56. Dúvidas

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Olá, pessoas!

Vamos ver o resto da conversa de Heloise e Alexander!

Boa leitura!

~~~

— Como assim? — indaguei, inocentemente.

Alexander deixou seu caderno entre nós, no banco. — Ele... sempre frequenta o mesmo pub porque diz que gosta de jogar lá. Que os jogadores são bons e engraçados... Mas eu sei que não é só por isso.

Permaneci em silêncio, apenas o olhando. Não queria parecer intrometida, mesmo que estivesse muito interessada no assunto.

— Armin... desde que foi até lá a primeira vez não parou de falar sobre uma das filhas de um dos donos do pub. Começou a ir naquele lugar quase sempre, para jogar e para admirar a tal moça. Apenas meses depois tomou coragem de falar com ela, só que... Ela deixou claro sua... situação delicada.

Que não poderia se envolver com ninguém...

— Ela e suas irmãs são obrigadas a... vender o corpo para os clientes que quiserem... Só que por ela ser a mais nova, foi proibida de se envolver com qualquer homem, a menos que esse pagasse uma grande quantia. Não quero entrar em detalhes, é muito pessoal dela... Mas, enfim, Armin soube e mesmo assim quis insistir em pelo menos ter uma amizade com ela... O que não deu em coisa boa.

— Por quê? O que aconteceu?

— O senhor Barbier viu como Armin falava com Melody e não gostou nada... Como estava um pouco bêbado, agarrou Armin pelo colarinho e começou a socá-lo, gritando para ficar longe de sua filha... Como se estivesse a defendendo — acrescentou com um tom pesado na voz. — Os homens que estavam ali o tiraram de cima de meu irmão, que rapidamente saiu de lá... Ele chegou em casa com o rosto todo machucado e sangrando... Nossa mãe ficou arrasada...

Eu ouvia a história com a boca levemente aberta, incrédula.

— Depois desse ocorrido, Armin recebeu a oportunidade de ir para a América e foi, apesar de precisar deixar Melody para trás... Felizmente o senhor Barbier não lembra de seu rosto, então não o reconheceu quando Armin voltou. Desde então, mantém uma boa distância de Melody, e só conversam brevemente quando ela está trabalhando de garçonete... Mas ele continua indo lá especialmente para conseguir vê-la...

Alexander parecia triste contando aquela história, como se sentisse o pesar de seu irmão, o que realmente devia sentir.

Encarei o chão, sem saber o que dizer. Parecia que as coisas ruins dessa época estavam começando a vir à tona. E, por um momento, senti um pouco de pena de Armin. Era difícil acreditar que ele era a mesma pessoa que trairia Adeline e sua família...

— Eu... achei que as coisas melhorariam, já que ele se interessou por uma boa moça e até saiu uma vez com ela... mas ele continua indo até o pub.

Adeline... Será que eu digo que a conheço? Ou isso poderia estragar os planos...?

— Qual o nome dessa moça?

— Adeline Legrand... Ela trabalha na loja Legrand, dos pais.

— Adeline...? É minha colega de trabalho. — Fingi surpresa.

— É mesmo? — Me olhou, curioso. — Ela chegou a comentar sobre meu irmão?

— Apenas chegou a dizer que estava recebendo cartas de um admirador secreto... Poemas, para ser mais exata.

— Poemas? — perguntou, hesitante.

— Sim... Por que o espanto? Acha que ele...

— Ele mexeu nas minhas coisas... — pensou em voz alta, incrédulo, desviando o olhar. — Eu não acredito que ele roubou meus poemas...

À Procura de Adeline LegrandOnde histórias criam vida. Descubra agora