CAPÍTULO: 38

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CAPÍTULO: 38

O novíssimo Lexus preto parou diante da mansão dos Hansen e Normani desceu, batendo a porta. A tarde estava fria e nevoento, com a aproximação do outono. Bem própria para a leitura de um testamento, pensou Normani, com um sorriso amargo.

Ela estava elegantíssima em seu conjunto de blazer e saia justa escuros, que destacavam sua pele clara e cintilante. Os lábios polpudos e sensuais estavam pintados de um vermelho escuro, contrastando com os olhos castanhos cintilantes, lhe dando um ar de mulher fatal. As meias de nylon e os scarpins negros de salto agulha  realçam suas pernas longas e esculturais.

Normani olhou em volta, percebendo os três carros de luxo estacionados. Um Audi cinza, um BMW preto e uma Ferrari vermelha.

Sorriu com sarcasmo. A família estava toda ali, ávida para botar as mãos na herança de Dinah. Uma herança fatal, motivo de sua morte. Abutres!

Normani era agora uma outra mulher, revoltada com o mundo, que lhe havia arrebatado a única pessoa que amara inteira e verdadeiramente. Para ela, a humanidade era podre, com pessoas se matando, traindo e mentindo por dinheiro e poder. 
Não confiava em mais ninguém, nem em Helen, que a ajudara, mas  com interesse em ter seu amor. Era tudo um jogo de interesses!

Sua revolta com o mundo fez emergir das profundezas de seu desespero uma Normani cínica e fria, disposta a reverter o jogo: 
Seu coração seria eternamente de Dinah, fechado para novo amor. Sua necessidade de sexo seria saciada sem nenhum outro sentimento além de desejo. Ninguém mais a faria sofrer
por perder a quem amava. Não suportaria passar por isso novamente.

Ela respirou fundo e caminhou em passos decididos para a porta principal de entrada, onde um segurança estava postado. Abriu a carteira de couro negro e retirou a convocação do tabelião. Parou diante do homem e estendeu o documento, dizendo:

-- Sou Normani kordei. Fui convocada para a leitura do testamento.

O segurança leu o papel e o devolveu, abrindo a porta para ela entrar.

-- Queira entrar, senhorita.

Normani passou por ele e entrou. Do vestíbulo, viu as pessoas no salão se voltarem para ver quem chegara.

A morena se adiantou, olhando-os com  o queixo erguido orgulhosamente. Cinco homens e duas mulheres. Todos a olhando avaliadoramente, com expressões inexpressivas escondendo suas reais emoções.

Um dos homens adiantou-se ao encontro dela. Era um velho meio encurvado, mas de olhos ágeis e vivos. Estendeu a mão, sorrindo.

-- Senhorita kordei? Sou o tabelião Thompson. Muito prazer em conhecê-la.

Normani deu um meio sorriso, apertando a mão do velho. Ele, pelo menos, era cordial. Talvez, o único sem interesse pelo conteúdo do testamento e do desfecho daquela reunião.

-- Muito prazer, senhor Thompson.

-- Só estávamos à sua espera, para a abertura do testamento.

-- Cheguei pontualmente. São cinco horas da tarde.

Ele sorriu, pegando-a pelo braço e a conduzindo em direção ao grupo, que a olhava em silêncio.

-- Sei disso, senhorita. Mas as pessoas aqui estão ansiosas. Venha, vou apresentá-la, pois soube que não conhece a  todos.

O tabelião parou diante de um homem grisalho e magro, que sorriu para Normani cortesmente.

-- Willian Kauffman, meu assistente.

Normani apertou a mão do homem, que inclinou-se levemente. Fino, pensou.

-- Alfred Simpson, advogado da senhora Hansen.

O homem apertou sua mão com um olhar frio. Um adversário.

-- Antony Hansen, filho da senhora Hansen.

Um homem bonito, mas de olhar orgulhoso e duro. Alto, cabelos castanhos, olhos de mel e lábios finos, que não sorriram. Não lhe estendeu a mão. Adversário frio, classificou Normani.

-- Gary Miller, marido da senhora Hansen.

Normani lembrou o que Dinah dissera sobre ele. Era mesmo bem mais novo que Taylor Hansen. Podia ser filho dela. Era alto e louro, com cara de conquistador. Olhou-a com evidente admiração, mas não sorriu nem apertou sua mão. Dissimulado, pensou Normani.

-- Taylor Hansen, a mãe de Dinah Hansen.

Ela olhou para Normani com ódio.

-- Já nos conhecemos, Wilfred – Disse, com frieza.

-- Ah, sim, esqueci-me...  bem, senhorita kordei, só falta apresentar-lhe Allyson Hansen, esposa de Antony Hansen.

Normani olhou para allyson, procurando não externar a sua surpresa. Allyson Hansen era belíssima. Uns olhos castanhos como jóias raras, brilhantes, lindos, fitando-a curiosamente. Traços perfeitos, uma boca que parecia estar sempre pronta para beijar, cabelos louríssimos caindo pelos ombros em ondas refulgente a. O corpo escultural com um vestido branco que realçava suas formas perfeitas. Alta, quase da altura de Normani, não precisou erguer o rosto para olhá-la nos olhos. Não estendeu a mão e não lhe sorriu. Outra adversária.

O tabelião olhou em volta sorrindo, talvez procurando quebrar aquela tensão que a presença de Normani causava. Ele fizera o possível, apresentando-a à cada um. Não adiantara.

-- Bem, vamos abrir o testamento. Todos os interessados estão aqui.

Taylor Hansen falou secamente:

-- Passemos à biblioteca, Wilfred.

Ela adiantou-se e todos a seguiram. Normani foi por último, pronta para rebater qualquer agressão verbal.

Entraram na biblioteca e Wilfred sentou-se na cabeceira da enorme mesa de mogno, pousando a pasta que trazia sobre a mesa. O assistente dele sentou ao seu lado e os demais sentaram nas cadeiras restantes, com exceção à Normani, que sentou em uma poltrona afastada da mesa. Dali, podia ver a todos e se eles quisessem falar com ela, teriam que voltar o rosto. Cruzou as pernas e acendeu um cigarro. Raramente fumava, só quando estava nervosa, para relaxar. E ali sentia-se nervosa, mas o seu nervosismo era interior. Na aparência, seu olhar era frio e suas mãos estavam firmes.

•N̸o̸r̸m̸i̸n̸a̸h̸• ✓ F̶A̶T̶A̶L̶  I̶N̶H̶E̶R̶I̶T̶A̶N̶C̶E̶Onde histórias criam vida. Descubra agora