CAPÍTULO: 23

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CAPÍTULO: 23
 

Helen levantou-se  e avançou com Normani para a outra porta. Abriu-a e percorreram o corredor até a sala. Helen olhou para Normani curiosa. Ela parecia aborrecida. Seu olhar estava frio e sombrio.

Na sala, Normani olhou em volta, girando nos calcanhares. Olhou para a mesa que ficara e em seguida, para Helen.

-- Uma mesa e uma cadeira...  é tudo o que tem para essa sala?

-- Posso pedir móveis ao almoxarifado, senhorita. Mas preciso que me dê uma autorização para isso. E não seria melhor a senhorita ver o catálogo de móveis, para escolhê-los?

Normani respirou fundo, impaciente.

-- Senhorita, não tenho tempo para esses detalhes. Tomei posse hoje, e tenho coisas importantíssimas a fazer. Escolha os móveis, creio que tem noção do que vou precisar e bom gosto suficiente para a decoração.

-- Tudo bem, senhorita.

-- Aqui há comunicação com a sala de Dinah jene?

-- Não. Mike dispensava isso.

-- Quem era a secretária dele?

-- Mike não tinha secretária. Também, para quê?

Normani franziu o cenho, irritada.

-Que sujeitinho! E para que servem aqueles telefones?

-- São duas linhas diretas para fora da empresa.

-- Diabos! Não posso ficar aqui e você há quase cem metros de distância, sem comunicação com a presidência e sem móveis. Teremos que providenciar várias coisas, até eu poder ficar aqui.

Pela porta aberta, ouviram passos precipitados. Helen e Normani olharam para a porta. Dinah entrou intempestivamente, com uma expressão desesperada. Olhou para Normani com um olhar suplicante, mas conteve-se quando viu que Helen a observava.

Helen olhou para Normani. Ela olhava para Dinah com um olhar frio, muito séria.

-- Deixe-nos a sós, Helen – Disse, com voz contida.

-- Com licença – Disse Helen, saindo e fechando a porta.

Dinah correu para Normani e a rodeou pelo pescoço com os braços, fitando-a arrependida.

-- Perdoe-me, amor... fui tão idiota, tão fria... Não fique com raiva de mim, por favor... é que fiquei com ciúmes.

Normani desvencilhou-se, fitando-a com frieza.

-- Assim não poderei trabalhar aqui. Você é tão infantil, tão insegura, dinah... ficou com ciúmes de quê ?

-- Precisava sorrir para ela, gracejar e agradecer fitando-a nos olhos?

-- Eu , gracejei com Helen?! Está sonhando! E como quer que eu a trate? Como se ela fosse uma criadinha, com ignorância? Só porque você fica com ciúmes de um simples sorriso de agradecimento?

-- Não é somente por isso! Por que a escolheu para sua secretária? June é muito mais competente, nota-se logo!

-- Juntamente por isso. Quis que a melhor ficasse com você,  pois a presidente tem que ter a melhor ! Não sabia que com isso você iria ficar com bobagens na cabeça!

Dinah tornou a abraçá-la, olhando-a suplicante.

-- Perdão, amor. Tem razão. Sou mesmo uma idiota. Não vou mais fazer isso. Pode olhar, sorrir para Helen ou June, que não vou ligar.

-- Já prometeu antes que não ia ter essas atitudes, e em pouco tempo fez a mesma coisa !

-- Não vou duvidar mais de você. Por favor, Normani, acredite em mim!

-- Mesmo? – Disse, fitando-a nos olhos – Da próxima vez, vou embora! Isso é irritante, você ter essas dúvidas bobas de mim.

-- Não terei mais ! Oh, Normani! É que eu a amo tanto, que tenho ciúmes de tudo! Mas vou controlar isso, prometo!

Normani a abraçou. Beijou a boca que se oferecia. Dinah jene correspondeu com ardor, alisando seu rosto, apertando-se contra seu corpo. Normani afastou-a. O calor voltou aos seus olhos.

-- Vamos trabalhar. Chega de romance no trabalho.

Dinah sorriu docemente, acariciando seu rosto.

-- Está bem, amor. E a sala? O que vai precisar?

-- Está faltando móveis, comunicação com seu gabinete e com as secretárias, um computador.... e a minha secretária não pode ficar naquela sala, é muito distante. Teremos que mandar fazer uma divisão nessa sala para ela ficar.

Dinah não discordou. Sorriu-lhe.

-- Então, não vai poder ocupá-la tão cedo. Vamos para a minha sala.

Normani seguiu-a. Passaram pelas secretárias e Anahi deu instruções à June para providenciar tudo que Normani precisasse para ter uma sala confortável e funcional. Normani aparteou, explicando que já dera essa incumbência à Helen. Dinah a ouviu atenta e assentiu, voltando-se para Helen, dizendo:

-- Muito bem, tem uma tarefa de sua chefe. Cumpra-a com muito zelo e presteza, que Normani é muito exigente, ok?

Normani riu, olhando para Dinah com bom humor.

-- Não assuste minha secretária, Dinah. . . a garota vai ficar nervosa.

Dinah sorriu e a puxou pela mão.

-- Venha. Ao trabalho!

Elas entraram no gabinete e fecharam a porta.

Helen ficou olhando  para a porta, pensativa. As coisas se ajustavam em sua cabeça. Normani saíra do gabinete furiosa, com um mau humor visível. Dinah viera atrás dela, com um olhar desesperado. Normani a recebera friamente . Ficara com ela à sós e voltavam de bom humor, fitando-se quase amorosamente.

Estava claro. Haviam brigado, dinah fora atrás fazer as pazes e agora tudo voltara à paz. E o motivo provável da briga havia sido ciúmes de dinah. Tinha quase certeza absoluta. Dinah jene e Normani eram amantes. A certeza absoluta era uma questão de tempo.

Isso a entristeceu e alegrou, ao mesmo tempo. Ter a suspeita que Normani era homossexual tornava possível o sonho de conquistá-la, com o tempo. Mas, saber que ela tinha uma amante do quilate de Dinah jene, tornava as suas chances quase nulas. Dinah era linda, inteligente, culta e dona de uma fortuna imensa. Normani não seria louca de trocá-la por uma simples secretária obscura, que não tinha nada a lhe oferecer, a não ser amor.

•N̸o̸r̸m̸i̸n̸a̸h̸• ✓ F̶A̶T̶A̶L̶  I̶N̶H̶E̶R̶I̶T̶A̶N̶C̶E̶Onde histórias criam vida. Descubra agora