comigo?--Ah, é mesmo! Esqueci que não estou falando com ele, mas que droga! Me bato.--Para com isso.--Tira minha mão da testa ao qual acabei de estapear.--Então, voltou a falar comigo? Ou se esqueceu?
_Me esq...--fecho a boca para continuar o castigo que dei a ele. Será que eu não consigo ficar calada?!
_Acho que não, baby.--Olha eu de novo expondo meus pensamentos. Sou um desastre. Gemo de frustração e me solto de seus braços, ao menos não vou deixar ele me tocar. Dante franze o cenho.--Para. Não precisamos disso. Eu menti? Sim, eu menti. E vou mentir outras vezes, tanto quanto irei omitir coisas de você..--lhe dou as costas. Assim, sem encarar aquele olhar persuasivo, eu vou conseguir decidir por mim mesma sem coerção da parte dele. Sinto seus braços grandes e fortes ao meu redor. Esquento.--Eu não posso promete nunca mentir pra você porque já estaria quebrando a promessa, baby.--Recebo um beijo no topo da cabeça.-- Eu vou precisar mentir algumas vezes pra proteger você e a mim, proteger o temos. As pessoas mentem umas para as outras, querida.--Reflito enquanto sua voz grave e baixa fala bem pertinho do meu ouvido. -- A vida é assim. Por exemplo, quando alguém pergunta se você está bem e você responde que sim mesmo que seu mundo esteja ruindo, tudo pareça estar dando errado e nada parece fazer sentido...você mente pra se proteger das perguntas que farão se você disser que não.--Não quero deixar ele me persuadir, mas tudo o que disse é verdade inegável. Pessoas mentem. Suas mãos sobem e descem pelo os meus braços sendo o bastante para fazer minha temperatura subir e subir...--Vou te contar uma coisa, mas quero que olhe pra mim.--Sou virada de frente olhando fixo naqueles olhos castanhos esverdeados. O corredor nunca me pareceu tão aconchegante quanto hoje.--Você sabia meu nome verdadeiro só não se lembrava disso.--Eu sabia? Como?--Eu te contei naquela mesma noite. Então, tecnicamente, não menti.--Seu sorriso sem vergonha me deixa mole. Seguro o riso. Sinto seus dedos em minha boca.--Vamos, fale comigo. Me diga o que você aprontou que fez tanto barulho?
Merda...pensa, pensa em algo convincente...hum.
_Eu...eu vim procurar...o Febi! Estava com saudades dele.--Me abaixo e chamo o tótó que vem a todo abobado em minha direção. Acaricio seu pelo macio e brilhoso.--Né, seu lindo?--Ele lati me lambendo ao passo que seu dono rosna.
_Estava com saudades do cachorro?!
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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)
RomanceEla só queria chegar em seu bloquinho de alvenaria do outro lado da cidade e descansar ouvindo um bom jazz, e teria feito se não fosse presenciar a morte de três pessoas no ponto de ônibus que ela senta toda semana para poder ir pra casa... se torna...