CAPÍTULO 40

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CAPÍTULO: 40


E a casa em Malibu? Não a conhecia, nem estava interessada em conhecer. Tinha muito a fazer em New York. E a primeira providência era contratar um bom advogado de sua confiança. Tinha certeza que Taylor Hansen iria contestar o testamento na justiça. E provavelmente, acusá-la de haver assassinado Dinah, sabendo da existência do testamento.

Lembrou de allyson. Que mulherão! Era a única coisa dos Hansen que realmente a interessara. Mesmo com a lembrança de Dinah em sua mente. Se não procurasse se interessar por alguém de verdade, mesmo que sexualmente, ficaria louca. O que sentia por Helen era mais pena e gratidão que desejo, por ela ser tão dedicada.

Helen. Estava na hora de sair da casa dela. Quanto mais ficasse lá, mais difícil seria depois para ela se acostumar com sua falta. Não estava apaixonada por ela e não queria  que a relação se aprofundadas. Tinha que afastar-se dela o quanto antes, pelo bem de ambas.

Estacionou o carro e apanhou o testamento e a carteira, subindo para o apartamento. Abriu a porta e entrou.

Helen a esperava sentada no sofá, lendo uma revista. Olhou-a ansiosa, erguendo-se.

-- E então, Normani? Como foi lá na casa dos Hansen?

Normani a fitou com um sorriso divertido, fechando a porta. Parou e encarou Helen, que a fitava curiosa.

-- Helen, querida. . . – Disse, em tom afetado – Você está vendo diante de si a Herdeira da Hansen Corporation!

Helen fitou-a boquiaberta.

-- Está brincando! Não é possível!

-- Não? Então, veja o testamento – Disse, estendendo o documento para ela.

Helen o pegou e leu. Acabou e olhou para Normani, que sorria. Estendeu o documento para ela em silêncio. Normani o colocou sobre a estante e ficou séria, sentando-se no sofá.

-- Eu não esperava que Dinah fizesse isso – Disse, passando os dedos nos cabelos – E na verdade, isso me amedronta. É muito poder e dinheiro para mim. E agora, sou o alvo do assassino, além da polícia achar que matei Dinah por saber desse testamento. É um bom motivo, não é? Eles não sabem que eu daria todo dinheiro do mundo para estar com Dinah viva, ao meu lado.

Helen, sabiamente, ignorou a última frase de Normani.

-- E o que pretende fazer? – Perguntou.

Normani fitou-a com preocupação.

-- Primeiramente, arranjar um bom advogado. É claro que a mãe de Dinah vai contestar o testamento na justiça, com a acusação de que matei a filha, para ficar com a herança.

-- Conheço um ótimo. Foi advogado do pai de Dinah, era de inteira confiança dela. Foi afastado da empresa por influência de Taylor Hansen, porque ele achava que Dinah é quem devia assumir a empresa. Todo mundo lá na Hansen Corporation sabe disso. Ele era o diretor do departamento jurídico e conhece bem a empresa.

Normani olhou-a interessada.

-- Tem o endereço dele?

-- Sim. June também tem. Ele trabalha em um escritório em Wall Street. Chama-se Jefferson Boderick.

-- Vou procurá-lo logo que puder.

Ergueu-se do sofá. Olhou para Helen avaliadoramente.

-- Você não me pareceu contente com a notícia de que eu herdei as ações da Hansen Corporation. Por que?

Helen a encarou.

-- Por que ficaria? Sei que agora você vai sair daqui o mais depressa possível.

-- Helen, lembre-se que nunca disse que ficaria aqui indefinidamente. Um dia, teria que ir embora.

Ela a fitou com revolta.

-- Está rica, não precisa mais de mim, não é? Pode voltar para o apartamento da Quinta Avenida, ou  comprar outro tão suntuoso como ele.

Normani irritou-se.

-- Helen, pare com esse drama! Nunca a enganei sobre meus sentimentos, você aceitou nossa relação sem condições!

Helen a fitou com ciúmes e despeito, os olhos cheios de lágrimas.

-- Eu sei que não sou nada para você! Sei que só quis usar-me como uma tábua de salvação contra esse amor doentio que sente por um cadáver! Sim, porque Dinah não passa agora de um cadáver em putrefação!

Normani fitou-a chocada com a crueldade dela.

-- Helen, está perdendo  a cabeça, com seu ciúme irracional! Cale a boca, antes que seja tarde demais!

Mas o ciúme é cego e irracional. E Helen estava sentindo-o corroê-la por dentro, como ácido. E queria ferir Normani, ferí-la como ela a ferira ao dizer que preferia estar com Dinah à todo o dinheiro do mundo. Aquilo penetrara em sua mente e aos poucos ia nublando sua razão. O ciúme explodia agora incontrolável, em palavras escolhidas para machucar:

-- Não me calo mais! Cansei! Cansei de ficar ouvindo-a dizer que ama Dinah! Eu lhe dei amor, carinho, dedicação, mas o que adiantou? Você continua com seu amor mórbido por um cadáver! É isso que Dinah é! Um cadáver em putrefação! E você é uma louca, preferindo amar uma mulher morta!

Normani perdeu a cabeça. Esbofeteou Helen com raiva, desespero, porque ela estava tentando destruir a lembrança maravilhosa da mulher que ainda amava.

-- Nunca mais diga isso! – Gritou, diante de Helen, que se encolhia no chão, olhando apavorada para ela, que parecia fora de si – Nunca mais diga que Dinah é um cadáver em putrefação! Em minha mente ela sempre estará viva e linda!

-- Você está louca, Normani! – Gritou Helen, levantando-se e a olhando assustada – Está precisando de um psiquiatra!

Normani a fitou com mágoa, raiva, decepção.

-- Se acha isso de mim, é melhor eu ir embora agora!

Foi para o quarto com passadas furiosas e abriu o armário que dividia com Helen, começando a tirar suas roupas. Colocou tudo na sua mala, olhando em volta. Haviam alguns objetos pessoais como perfumes e sapatos, mas aquilo não era indispensável. Compraria outros. O que desejava era sair dali o quanto antes.

Saiu do quarto e voltou à sala. Helen chorava no sofá. Parou diante dela e jogou a chave do apartamento sobre o sofá.

-- Eis sua chave. Adeus, Helen.

Ela ergueu o rosto, fitando-a entre lágrimas.

-- Vá para o inferno! – Gritou, entre soluços.

Normani saiu e bateu a porta. Como da outra vez que discutiram, desceu pelas escadas. Pegou um táxi na calçada e pediu ao motorista que a levasse para um hotel. Ele a olhou com um sorriso.

-- Um hotel? Conheço vários, dona. Mas, por suas roupas , vejo que posso ir para um bem caro. Que tal o Plaza?

Ela o fitou aérea, ainda furiosa.

-- Está bem, esse serve.

•N̸o̸r̸m̸i̸n̸a̸h̸• ✓ F̶A̶T̶A̶L̶  I̶N̶H̶E̶R̶I̶T̶A̶N̶C̶E̶Onde histórias criam vida. Descubra agora