O Fulgor

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Denver.
Três dias depois.

           Faltavam apenas três dias para que eles fossem invadir e destruir a CRUEL; todo o resto já estava acertado; só faltava fazer o contato; todos se preparavam para o dia, mas Amanda não; sua única preocupação era o garoto, preso dentro de uma sala, que enlouquecia mais a cada dia;

             Ela estava sentada do lado de fora do quarto, suas costas encostada na parede, seus olhos cheios de lágrimas; ela conseguia ouvir o barulho de coisas se quebrando dentro do quarto; ouvia os gritos do garoto; ouvia ele implorando para que o matassem;

          O que foi que eu fiz? Era isso que ela pensava, todos os dias, toda hora;

           Mary a dizia para ter esperanças; mas Amanda já não tinha mais nenhuma. Newt estava cada dia pior, e faltava pouco para chegar a insanidade total.

           Vince aconselhou Amanda a não entrar dentro do quarto; que deixasse Newt sozinho, ou ambos poderiam acabar se machucando. Mas, a garota nunca ouvia ninguém.

              Ela se levantou e abriu a porta, suas mãos trêmulas.

                Newt estava de costas pra ela;  e não parecia nada bem.

-Eu falei pra você não vir mais aqui, Amanda.- ele diz. Ela abre a boca para falar algo, mas nada sai; estava com medo demais para dizer qualquer coisa. Newt se vira e encara Amanda. Ela tenta se aproximar dele, mas ele se afasta. -Não faça isso.

-Eu não podia ficar lá fora enquanto você ficava aqui sozinho.- diz ela baixinho. Newt fecha os olhos com força, seus punhos fechados.

-Saia daqui. Agora.- ele diz. Amanda estremece.

-Newt, por favor...

-Por que eu iria querer ficar perto de alguém que mentiu pra mim?- ele diz e ri com sarcasmo. -Passou três meses na Clareira e nunca disse nada. Passou mais dois meses e meio fazendo com que eu achasse que estava morta.

-Eu achei que você tinha...- começa ela, guaguejando diante das palavras enfurecidas do garoto.

-Te perdoado?- Newt ri. -Eu deixei de lado, não queria passar minhas ultimas quarenta e oito horas de sanidade brigando com você. De o fora daqui, Amanda!

-Newt, eu fiz o que eu fiz pra prote...

-Proteger seus amigos? Não, Amanda. Você realmente é egoista!- Newt grita, fazendo Amanda dar um passo pra trás. -Você devia ter me deixado no Palácio dos Cranks. Devia ter me deixado morrer.

-Eu achei que...

-Que o que, Amanda? Que fosse encontrar uma cura? Não existe nenhuma cura! Se durante esses anos todos ninguém encontrou cura pra esse maldito vírus, porque você encontraria?

          Amanda abre a boca para dizer algo, mas a risada sarcástica de Newt a impede;

-Quer saber? Eu não ligo. Não ligo pras malditas coisas que você faz. É problema seu. Quer gastar o resto da sua vida tentando achar uma maldita cura? Faça o que quiser. Nós dois sabemos que eu já estou louco mesmo.

         Newt da um passo pra frente e Amanda se afasta dele. Ele tira do bolso um pedaço de papel, e quando Amanda vê sua própria letra ali, sente o ar faltar de seus pulmões. Como é que ele achou isso? Pensa ela.

-Essa sua carta deveria ter significado algo? - diz ele, rasgando ela no meio logo em seguida e jogando os pedaços de papel no chão. Amanda fecha os olhos.

-Como você achou isso?- pergunta ela.

-Digamos que você decaiu muito na sua técnica de esconder as coisas. -diz Newt. -De o fora daqui, ou eu vou te colocar a força.
   
          Sem esperar que Newt dissesse mais uma palavra, Amanda abre a porta e sai, logo em seguida encostando na porta e se permitindo chorar tudo o que não havia chorado durante os últimos anos;

{...}

Querido Newt,

             Se você está lendo isso, significa que algo realmente ruim aconteceu entre a gente.

              Achei melhor escrever está carta, pois de certa forma, sempre soube que era questão de tempo até para que você descobrisse a verdade e me odiasse.

              Eu sinto muito, Newt. Por tudo. Por ter mentido na Clareira. Por nunca ter dito a verdade. Minhas memórias. Nossas memórias.

               O CRUEL tirou tudo de mim, mas sem sombra de dúvidas o mais doloroso foi perder você. Sempre se tratou de você.

               Quando nos conhecemos, eu jurei a mim mesma que iria achar uma cura para o Fulgor. E, bem, se você está lendo isso, significa que eu encontrei. Ou estou perto de encontrar. E que você está vivo. E isso é tudo o que eu sempre quis. Desde o começo. E eu nunca pararei de lutar por você.

                Eu me apaixonei por você aos poucos; não sei ao certo se foi pelo seu cabelo que brilhava diante da luz fraca da lua todas as vezes em que iamos até lá fora; se foi pelo seu sorriso fofo, que fazia meu coração bater mais forte toda vez que você o dava; se foi pelo jeito em que você me segurava em seus braços, fazendo com que eu me sentisse segura; se foi pelo jeito que você dizia que me amava, sussurrando bem perto do meu ouvido; ou se foi pelo jeito que você me beijava, como se cada beijo fosse o primeiro, como se cada beijo significasse algo importante. Mas, acho que, na verdade, me apaixonei por você no dia em que me colocaram naquela sala, somente eu e você, e você foi tão gentil e fofo comigo. É. Definitivamente foi ali que eu soube que queria passar o resto da minha vida com uma pessoa como você. Com você.

              Eu sinto muito por não poder estar do seu lado agora, Newt. Por não ter sido uma boa amiga. Tudo o que eu mais queria era estar do seu lado agora; você foi, e é a minha família. E eu amo você. Sempre amei.

            Você, Newt, foi o motivo pra eu ter lutado todas aquelas batalhas. Por ter vencido todas elas. Por que, eu sabia que precisava vence-las, não por mim, mas por você.
  
            Não ve? Foi tudo por você. Sempre vai ser você.

           Eu espero que um dia você seja capaz de me perdoar. De me amar outra vez. Eu amo você, Newt. Eu nunca cansarei de dizer isso.

Ass: Amanda.

The Girl Who Wanted More • Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora