6 de maio de 2017
8:48hrsDaisy
Tento abrir os olhos de uma única vez e acabo me arrependendo. Muita luz. Estou desconfortável e minhas costas doem. Abro mais devagar e pisco me acostumando com a claridade.
__Help God...
Minha cabeça pesa e gira um pouco. Tento me mexer mais não consigo. Mas o que é isso? Não! Memórias de um homem matando três pessoas, eu enfiando uma faca em sua perna, ele me chamando de baby e depois um carro preto...Help god!
__Santo Cristo!
Exclamo ao me dar conta de onde estou. Amarrada a uma cadeira de madeira no centro de um quarto grande, com base nas medidas do meu quarto/sala. Paredes brancas...isso por si só já é de enlouquecer.
__Deus me ajude. Fui sequestrada!
Me desespero. Olho para os lados e vejo uma cama grande com lençóis brancos, uma cômoda branca, um grande espelho na parede em frente a cama e duas portas...
__Por que tudo branco? Isso é um hospício?
Já respirando com dificuldades devido ao esforço de tentar me soltar das cordas que atam meus pulsos, barriga e pernas me pergunto. Que dor de cabeça horrível!
__Alguém? Me ajuda! Por favor!
Chamo alto mas não ouço som algum. Não, não, não, não...
__Isso não pode acontecer comigo, eu sou invisível na sociedade, vivo na minha rotina, nunca faço coisas inusitadas, sou pontual e nunca pego nada que não seja meu...Não, comigo não, Deus!
Vou falando todos meus pontos positivos e o porquê que isso não poder acontecer comigo. Poxa, eu sempre faço tudo direitinho, pago meus impostos em dia, não jogo lixo na rua, faço reciclagem e coleta seletiva, até meu dever como ser humano eu fiz...
__Me ajudem! Por favor! Por favor!
Grito e tento me lembrar do homem do assassinato, como era mesmo...? Ai, não lembro!
Aquele miserável me trouxe pra cá e me amarrou aqui...eu estou de roupa?__Graças a Deus! Obrigada senhor, obrigada!
Me checo e fico aliviada ao saber que ao menos minhas roupas estão no lugar e eu não sinto nenhuma violação por parte do sequestrador... Tento me ergue e não consigo. Meus pulsos doem e minha bunda pinica por estar muito tempo sentada nessa cadeira ridiculamente branca!
__Qual é o seu problema com as outras cores?!
Grito para o nada branco e me arrependo. Minha cabeça lateja aponto de eu lágrimar mas essas lágrimas se juntam com as outras que nem percebi estar vertendo.
__Por favor, me tirem daqui...por favor...--Falo mais baixo.--Eu estou atrasada para o trabalho...por favor...eu tenho que trabalhar!--Grito a última parte só para verter mais lágrimas.
Eu nunca choro, nem quando uma menina no colégio me batia e nem quando dava de contra com minhocas e sapos que as meninas colocavam em minha carteira. Eu não chorava por isso, só chorei uma vez e foi quando tive que deixar a senhora Medeleny.
__Eu não vou chorar, isso não combina comigo...Não vou chorar, vou sair daqui e denunciar esse...ser desprezível que me pôs aqui nessa sela sanatória.
Determino e tento alcançar as cordas com os dentes, me curvo o máximo que posso mas não consigo. Respiro fundo reunindo força e concentração, tento novamente e falho.
__Argh! Não. Não e não! Esse cara é marinheiro? Poderia folgar mais esses nós...babaca!
Xingo feito marinheiro e me calo.
__Perdão!
Peço me recompondo e então a realidade bate a porta. Não tem ninguém aqui e eu estou falando com as estúpidas paredes brancas.
__Ah, tudo bem. Eu irei superar isso e tudo vai voltar ao normal, eu consigo...Vou achar um jeito de sair daqui...
Tento me convencer e respiro fundo umas três vezes e olho ao redor a procura de algo que me sirva de instrumento para cortar essas cordas. Mas não há nada em cima da cômoda, nem na cama e nem no chão. Está tudo extremamente limpo e cheirando a pinho e lustra móveis.
