Capítulo 33

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Adriane voltou ao escritório.  Nesse meio tempo, mandou uma mensagem para Julio.
"O que foi aquilo lá na sala de reuniões?"
"Amiga, o único jeito de te ajudar com esse homem! Confia em mim. Viu a cara dele?"
"Júlio, tenho medo que ele faça alguma coisa contra você. Não quero em hipótese alguma te prejudicar."
"Não se preocupa com isso."
" Tudo bem. Te encontro na hora do almoço."
Fechou o app de mensagens para terminar o relatório do que decidiram na reunião.
Adriane estava concentrada no trabalho, quando Cíntia a chamou.
__ Adriane, Caio quer falar com você.
Ela levantou os olhos para encarar a outra a sua frente.
__ Caio, já te comunicou que eu vou a São Paulo com ele?
__ Sim, hoje pela manhã. Porque a pergunta? - respondeu tranquilamente, apesar de estar com ciúmes.
__ Só para saber. Reservei uma suíte... quarto anexo...
__ E eu com isso? 

Adriane a olhava agora com cara de desdém.
__ Eu sei que você tem uma queda por ele. Ele me disse.- provocou Cíntia.
Adriane bufou.
__ Ah, disse foi? Ele disse mais o quê? Não precisa responder. Vou perguntar diretamente a ele agora!
Se levantou. Sabia que ela a estava provocando. Respirou fundo tentando manter a paciência . 
Cíntia se afastou da mesa, dando passagem .
__ Melhor não falar nada. Caio não está num dia bom hoje. Voltou da reunião parecendo o cão em pessoa! Depois, é melhor não ficar levando e trazendo fofoquinhas. - disse ela com a boca num meio sorriso. __ Só falei para avisar que ele não tem nenhum interesse em você, caso ache.
__ Isso quem decide sou eu. Depois, nem me interessa o que Caio pensa sobre mim. Pensando bem não vou dizer nada, a opinião dele pra mim é irrelevante.
__ Que bom que pensa assim. 
Adriane pegou seu bloco de anotações e se dirigiu com passos firmes até a porta de Caio. Bateu e entrou.Tremia de raiva de Cíntia. Ela queria provocar e fazê-la perder a paciência, não iria dar esse gostinho a ela.
Falar sobre o que Cíntia disse, só provaria a ele que estava interessada. Resolveu deixar pra lá e ela que mordesse a língua e morresse pelo próprio veneno. O que é ruim cai sozinho! - pensou.
__ Quer falar comigo?
Caio tirou os olhos do computador .
__ Sim. Quero avisar que amanhã, pela manhã, está marcado a coleta para o DNA de Heitor. Eu mesmo marquei pra não levantar suspeitas e conversas por aí. Não quero que se constranja. Se pedisse a Cíntia, com certeza, toda a empresa, em menos de uma hora, ficaria  sabendo.
__ Claro. Me manda o endereço. Levo ele antes de deixá-lo na escola. Deve ser bem rápido isso.
__ Sim. Um procedimento simples. Meu irmão me disse que pode ser feito coletando a mucosa da boca.
__ Não se preocupe, esteremos lá amanhã. Outra coisa, antes que acabe esquecendo... Sexta é o aniversário dele, se quiser aparecer na escola ... Será à tarde, depois das dezesseis horas. Heitor ficaria decepcionado se não fosse.
Caio levantou indo ao seu encontro.
Parou na frente dela, a encarando com as mãos nos bolsos da calças.
__ Diga a Heitor que irei com certeza. Se você quiser faltar sexta, pra organizar tudo...
__ Obrigada, Caio, mas ão será necessário. Levarei tudo pela manhã, será apenas um bolo,  balões e alguns docinhos... Coisa que criança gosta. 
__ Chegou a analisar o projeto? -perguntou a encarando firme.
__ Sim, dei uma olhada nele, depois que voltei da reunião. Maravilhoso! - sentou na cadeira mais próxima, saindo da frente dele.
Adriane passou a mão no cabelo, puxando pra o lado. Era um gesto quase involuntário quando estava sob pressão.
Caio  não tirava os olhos de cima dela, com se quisesse a engolir.
Ela ruborizou, quando ele desceu os olhos para os seios, marcados pela camisa apertada.
Ela puxou o blazer, tentando escondê-los.
