Susto e Surpresa

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17 de outubro de 2017
18:34hrs

Daisy

Caminho lentamente pelas ruas calmas da cidade que me acolheu quando precisei de um lugar para ficar. Suspiro pondo a mão sobre a barriga afim de sentir meu bebê.

_Está quentinho ai dentro, nenem?

Falo com ele como venho fazendo desde que o descobrir. Aqui, apesar do clima ser menos frio do que onde morava antes, as temperaturas são baixas também. Aperto mais o casaquinho de tecido fino que escolhi pra usar e me arrependi, ele não nos protege totalmente do frio.

Minha barriga já aparece um pouco, afinal estou de 18 semanas. Vou ao médico regularmente para saber como o bebê está e na próxima semana, se o nenem deixar, vou poder descobrir o sexo. Sinto um arrepio forte perpassar pelo meu corpo. Paro de andar instantaneamente olhando para os lados.

O que é isso? Que estranho. As pessoas passam por mim absortas em seus próprios interesses, os carros seguem na avenida sem trânsito, mas me sinto ser observada. Passo meus olhos pelo lugar atentamente mas não vejo nada incomum.

_Devo estar louca...por um momento pensei ter sentido o olhar do seu pai sobre mim...Acho que a saudade ainda está bagunçando minha mente.

Falo para o bebê e sigo até o apartamento. Chego me sentando no sofá, tiro as sapatilhas sentindo um pouco de falta de ar por ter subido dois lances de escadas.

_Ai...mamãe está cansada.

Falo ligando a televisão. Hum...está passando o noticiário. Hil vai trabalhar até mais tarde hoje, então seremos só o bebê e eu. Vejo as novidades mas o apresentador começa a falar de um incêndio na casa de um magnata famoso no mundo do FI. Meu coração para quando as imagens, gravadas de um helicóptero, da casa enchem a tela.

_Ah meu Deus! Não...

Uma enorme casa branca banhada em fogo e fumaça negra, o jardim todo flamejante...Deus.

_Não...não...não por favor.

Choro desesperada e mal escuto o que o repórter diz. Captei apenas: incêndio misterioso, haviam cinco pessoas na casa incluse o dono, bombeiros tentando conter as chamas...O ar me falta, sinto uma pontada no ventre e minha vista escurece.

_Dadinha...cheguei. Daisy? Ah, meu Deus!

Vejo o vulto de Hil em minha frente balbuciando coisas em ritmo frenético. Ele...ele mo...Não! Sinto outra ponta. Gemo de dor. Choro.

_ Vem. Rápido, o táxi está esperando. Vou te levar para o hospital.

Mal entendo. Só consigo pensar que o amor da minha vida pode estar sendo carbonizado agora e eu não estou lá pra sofrer com ele. Como fui egoísta, passional e imatura.

Quando dou por mim estou deitada com luzes fortes passando acima da minha cabeça. Pessoas falam alteradas.
Fecho os olhos.

*  *  *

_Dadinha? Aqui.

Abro os olhos e Hil está ao meu lado. Estou confusa...

_Calma. Você quase teve um...aborto.

Relembro os acontecimentos e começo a chorar. Um bip começa soar repetidamente. Dante...

_Calma. Calma. Por favor. Não se altera. Por favor. Pense no bebê. Por favor.

_E-e-ele...ele...ah, Hil....Co-co eu...eu v-v-ou...e-ele....

Choro com a dor da culpa, da perda, do amor. Ah, Dante...
Penso no nosso bebê. Ele nunca vai poder ver o pai por minha culpa. Deus, me arrependo tanto de tê-lo abandonado...sinto meu coração se rasgando e uma picada no braço. Relaxo involuntariamente. Mas ainda consigo ver o rosto dele em minha mente. Me perdoa, meu amor...

Dante : A história de um assassino (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora