4 de julho de 2017
3:21hrs
Dante_Não consigo.
Me levanto da poltrona num salto e corro o mais silenciosamente que consigo até parar na porta de seu quarto. Penso em entrar mais não quero estragar tudo. Suspiro e cerro as mãos em punho lutando contra a vontade de abrir essa porta.
_Só um pouquinho...
Ponho a mão na maçaneta que parece implorar para ser girada em sentido anti horário.
_Argh!
Desisto e encosto a testa na porta. Ela tem lábios tão macios...um corpo tão bom de tocar e apertar...cheira tão bem. E os olhos. Parecem ver o invisível. Toco a porta como se, de alguma forma, Daisy pudesse sentir o quanto isso é torturante.
_Mesmo que sua resposta seja...Pro inferno! Não vou nem pensar nisso. Ela já é minha, sei disso...
Assinto e me afasto. Por que tem que ser assim? Eu sempre quis alguém para viver comigo pela eternidade mas achei que era impossível achar tal mulher. E ai está ela, nua debaixo das cobertas, dormindo um sono inocente, fazendo o mundo ficar mais quente só com um sorriso.
_Adoro o sorriso, esse sem dúvida é lindo. Como pode ter as estrelas todas nos dentes? Essa ordinária...
Sorrio apenas ao pensar no sorriso dela. É sempre tão enigmático e belo. E somando o sorriso ao olhar inquisitivo tudo vira um bomba. Que gosto de ver explodir pra mim. Só pra mim.
_Só para mim, hein baby? Não pode sorrir assim para mais ninguém. Nunca.
Abro os olhos e vejo a folha que imprimir com suas regras. Bobogem. Ela não segue regras, não é boa com regras. Quer quebrá-las sempre.
_Teimosa.
Arranco a folha branca e amasso pondo no bolso da calça de moletom. Faço um esforço para ir andando sem olhar para trás. O corredor está escuro e bem gelado. Tudo aqui é gelado, menos um corpo pequeno que descansa no último quarto e que está me enlouquecendo.
_Não estou ansioso.
Falo pra ver se consigo acalmar minhas mãos. Não sou ansioso. Vou pra cozinha. Não estou ansioso. Olho em volta para ver se há algo fora do lugar. Não sou ansioso. Alinho os copos no armário. É, não estou ansioso. Passo na fruteira e arrumo as maçãs. Não sou ansioso. Ajeito a toalha da mesa na sala de jantar. Não. Estou. Ansioso.
_Mas que inferno!
Soco a parede. Que patético. Não consigo dormir. Não consigo me sentar. Não consigo parar quieto. Já vaguei pela casa toda e nada parece ser o suficiente para me livrar dessa maldita ansiedade.
_Talvez eu esteja um pouco ansioso. Só um pouco.
Rio de mim mesmo. Me sinto idiota e muito puto. Isso é culpa dela. Tudo culpa dela. Me sento no chão. Encosto a cabeça na parede e olho pro teto barroco da minha sala.
_Ela ao menos liga? Está como eu? Ou isso é insignificante?
_Não é.
Me assusto ao ouvir sua voz tranquila e baixa. Estou alucinando? Olho ao redor e não a vejo. Estou louco.
_Bryan?
Arregalo os olhos ao vê-la em cima da mesa. Levanto. Daisy está de roupão em cima da minha mesa de jantar, deitada de bruços e que visão...
_Daisy?
_Sou eu.--Queria não parecer um idiota. Sua voz baixa e sua expressão neutra só me fazem sintir vontade de comer o que está na mesa de jantar. Ela.
_O...o que está fa-fazendo ai?--percorro seu corpo com o olhar. Minhas mãos coçam de vontade e o ar aqui cheira a Daisy. Isso parece um dos meus sonhos sórdidos, onde a protagonista é sempre ela. O membro endurece.
_Não consegui dormir. Ouvi barulhos vindos daqui e vim ver o que era. Então vi você sentado ai, parecia que não estava na terra já que nem me viu chegar.--Ela senta com as pernas cruzadas e sorri. Ah, o meu sorriso...--Decidi não atrapalhá-lo e sentei aqui em cima. Essa mesa é tão confortável. Nem parece ser de vidro.--As pontas de seus dedos passam delicadamente pela toalha. Cerro o maxilar me controlando pra não subir na mesa e comer o banquete que está ali me olhando.
_Você combina com a mesa...Por que não conseguiu dormir?--mudo de assunto passando as mãos na cabeça. Ela me olha sarcasticamente erguendo a sobrancelha. Estreito os olhos.
_Nosso conversa de ontem me deu muito no que pensar. Cheguei a uma conclu...
_Qual?--a interrompo já nervoso.
_Ah, eu tenho umas condições que espero não ser um empecilho no nosso futuro relac...
_Aceita então?
_Sim?--Não me contenho e subo na mesa com ela. A faço deitar e fico por cima.
_Quer ser minha mulher?--Pergunto extasiado e imensamente feliz. Foi apenas uma palavra com três letras, Dante! Controle-se! Minha baby me olha séria mas vejo seus olhos cor de jujuba brilharem.
_Sim, mas ouça minhas condições primeiro, senhor.--Condições...o que são condições comparadas com isso? Bem, não são nada. Beijo a ponta de seu nariz.
_Faço o que quiser se for preciso, só fique comigo.--Sinto suas mãos acariciando minha nuca e a sensação é gostosa. Dízimo a distância entre nossos lábios.
_Já estou com você. Mas me ouça.--Cheiro seu pescoço morno, beijo sua garganta. Por que ela mexe tanto comigo? Por que não consigo ficar longe?--B-bryan...Por favor, va-vamos conversar...
_Hum...certo. Vem. Assim não tem como pensar em outra coisa se não jantar.--Me ergue relutantemente e a trago comigo. Ela franze o delicado cenho sem entender.
_Está com fome?--Sou um riso bem enigmático.
_Você não faz a menor ideia...Não mesmo. Vem.--A ponho no chão para que venha comigo até a sala. Seguro sua mão, parece-me impossível parar de tocá-la.
_Posso fazer algo pra comer, se você esperar um pouquinho eu...
_Não precisa, baby. Senta.--A puxo para meu colo. Como é quente. Vejo seu rosto corar e seu corpo arrepiar. Sorrio com o espetáculo particular. Minha.--Então, me diga suas condições.
_Ah, sim...eu gosto de você, muito mesmo. Eu não devia mas gosto. Estou gostando muito de você, muito mesmo.--Ela sussurra como se fosse um segredo. Tão inocente e linda.-- Eu pensei bastante e decidi viver isso com você. Mas preciso te conhecer melhor, saber mais sobre você. Então, minha primeira condição é quer que me conte seu passado.
Merda.
Engulo em seco. E estou preso num vórtice louco de imagens da minha infância infeliz e da minha adolescência sanguinolenta.++++++++++++++++++++++++++++
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Bjjsss e continua...
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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)
RomanceEla só queria chegar em seu bloquinho de alvenaria do outro lado da cidade e descansar ouvindo um bom jazz, e teria feito se não fosse presenciar a morte de três pessoas no ponto de ônibus que ela senta toda semana para poder ir pra casa... se torna...