22 de outubro de 2017
23:04hrsDante
Espero que ela me responda, mas isso não acontece. Na verdade não sei por que perguntei se já descobri o motivo. Antes de irmos até a maldita praça subi com o pretexto de buscar minhas coisas, eu realmente precisava pegar mas também tinha que investigar.
Vi que seu celular estava em cima da pia do banheiro. Não resisti e revirei mensagens e chamadas até que vi a ligação de um número desconhecido no histórico. Disquei-o em meu próprio celular e liguei. Me arrependi assim a que ouvi a voz masculina dizendo despreocupado:
"Oi, aqui é Jonas."
Desliguei antes que meu instinto o mandasse se foder. Reprimi a raiva, a fúria e o ciúmes que ameaçaram quebrar tudo pela frente. Mas antes acabei jogando meu celular contra a parede, não quebrou totalmente mas se partiu em uns dois pedaços.
Tentei me recompor e recobrar meu autocontrole juntando as peças as jogando no lixo. Deixei o dela exatamente como o encontrei e decidi descer, não antes de pegar um casaco para Daisy pôr sobre aquele vestidinho minúsculo.
Dizer que não tive vontade de matar aqueles dois moleques na praça é uma grande mentira, pois eu imaginei a morte deles em menos de 30 segundos.
Seria bem violento... e impiedoso.
Mas minha baby soube me desconcentrar do cenário. Aquela feiticeira. Minha feiticeira. Somente minha._Daisy? Por que mentir se poderia me contar a verdade? Teve medo?
Cheiro seus cabelos macios e sedosos. Minha mão faz pequenos círculos em sua barriga ainda em fase de crescimento. Nosso bebê. Drew. Sinto que está nervosa e envergonhada. Não a culpo.
_Tive um pouquinho de medo da sua reação... eu recebi uma ligação... de um conhecido.
Diz hesitante, a voz baixa e lenta. Beijo o topo de sua cabeça. O quarto está escuro, apenas a luz da lua que atravessa as portas de vidro da varanda iluminam minimamente o ambiente.
_Hum... continue.
Ela se mexe um pouco tentando relaxar seu corpo duro pela tensão. Estou curioso pra saber o conteúdo da conversa, curioso e ansioso, mas não quero que ela se sinta tão tensa. Estamos apenas conversando, tento fazê-la perceber que não me importo muito com tudo.
_Ele queria muito saber como eu estava que pediu meu número com Medy, a Medeleny sabe?
_Sim.--Minha baby tentando minimizar tudo... Como se não fosse nada demais. Certo, dois podem jogar este jogo. Passo minha perna entre as suas. São tão quentes e macias... que tentação.
Só mais sete dias Dante... só mais sete.
_Então, ela passou pra ele. E Jonas me ligou. Só isso.--Sinto vontade de rir. Só isso, né? A solto para acender o abajur.--Dante? Está zangado?--Ligo e volto a me deitar escondendo um sorriso. Observo seu semblante culpado. Os olhos piscando em ritmo frenético por alguns segundos.
_Jonas... esse não é aquele cara que gostava de você? O dos salgados?
Finjir demência é o melhor a fazer agora. Me apoio em um cotovelo enquanto a encaro. Nervosismo define minha mulher agora. Minha jovem esposa-noiva. A observo detalhadamente. É, Daisy parece ser bem nova, não aparenta ter vinte e três anos.
_Sim... esse Jonas.
_Por que disse "esse Jonas"? Por acaso você conhece outro e não me disse, querida?--Decido judiar um pouquinho mais da sua inocência. Seus olhos verdes se abrem assustados.
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Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)
RomanceEla só queria chegar em seu bloquinho de alvenaria do outro lado da cidade e descansar ouvindo um bom jazz, e teria feito se não fosse presenciar a morte de três pessoas no ponto de ônibus que ela senta toda semana para poder ir pra casa... se torna...