A Clareira

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A Clareira

Não era tão ruim como ela imaginou que seria. A garota pensava que ficar naquela Caixa escura e gelada a deixaria em pânico, mas não. Ela só estava com sua ansiedade a consumindo.

Amanda não tinha instruções especificas do que fazer quando chegar lá. E ela estava nervosa. O barulho das correntes puxando a caixa pra cima só faziam que aquela sensação desagradável crescessem mais e mais dentro dela.

Ela usava uma blusa de manga comprida branca, mas que logo ficaria preta conforme os tempos fossem passando. Uma calça Jeans bem justa e gelada, e um casaco preto. Ela fica mexendo no zíper do casaco impacientemente. Mais alguns minutos naquela caixa e Amanda teria um ataque.

A garota então decidiu se deitar. Não tinha o que temer se ela já sabia o que estava por vir. "Como sera que os garotos que tiveram suas memorias apagadas devem ter se sentido?". Ela não conseguia pensar em bons sentimentos. Deve ter sido bem desesperador. Como sera que ele havia se sentido?

Amanda solta um longo suspiro. Seria difícil aquele reencontro depois de tanto tempo. Sera que ele havia mudado tanto? Sera que sua personalidade continuava a mesma? Ela esperava que sim. Observava o garoto sempre que podia pelos monitores da CRUEL que mostravam o labirinto. Mesmo que não se lembrasse dela, Amanda se lembrava muito bem dele. E ela jamais ia conseguir viver se tivessem tirado do garoto o mais puro que ele tinha. Sua personalidade forte.

Um forte solavanco faz a garota parar de divagar em sua mente. Ela não se levanta; ela sabia o que logo iria acontecer. As portas iriam se abrir, um clarão ia invadir a caixa preta e escura e... Varias pessoas olhariam pra dentro para ver quem estaria chegando. Bem, e como dito, as portas abriram e junto veio o clarão de luz.

A garota cobre o rosto com a mão por alguns instantes. E então, quando torna a olhar para cima, vê vários rostos a olhando. Muitos ali conhecidos. Ela se segurou para não sorrir ao ver seu amigo Alby ali a olhando. Não podia. Ela sabia disso.

-Uma garota?- diz uma voz, uma voz que ela conhecia. Uma voz de alguém que ela ja tinha desgostado um dia, mas aprendeu a gostar desse garoto irritante chamado Gally.

-Não, não, sou um garoto de cabelo comprido e seios.- disse Amanda com rispidez, mas no fundo querendo sorrir.

-Olha, a garota sabe falar. Pelo que vejo não é muito educada.- diz Gally. A garota revira os olhos. "Algumas coisas nunca mudam." pensou ela.

-Já chega!-disse Alby. -O que estão todos esperando? Alguém chame o Nick!

Dois garotos saem correndo para chamar o tal de Nick, que Amanda sabia muito bem que era o líder deles.

Alby pulou dentro da caixa e a encarou.

-Não levantou ainda por que, fedelha?- diz Alby de braços cruzados.

-Não tive muita vontade. Onde eu estou? E por que não consigo me lembrar de nada que não seja a droga do meu nome?- ela diz fingindo uma falsa preocupação. E pelo jeito, Alby acabou acreditando nela. Ele sorri.

-Pelo menos se lembra do nome. Muitos demoram um tempo ate o nome voltar. É tudo que eles nos deixaram. Nosso nome. Bem, sou Alby. - ele diz e estende a mão. Amanda a segura, e ele a ajuda a se levantar.

-Amanda.

-Bem, Amanda, eu sei que isso aqui é bem desesperador. Todos nós já passamos por isso. -Diz Alby. -Bem, a única novidade para nós é os Criadores terem mandado uma garota.- Amanda faz o melhor olhar confuso que consegue, na esperança de estar fazendo um bom trabalho. Por mais que quisesse abraçar Alby, não podia. Então, pelo menos um bom trabalho ela tinha que fazer.

-Como assim? Não há outras garotas aqui?- pergunta ela.

-Não.- diz Alby com o olhar triste ao ver o desapontamento no rosto da garota.- Você por algum motivo é a primeira. Bem vinda a Clareira. Agora, vamos sair daqui.

Alby pula pra fora da caixa, e logo ajuda Amanda a sair. Ela olha ao seu redor. Aquilo era realmente... Incrível. Incrível e cruel ao mesmo tempo. Os altos muros do labirinto que cobriam a Clareira, e a passagem aberta que levava ate la dentro do gigante labirinto. Ainda era cedo demais para as portas começarem a se fechar.

-O que tem pra lá?- perguntou a garota, mesmo já sabendo. - Além dos muros.

Alby olhou por um tempo na direção que a garota olhava e suspirou.

-Acho que que deve te contar isso é nosso líder, Nick. Ele vem logo ali.

Amanda volta a olhar na direção que Alby olhava, e logo viu o garoto, Nick. E ao seu lado, estava ele. Newt. Ela tentou reprimir suas emoções, mas elas eram realmente fortes. Newt continuava o mesmo. Talvez um pouco mais velho. E bem, sem suas memorias. Ele não se lembrava dela. Nem de tudo o que passaram juntos.

Nick parou em frente a ela, com Newt em sua cola.

-Você deve ser a novata.- diz ele.- Sei que deve ter milhões de perguntas. Pode ficar tranquila que Newt vai responder todas. Ou pelo menos as que ele puder responder.- diz Nick com um sorriso. -Sou Nick, por falar nisso. Ja se lembra do seu nome?

-Amanda. -diz ela dando de ombros.

-Ok, Amanda. Newt, apresente a Clareira a ela. Faça o maldito Passeio, pelo que vejo, tenho problemas sérios a resolver.- diz o garoto lançando a Amanda um olhar que a deixou um tanto desconfortável. -Alby, venha comigo. Temos muito a discutir.-diz Nick se retirando dali, sendo seguido por Alby.

Amanda pode perceber que todos os olhares dos garotos ali eram voltados para ela, e isso a deixava meio perdida. Então, seu olhar cai sobre o garoto loiro parado a sua frente. Ele a encarava, com uma expressão indecifrável no rosto. Suas sobrancelhas estavam franzidas, era quase como se ele a analisasse.

-Então, vai ficar ai me encerando ou vai me dizer que porcaria de lugar é esse?- ela diz estupidamente. De certa forma esse era o mais próximo dela mesma que ela podia ser. Newt revira os olhos, aparentando uma certa irritação que ela não sabia de onde vinha. Mas, com certeza não era dela ou da forma que ela o tratara. Era outra coisa.

Amanda se segura para não perguntar o que tem de errado com ele. Ela sabia que, mesmo que ele não percebesse, não podia demonstrar nenhuma forma de afeto pelo garoto. Mas isso era muito difícil, considerando todos os anos que eles haviam ficado juntos na CRUEL.

-Você não parece tão desesperada por estar aqui e não ter nenhuma memoria que não seja seu nome. -Diz Newt cruzando os braços. Eu odeio o como ele consegue ler as pessoas desse jeito!, pensa a garota.

-Nick disse que você me contaria tudo, então estou esperando. Acho que me desesperar não vai ajudar muito já que parece que estou presa nesse inferno e sem conseguir lembrar de absolutamente nada. -ela diz cruzando os braços. -Então, você por gentiliza poderia me dizer que lugar é esse?

Newt suspira profundamente. Parece ter caído na historinha mal contada dela. Esse era o problema do garoto. Confiava demais em quem não devia.

-Tudo bem, venha comigo.

The Girl Who Wanted More • Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora