CAPÍTULO: 33

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CAPÍTULO: 33

Helen hesitou, trêmula. Mas o olhar de Normani não admitia recusa. Ergueu-se e ela a tomou entre os braços.

Um estremecimento sacudiu o corpo de Helen, quando tocou o corpo de Normani. Ela parecia elétrica. Helen sentiu-se amolecer nos braços dela, a mão quente e macia da Lorena segurando a sua contra o peito. Era bem mais alta que Susan e seu rosto conseguiu encostar no de Normani, sentindo a maciez, o calor, o perfume delicioso. Deus, não ia conseguir disfarçar o que sentia! Normani ia notar sua emoção!

Normani sentia os estremecimentos de Helen e agora comprovava sua suspeita. Helen estava apaixonada por ela. Aquela emoção que a estremecia era a confirmação disso. E o modo como ela a segurava nos braços revelava um carinho tão imenso, que não deixava margem para dúvidas.

Afastou-se um pouco, fitando-a no rosto. Helen mantinha os olhos fechados, mas sua expressão embevecida dizia tudo.

Sentiu-se como que traindo Dinah. Estava dançando com uma mulher, menos de um mês da morte de seu grande amor! E a mulher era Helen, demonstrando estar apaixonada por ela! Não, não podia fazer isso!

Afastou-se repentinamente. Helen a fitou, abrindo os olhos. Havia fogo naquele olhar.

-- O que foi, Normani? – Perguntou ela, vendo sua expressão angustiada.

Normani olhou-a por uns instantes e voltou-se, colocando as mãos no rosto.

-- Desculpem-me, mas não estou passando bem – Disse, retirando-se para o quarto e fechando a porta atrás de si.

Helen ficou ali, sem saber se a seguia ou não.

-- Que mulher esquisita! – Disse Susan, com despeito – Deve ser louca! Acho que a morte da amante a deixou assim!

Helen olhou para Susan com indignação.

-- Normani não é louca! Como se atreve a dizer isso de uma pessoa que mal conhece.

Susan ergueu-se, com olhar malicioso.

-- Hum...  cuidado com essa mulher, querida! Ela é uma conquistadora e você já está nas malhas dela! Bem, vou embora. Já percebi que estou sobrando. . . até outro dia, querida.

Helen a levou  até a porta e fechou-a, quando Susan saiu. Foi até  a porta do quarto e bateu, perguntando:

-- Normani! Posso entrar?

Ela não respondeu. Nervosa, Helen girou a maçaneta e entrou.

Normani estava deitada de bruços na cama e não se voltou.

Helen aproximou-se e sentou na beira da cama, pousando a mão no ombro dela.

-- Normani... O que tem? Está passando mal?

Normani girou o corpo, ficando de costas. O seu olhar estava frio.

-- Tive um mal-estar passageiro. Já passou.

Helen suspirou de alívio.

-- Oh, graças a Deus... Normani, quero pedir-lhe desculpas por Susan. Ela foi muito inconveniente com você.

Normani a encarou, sentando na cama.

-- Bem, devo confessar que achei sua amiga uma chata. O que você tem em comum com ela? Uma mulher vulgar!

-- Ela não é minha amiga! Não a suporto. Ela trabalhou comigo anos atrás e sempre me procura para saber da minha vida, ela adora saber da vida dos outros! Não passa de uma infeliz, os homens a usam e descartam, quando descobrem como é vulgar.

Normani a encarou, séria.

-- Conheci tipos como ela. Adoram infernizar a vida dos outros e não percebem que sua própria vida é uma porcaria.

Helen a fitou intensamente.

-- Gostei de dançar com você.

Normani sorriu levemente, procurando suavizar o clima entre elas.

-- Também gostei, Helen. Você dança bem.

-- Pensei que você tivesse odiado.

Normani ergueu as sobrancelhas, inquiridoras.

-- Por que pensou isso?

Helen baixou os olhos.

-- Você parou de repente... agora sei o que foi um mal-estar. Mas na hora, imaginei isso.

Normani a encarou. Devia esclarecer a situação entre elas? Ou continuar como se nada tivesse acontecido, que não percebera tudo que ela sentia? Não, tinha que enfrentar a verdade. Helen merecia saber como se sentia, para deixar de esperar uma coisa que nunca poderia acontecer entre elas.

-- Helen... Quero conversar com você seriamente.

Ela a fitou com receio nos belos olhos.

-- O que é, Normani?

Sua voz soou insegura.

-- Você sabe que ainda sofro com a morte de Dinah, não sabe?

Ela a fitou sombriamente.

-- Isso é evidente.

-- Eu a amava muito, não sei se vou conseguir esquecê-la. Se outra mulher conseguirá  isso. Porque Dinah era uma mulher muito especial. Sabe, uma mulher com todas as qualidades que sempre esperei encontrar em alguém: linda, carinhosa, meiga, sensual, com quem eu me completava.

Helen a ouvia em silêncio. Seu rosto foi se transformando pelo sofrimento que aquelas palavras provocavam. Era duro, estar apaixonada como estava, ouvir a pessoa amada falar assim de outra. De uma mulher que havia morrido!

-- Então, não posso prometer amor a ninguém. Se prometesse, estaria mentindo. Entende, Helen?

Helen a encarou. Seu olhar estava revoltado pelo ciúme.

-- Por que está falando tudo isso para mim? Não quero saber o que sentia por Dinah! Já estou cansada de saber! Normani, você esqueceu de viver! Só sabe sentir esse amor mórbido por uma mulher que já morreu!

Normani a fitou nos olhos.

-- O meu amor pode ser mórbido, mas e o seu?

Ela a fitou surpresa.

-- O meu? O que sabe disso?

-- Helen... Sei que está apaixonada. É fácil de perceber. E vai continuar assim, escondendo o que sente, amando sem esperanças?

Ela a encarou com uma expressão dolorosa. O disfarce de seus sentimentos estava se desmanchando naquela máscara de sofrimento.

•N̸o̸r̸m̸i̸n̸a̸h̸• ✓ F̶A̶T̶A̶L̶  I̶N̶H̶E̶R̶I̶T̶A̶N̶C̶E̶Onde histórias criam vida. Descubra agora