__hum...ao menos é limpo e bem limpo mesmo...tenho que pegar o autógrafo de quem limpou isso e algumas dicas quem sabe...,--Reviro os olhos para minha idiotice sem tamanho.-- Aproveita e convida a pessoa para um chá, quem sabe ela te pergunta se está gostando da vida de sequestrada, sua obtusa!
Xingo já irritada. Esse branco todo está me enlouquecendo e a cada vez mais desconfio que isso seja um hospício ou sanatório. Desisto de tentar encontrar alguma tesoura ou faca por aqui e penso em outras possibilidades.
__E se eu me jogar para trás? A cadeira vai quebrar com o impacto e...e talvez eu quebre minha cabeça junto! Grande ideia, Einstein.
Ok...pensa um pouco, você não é burra, pode encontrar uma saída...Tento ser otimista mas está difícil. Paro e decido esperar alguém vir aqui, quem sabe ele não decide me soltar? Talvez perceba que foi um erro me sequestrar afinal sou inútil e não dou vantagens, não tenho família nem dinheiro, que lucro poderia eu garantir a ele? Podíamos fazer um acordo. Ele me libertava e eu como gratidão apagaria ele da memória e não contaria nada a ninguém sobre aquela noite ou sobre meu rapto e todos ficaríamos bem e satisfeitos!
__É isso, vou tentar um acordo pacífico, deixa só ele aparecer...
E o tempo passa, não sei que horas são, não há janelas nesse quarto e muito menos relógio. Minhas pernas ficam dormentes e minha bunda está doendo, meus braços tem cãibras e minhas costas pedem descanso decente.
Não sei quanto tempo passa mas eu começo a ficar com fome e vontade de fazer xixi, a fome eu posso segurar mas o xixi...esse não tem como segurar por muito tempo. Tento pensar em outra coisa que não essas e começo a contar os segundos...
__1968..., 1969..., 1970...,... 1971....
Já se passaram seis horas desde que comecei a contar e ninguém veio, nenhum contato, nada de nada. Estou com sono, com fome, com sede e até a vontade de fazer xixi passou. Estou sem forças...
__1972...1..9.
Deixo a cabeça pender para frente, tudo doe e pede para descansar. Vejo tudo turvo e meio apagado. Que sono. Bocejo e escuto um som de passos apressados vindo do lado de fora. Mas não consigo ergue a cabeça então permaneço assim. Uma porta se abre rapidamente e os passos apressados chegam bem perto.
__Tcs, maldição! Me desculpe por isso, baby. Vim o mais depressa que pude.
A voz é masculina e potente, mas estou mole demais pra notar muita coisa. Sinto alguém desatando os nós com agilidade e me pegando no colo. Braços fortes e firmes. Um cheiro cítrico e amadeirado vem desse corpo, meus músculos reclamam por serem mexidos assim abruptamente, eles doem e ardem.
__Ai...
__Calma.
Pede e sinto algo macio em minhas costas, estou de olhos fechados pois me custa abri-los. Que macio, parece que estou nas nuvens...me enrolo toda e puxo o que vier pela frente. Lençóis eu acho, me ajeito buscando uma posição sem pensar em mais nada a não ser dormir. Argh, as roupas! Não consigo dormir de roupas, me incomoda até os ossos. Mas tem alguém no quarto e pela voz esse é meu sequestrador...
__Vou buscar algo para você comer, não se preocupe. Eu já volto.
Mal entendo-o e ouço a som de passos rápidos se afastarem. Resmungo e tento tirar a blusa mas meus braços doem. Que agonia.
Decido não me mexer mais e tento dormir, o que faço meio segundo após esse pensamento.
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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)
RomanceEla só queria chegar em seu bloquinho de alvenaria do outro lado da cidade e descansar ouvindo um bom jazz, e teria feito se não fosse presenciar a morte de três pessoas no ponto de ônibus que ela senta toda semana para poder ir pra casa... se torna...