A Promessa

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Denver.

           Amanda se juntou a Minho, Gally e Thomas, que estavam sentados no chão, conversando. Quando a garota se aproxima, os três se viram para olha-la.

-Você ta com uma cara de merda.- diz Gally e Amanda revira os olhos.

-Obrigada, Gally.- diz ela sarcasticamente. Ela havia passado a tarde toda chorando, sua aparência não era uma das melhores.

-O que aconteceu?- pergunta Minho. Amanda suspira.

-O que você acha?

-Newt...- murmura Thomas. -Ele não nos deixa mais ir ve-lo.

-Ele quase bateu na gente da última vez.- diz Minho.

-Ele ta piorando muito rápido. -murmura Gally.

-É isso, pessoal. Ele só vai piorar a cada dia, até virar um crank.- diz Amanda, seus olhos começando a encher de lágrimas. -Não tem mais o que fazer. Não tem mais esperanças.

-Não diga uma coisa dessas, Amanda.- diz Gally. Ela se vira para o garoto.

-E por que não? Se Mary fosse encontrar essa droga de cura, já teria achado. Newt tem razão; não existe cura para o Fulgor.

-Não diga isso!- diz Minho indo até ela.

-E por que não? É a verdade, quanto mais rápido aceitarmos, menos doloroso será quando a hora chegar.- disse a garota. O olhar de Minho demonstrava irritação pelas palavras da garota, mas, ao mesmo tempo, pena. Se para ele já era doloroso saber que talvez seu amigo fosse morrer, para Amanda, que se lembrava do garoto desde antes do labirinto, devia ser mil vezes pior; sem contar que Newt era o garoto que ela amava.

-Amanda, você fez todos nós acreditarmos que ainda havia esperança. Acho que você precisa acreditar nisso agora também.- diz Minho puxando a amiga para um abraço. O garoto beija o topo da cabeça da amiga, e a aperta mais em seus braços; sabia que Amanda estava chorando em silêncio, não precisava ver o rosto dela, que estava afundado em seu peito, para saber disso.

-Eu simplesmente não consigo aceitar o fato de que vou perde-lo. Eu não sei viver sem ele, Minho.- ela diz baixinho.

-Se chegar a isso, Amanda, nós descobriremos uma maneira. Juntos. Você nunca vai estar sozinha.- diz o garoto. Amanda aperta mais a cintura de Minho, agradecendo mentalmente por ter o garoto ao seu lado; sabia que, enquanto ela tivesse Minho, jamais estaria sozinha.

           Amanda se afasta do garoto, enxugando as lágrimas em seu rosto com a manga de sua blusa; vários olhares curiosos eram lançados a garota, mas ela não se importava; não ligava que a vissem chorando; chorar não era um sinal de fraqueza.

            Gally e Minho passam um tempo tentando distrair Amanda, mas a mente dela sempre voltava para Newt. Era inevitável não pensar no garoto. Quanto mais ela tentava não pensar nele, mais acabava pensando.

              Ela observava os rostos conhecidos ali, como de Harriet e Lizzie ( mais conhecida como Sonya ), ou o de Aris, que conversa com uma garota que Amanda não conhecia; viu Teresa num canto, encolhida e sozinha, somente observando. Brenda estava com Thomas e Jorge; Minho e Gally estavam bem ao seu lado, discutindo sobre assuntos aleatórios que Amanda não fazia questão de prestar atenção; a sala estava lotada de pessoas, mas Amanda se sentia sozinha. Era um vazio em seu coração. Um vazio que ela sabia que demoraria a ser preenchido, se é que um dia poderia ser preenchido outra vez.

            E ali, Amanda se lembra de um dos piores dias de sua vida. Se lembra de uma de suas ultimas noites com Newt, antes dele ser mandado para a Clareira.

            O garoto havia ido até seu quarto, no meio da noite; ele parecia chateado e, ao mesmo tempo, preocupado.

             Amanda se lembra de ter se sentado em sua cama junto com Newt, e se lembra do silêncio que se instalou ali, parecendo durar horas; se lembra de, mesmo no escuro, ver as lágrimas nas bochechas do garoto; se lembra de perguntar o por que ele estava assim, e se lembra da promessa que ele havia feito ela fazer.

-Me prometa que quando eu contrair o Fulgor, por que eu vou, e quando eu perder minha sanidade, que você vai me matar, Amanda. Você precisa fazer isso por mim. Sou covarde demais pra fazer isso eu mesmo. Precisa me prometer que fara isso. Por favor, Amanda.

-Newt, por favor, não diga isso...

            Amanda se lembra da angústia e da dor que se instalaram em seu coração naquele momento; aquele momento a deixou arrasada e sem esperanças; afinal, se Newt morresse, o que seria dela? Não podia perde-lo; já havia perdido pessias demais pra esse maldito vírus, e não estava pronta para perder Newt; e, nunca estaria pronta para perde-lo.

-Precisa me prometer que vai fazer isso. Por favor.

-Como eu serei capaz de matar você?- ela se lembra de dizer, sua voz cheia de magoa. Como Newt era capaz de lhe pedir tal coisa? Amanda era dura as vezes, e dizia que mataria todos da CRUEL se tivesse a chance, mas matar Newt? Ela jamais seria capaz de fazer tal coisa. Como mataria a pessoa que mais amava no mundo? Como mataria o garoto que havia roubado seu coração? Como seria capaz de tirar a vida de uma pessoa tão boa como ele? Não seria; Amanda jamais conseguiria fazer isso.

-Como você seria capaz de me deixar vivo com essa maldita doença me fazendo fazer coisas horríveis?- foi o que ele disse. Naquele dia, eles eram somente dois adolescentes de quinze anos preocupados com o futuro; preocupados com o que viria a seguir;

-Eu não posso fazer isso...

-Por favor. É tudo que te peço. Se eu fosse capaz, eu mesmo faria. Mas não sou.

          Amanda se lembra do como havia sido difícil dizer aquelas palavras, mas ela disse;

-Tudo bem. Quando chegar a hora... Eu faço por você, Newt. Eu puxo o gatilho quando for necessário.

              Uma lágrima escorre pelo rosto de Amanda, e ela fecha os olhos com força; sabia que precisava cumprir sua promessa; sabia que a hora estava chegando; Teria que matar Newt. Cumpriria com a promessa feita a quase quatro anos atrás. Não por que queria, mas por que precisava. Pois Amanda sabia que qualquer coisa era melhor do que viver com o Fulgor. Qualquer coisa era melhor do que não ter o controle de sua própria mente.

The Girl Who Wanted More • Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora