20. Espontaneidade

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Olá! Como vão?

Vamos continuar o almoço na casa de Nathaniel.

Uma certa pessoa vai confirmar suas suspeitas de que a Lolo é louca.

Boa leitura!

~~~

Nathaniel pegou um caderno, alguns lápis pretos e os deixou na mesinha. Se posicionou na poltrona e abriu o caderno em uma folha em branco. Segurou o lápis e me olhou.

— Eu fico de frente, de costas...? — Quis saber.

Ele parou para pensar, olhou para o papel e para mim algumas vezes. — Assim mesmo.

Me ajeitei no banco, ficando quase de frente para ele. Tirei os sapatos, dobrei a perna esquerda e deixei a outra reta, com o pé encostado no chão. Deixei as mãos no colo e o olhei. — Assim está bom?

— Está sim. — Começou a rabiscar.

Me lembrei do filme do Titanic, quando Jack desenhou Rose. Os olhares que Nathaniel fazia eram parecidos com os que Jack tinha. Um olhar de quem sabia o que estava fazendo. Ele estava concentrado, da mesma forma que ficava em seu consultório quando anotava as coisas em seu caderno.

Eu precisava admitir, ele ficava mais bonito quando ficava sério. Não que ficasse feio quando não estava, mas... Ah, deu para entender.

Engraçado como eu não me sentia envergonhada com ele me olhando daquela forma. Talvez seu olhar mudasse quando ele estava sendo psicólogo e artista. Talvez ele visse lados diferentes...

— O que está pensando? — Nathaniel questionou, ainda trabalhando.

— Estou... pensando que você fica concentrado igual quando está no consultório.

— Hm... E isso é ruim?

— Não, eu acho. Quer dizer, por que seria? — acrescentei rápido. — Só estava pensando isso e em como você fica bonito quando está sério.

Nathaniel parou na hora para me olhar, ficando corado. Então, encarou o papel como se fosse sua salvação.

— Ah... obrigado, então.

Acho que fui muito repentina... como sempre. Mas bom... é a verdade.

Demorou um pouco, mas ele voltou a me olhar enquanto desenhava.

Como a janela estava aberta, entrava uma brisa que fazia meus cabelos soltos se mexerem, e, de repente, um vento mais intenso bagunçou tudo, ao mesmo tempo que fez a tampa do teclado do piano fechar com um estrondo.

Pulei de susto e olhei para trás. — Não pode se mexer. — Levantei de volta.

— Melhor fechar essa janela. — Nathaniel deixou suas coisas na mesa e foi fechá-la. Antes que voltasse para o lugar, se aproximou, me observando. — Seu cabelo...

Tentei arrumar do jeito que estava, porém, pela cara do artista não consegui. Ele se agachou, ficando no mesmo nível que estava quando estava sentado e começou a puxar os fios de volta para seus devidos lugares.

Mesmo que não estivesse muito perto, consegui sentir seu perfume, levemente amadeirado. Seu olhar continuava sendo de um artista, vendo cada mero detalhe que devia ficar do mesmo jeito de antes. Seus olhos quase dourados se mexiam em várias direções, talvez aproveitando a proximidade para ver detalhes que não conseguia ver de longe.

— Como sempre... você é espontânea. — Deu um pequeno sorriso de lado e abaixou os braços. — Eu... acho isso adorável. — E levantou, voltando ao seu lugar.

À Procura de Adeline LegrandOnde histórias criam vida. Descubra agora