Capitulo 10

1.9K 126 15
                                    

Sonho

- Não. Por favor não faça isso comigo. Eu gosto de você, eu quero enfrentar tudo por favor. To nem aí para o que vão dizer. Só acredita em mim!!!

- Lucas você tem certeza de tudo isso? Quer enfrentar tudo e todos por nós dois? - pergunto.

- Murilo eu te amo! E faço de tudo para que nós dois sejamos infinito. - gritou.

Acordei em um susto e ao olhar no relógio, ainda não passava das 03:20 da madrugada. Deitei minha cabeça novamente no travesseiro e rir com aquele sonho. Por que diacho estávamos conversando em pé em cima da moto? Que sonho louco hahaha. Então consegui voltar a dormir.

8h da manhã o despertador me acorda e me da uma preguiça do cão. Ao me levantar percebo que já estava sozinho em casa, pois as meninas já deviam ter ido à faculdade. Tomei um banho para acordar melhor, tomei meu café da manhã e já era por volta de 8:40 quando Lucas me chamou no portão.

- Já vai! - dou grito.

Pego minha garrafa de água, meu fone e saio de casa trancando a porta e deixando a chave ao lado de um pequeno vazo que havia na janela.

- vamos? - pergunto dando um sorriso a Lucas.

- Agora! - Retribui o sorriso.

Nós dois estávamos com o fone de ouvido e enquanto Lucas corria na minha frente fiquei pensando "o que será que ele ouvia?" "Quais são seus gostos musicais" e etc. mas também reparei em sua perna definida e uma coxa marcada pelo seus músculos. Até que Lucas para e pergunta:
- Vamos apostar corrida até aquele bebedouro?

- Vamos! - gritei já correndo.

- Isso é trairagem!!! - Gritou.

Lucas ainda chegou primeiro que eu e eu fiquei indignado com aquilo.

- Como isso? É flash agora fio? - perguntei recuperando fôlego.

- Sou treinado pra isso filhote. Haha - Respondeu tomando água.

Enquanto colocava água dentro da minha garrafinha, Lucas me falava que jogava futebol em um clube que estudava e me convidou a ir em uns dos seus jogos, e eu, claro aceitei.

Então desistimos daquela corrida, e passamos a caminhar. Logo vimos dois balanços na parte de brinquedos, notamos que não havia nenhuma criança nelas.

- Vamos nos sentar naqueles balanços? - pergunta Lucas.

- Vamos. - Respondi.

Brincamos de um balançar o outro em altas risadas, meus gritos pedindo para que ele parasse, pois estava me balançando tão forte que parecia girar aquele balanço. 

Lucas senta no balanço ao lado dizendo que eu era muito escandaloso.

- De família - Respondo em risos.

- Aliás. Me fala um pouco sobre você, família e etc.

- Bom. Eu sou assim... tímido, escandaloso (Lucas riu e afirmou com a cabeça) Sou de São Paulo, tenho 18 anos e sou dependente de mim mesmo. Mas minha vida em São Paulo já estava meio que destruída. - paro de falar e pego uma vareta que está encostado no ferro do balanço e começo a riscar o chão.

- E por que destruída? - Lucas pergunta dando ênfase em continuar.

- Desde que perdi meus pais aos meus 16 anos minha vida ficou sem graça. Terminei os estudos e não tinha nada planejado para próximas fases. Trabalho? Difícil de se encontrar. Então me encontro em depressão naquela casa sozinho, somente com as lembranças deles dois. - Respondi deixando uma lágrima cair e ao perceber que Lucas me olhava atenciosamente, limpei rápido.

- Poxa! Sinto muito pelos seus pais.- Lucas levanta do balanço e me puxa para um abraço.

Que abraço gostoso, verdadeiro! Não queria que aquilo acabasse, era uma paz em todo o meu interior.

Sentados novamente nos balanço Lucas continua:
- E aí, o que te fez vir parar neste lugar tão friento?

- Fernanda me fez uma proposta de começar uma vida nova aqui. Óbvio que fiquei com um pé atrás, mas pensei e me permiti tentar e cá estou eu. - Respondo com sorriso no rosto.

- Te conheço pouco e já admiro essa sua força. - Lucas diz colocando sua mão sobre minha coxa. Aquilo me fez sentir um arrepio muito forte, uma sensação de que eu estava realmente apaixonado nele.

- E aí, tem planos aqui no Rio Grande Do Sul? - continua Lucas.

- Algumas coisas sim. Preciso arrumar um emprego, mesmo Fernanda e Flávia dizendo que não é necessário. Além de ajudar nas coisas de casa, penso em escrever um livro e lançá-lo. - Respondo.

- Que legal! Faça isso, vá em frente. Eu estou aqui se precisar de qualquer coisa mesmo. Pode contar comigo na realização destes sonhos. - Lucas agora pega em minha mão e diz olhando diretamente em meus olhos.

Que vontade me deu de beijar aquela boca avermelhada por conta do frio. Mas não tomei nenhuma atitude, pois não saberia qual seria sua reação e eu não queria perdê-lo. Simplesmente apertei sua mão e o agradeci por aquilo. 

- Bom, agora me fala um pouco de você agora... - Continuei

Lucas me contou que ainda morava com sua mãe e seu pai e que eles eram extremamente religiosos. Ele ainda não estava fazendo faculdade (por escolha própria) mas disse que talvez no próximo ano faria educação física. Me falou que também era filho único e jogava futebol no time da escola que estudava (o que já havia dito horas atrás). A pizzaria que trabalha é a do seu tio e que só aceitou a trabalhar lá por falta do que fazer.

Ficamos aquela tarde conversando sobre muitas coisas, podemos conhecer o gosto um do outro, desde musical até os hobbies.

O tempo passou tão rápido que só notamos quando o celular de Lucas despertou as 18h para ele tomar banho e ir trabalhar. Ri com aquilo

- Você coloca despertador para ir tomar banho? - pergunto rindo.

- Eu sou muito estabanado, se eu não coloco eu durmo até acaba o sono. Quando não tem absolutamente nada pra fazer durmo a tarde inteira - responde parando o despertador.

- Bom, acho melhor irmos. Você precisa tomar banho e eu da sinal de vida as meninas que devem estar preocupadas. -  Respondi.

- Bom, eu moro aqui do lado, espera aqui no portão do parque só dois minutos. - Pediu Lucas.

- Tudo bem. - Respondo sem entender.

Lucas chegou com sua moto me entregando um capacete.

- Não acredito que foi buscar sua moto pra me levar em casa. - Digo indignado.

- Não vou deixar um príncipe ir sozinho. Te busquei e agora te levo. - Disse-me sorrindo.

- Tá certinho. - brinco com ele e subo na moto.

Chegando em casa notamos uma viatura da polícia em frente a casa com as meninas.

Encontrei a paz (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora