Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)

Desolado

31 de agosto de 2017
5:07hrs

Dante

_Como ela simplesmente sumiu senhor? Estamos a horas procurando e nada. Ela fugiu...

_Não! Cala a sua maldita boca.

Não quero crer que ela fez isso comigo. Continuo dirigindo pelas ruas na esperança de encontrá-la. Virei o dia andando por ai atrás dela mas não tive nem uma pista de onde ela possa estar.

_Provavelmente ela deve estar longe agora, a menina é muito esperta com certeza sabia que o senhor a estaria procurando...vamos voltar pra casa e procurar pistas de onde ela possa ter ido e por quê.

Shem diz racionalmente. Ah Deus, estou a ponto de enlouquecer. Soco a volante inúmera vezes e oprimo a vontade estúpida de chorar. Porra! Porra! Porra!

Ofego tentando restabelecer meu controle emocional completamente destruído. Dirijo de volta pra casa me sinto um perfeito idiota. Entro quebrando tudo que vejo em minha frente. Grito de ódio. Onde ela está? Eu sabia que ela estava agindo muito estranho desde que eu tinha chegado de viagem. Mas me fiz ignorar isso. Soco a parede até sentir que não consigo mais. Vejo Shem e os outros seguranças me olharem assustados. Que se foda!

_Vão para o inferno e me deixem sozinho!

Respiro pela boca e me determino a encontrará-la. Vou para meu escritório e o vejo perfeitamente limpo e cheiroso. Antes que eu destrua tudo por aqui também uma coisa em minha mesa chama minha atenção. Jujubas formam meu nome em cima de um papel. Fungo chegando mais perto. Pego e vejo que é uma carta escrita com a letra dela, itálica e bonita. Começo a ler desesperado.

"Oi, Dante. Eu posso apostar que agora você está possesso de raiva depois de ter me procurado e não achado. Devo dizer que você não vai me encontrar...eu fugi. Eu precisei ir embora. Por nós dois. Eu sei o que você fez, sei que me enganou, me fez acreditar que aqueles papéis eram termos de confidencialidade e responsabilidade mas na verdade eram um contrato de casamento. Como eu sei? Vou te contar. Estava limpando sua sala quando ouvi um som de email chegando, e não, minha "incansável curiosidade", como você diz, não me levou a abrir embora eu quisesse muito. Continuei limpando, só que mais e mais emails chegaram depois desse e fui ver o que era. Eu não precisei abrir pra entender. Ah, Dante...meu amor...o que você fez? Hum? Você mentiu pra mim e não foi uma mentira boba foi UM CASAMENTO! Me senti tão traída, enganada e iludida. Chorei, ainda estou chorando como pode ver nas gotas que mancham o papel. Eu confiei em você, te dei minha vida, meu corpo e meu amor e ainda sim você mentiu pra mim. Te odiei por alguns minutos, tive vontade de descer a mão na sua cara por me fazer sentir um burra idiota passional. De verdade. Eu pretendia me vingar, juro que nunca me senti tão maligna quanto quando descobrir sua farsa. Por um minuto eu queria que você sofresse o que estava sofrendo. Eu queria que você sentisse a dor que eu estava sentindo...mas logo depois me arrependi de ter pensado uma crueldade dessas. Me acalmei, refleti e avaliei o que seria melhor para mim e para você. Decidi partir. Não faz ideia do quanto me odiei por não conseguir te odiar. Porque se eu te odiasse te deixar não seria tão doloroso como está sendo. Sinto como se tivesse arrancando meu próprio coração. Mas eu sei que é a escolha certa, nosso relacionamento, embora tenha sido extremamente lindo como um sonho, é destrutivo. Iria consumir à nós dois, meu bem. Você não controla essa sua obsessão por me manter presa a você e eu não consigo viver sendo sempre manipulada, enganada e usada. Não posso nem vou ceder o controle da minha vida a você, minha liberdade, por mais que eu te ame com todas as minhas forças de forma incondicional. E eu amo. Você sabe que eu o amo. Eu também acredito no seu amor por mim, sim acredito. Mas Dante, você é louco e por consequência seu amor também é. Eu o recebi de braços abertos desde que o confiou a mim, porque era a primeira vez que alguém sentira isso por mim. Não me arrependo de nada.  Sabe que sempre fui muito solitária e me agarrei a você como minha fonte no deserto... Então, como últimos pedidos, eu peço que não me procure. Que não se afunde na tristeza e nem deixe de viver, desejo toda a felicidade do mundo pra você. Eu quero seu bem e a única forma disso ser possível é me retirando da sua vida pra sempre. E eu, com tudo que tenho e tudo que sou, manterei minha promessa. Você sempre será meu primeiro e único. Eu juro. Jamais irei te esquecer enquanto eu viver, te amo.

Com amor e carinho, sempre sua
Daisy Fer Farx.

Ps: Assinei como sua esposa que descobri ser. Adeus, meu Dante."

_Não. Não. Não...ah, não.

Caio no chão de joelhos com o rosto molhado de lágrimas. Abraço-me a carta como se pudesse sentir Daisy através dela. Não, meu amor...

Arrependimento, raiva, saudade, dor e sofrimento me invadem. Me permito chorar ainda mais. De olhos fechados peço pra Deus que quando voltar a abri-los tudo isso não passe de um maldito pesadelo. Ela me deixou. Foi embora e não pude impedir...

Fico ali sentindo todo meu mundo ruir diante dos meus olhos. Minha vida se foi...Não me restou nada, apenas lembranças que vem a minha a todo instante. E em todas elas Daisy está presente. Preenchendo todo o espaço dentro de mim até não sobrar nada.

Sinto a dor da perda em cada fibra do meu ser, dilacerando, corroendo, queimando-me de dentro pra fora. Libero um rugido feroz de agonia. O que eu vou fazer? Como vou viver? Como ela espera que eu fique bem se levou embora consigo toda felicidade e esperança? Como?

Me ergo e puxo o porta retrato com a foto dela. Tão linda...
Passo muito tempo deitado do chão agarrado à carta e a fotografia. Tudo que me restou dela. Tudo que me restou do amor. Dor, Arrependimento e Lembranças.

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