__ E a queimadura? Ficou alguma marca?
__ Ainda está avermelhada e acho que vai desaparecer logo. Me chamou aqui, só para isso? Me avisar do exame? Podia ter me falado por mensagem.
__ Gosto de conversar pessoalmente. Olho no olho.
__ Não é muio adepto de redes sociais, não é? - indagou ela.
__ Não. Detesto esse tipo de exposição. Não tenho Facebook, não tenho Instagram... nada dessas coisas. Um dos meus sobrinhos sofreu uma tentativa de sequestro quando estava de férias aqui em Porto Alegre na casa do meu pai e então, decidimos por unanimidade, sairmos das redes sociais. Whatsapp  é a única coisa que uso por causa do trabalho.
__ Percebi isso há quatro anos... quando tentei te achar.
__ Queria me contar sobre Heitor?
__ Também. Na verdade comecei a te procurar no outro dia mesmo. Curiosidade.
Depois, sim, queria falar sobre Heitor.
__ O que a fez pensar que eu gostaria saber sobre ele?
__ Só queria informar, nada demais. Nunca estive atrás de dinheiro. Nunca precisei. Estou criando meu filho muito bem sozinha. Dinheiro não é tudo na vida,Caio!
__ Tem razão. Nem tinha como saber se eu era rico ou não.
__ Só queria que você soubesse. Simples assim! O máximo que poderia ter acontecido seria levar um não. Hoje, sei que essa seria a sua resposta. Só está fazendo esse DNA, porque me conhece, se fosse há quatro anos, a história teria sido bem diferente, não é mesmo?
__ Talvez. Não tenho como saber ... Eu já tinha feito o exame de esterilidade. Minha resposta provavelmente, seria: Você está louca!
Riu disso.
Adriane não. Continuou séria. Aquilo não tinha graça, envolvia a vida do filho.
Ele percebeu.
__ Desculpa . Acho que fui mal nessa!
__ A vida das pessoas não é uma brincadeira, Caio! Os sentimentos muito menos ainda! Sempre foi assim? De querer algo e não medir as consequências pra conseguir?
__ Meu Deus! A gente não consegue se entender mesmo! Você está sempre armada!
__ Fiz uma pergunta. Gosta de brincar com  os sentimentos dos outros, né? - a voz revelava uma certa mágoa. __Agora, chegou a vez de Cíntia! Toda feliz porque vai viajar com você! Mal sabe ela, que assim que enjoar será descartada, como fez com todas que já cruzaram o seu caminho. Só pensa em satisfazer o seu ego de macho alfa!
__ Quem disse que quero ela?
__ Percebo as coisas...
__ Adriane, sempre sou sincero nos meus relacionamentos. Quando aceitam jogar, sabem exatamente as regras! Estou enganado ou está com ciúmes dela?
__ Não estou com ciúmes, não! Não sinto nada por você, aliás, teve alguns dias que cheguei a sentir sim! Senti raiva,  muita raiva por me achar uma golpista e por conquistar o afeto do meu filho! Infelizmente, ele está encantado por você. Espero que não o decepcione.
Adriane tremia. Cada vez que entrava no assunto Heitor, era isso! Sempre acabavam discutindo.
__Para com isso, Adriane! Se ele for meu filho, vou assumir e se não for vou continuar gostando dele do mesmo jeito! Só você deixar acontecer!
Ela suspirou fundo, tentando manter a calma.
__ Está fazendo uma tempestade num copo dágua,  Adri! - falou calmo.
__ Talvez. É que aprendi a sobreviver assim.  Um modo de proteção! Desculpa!.
Caio se aproximou, se abaixando, ao lado dela.
__ Tudo bem, eu entendo. Está nervosa. Não se preocupe, eu jamais faria algo para magoar Heitor! Eu sei que está preocupada e seu instinto de mãe fala mais alto. Eu entendo. Não sou uma pessoa má. Se me derem amor, eu vou devolver. Heitor já me deu o dele. Vou devolver na mesma intensidade.
Ela sorriu, triste. E ela? Como ficaria nessa história toda?
__Mais alguma coisa que queira me dizer, Caio? Preciso ir almoçar.
Ele balançou a cabeça em negativa, os olhos cor de esmeraldas encarando como se quisessem descobrir seus segredos mais íntimos.
Adriane se levantou e saiu. Estava cansada.
Olhou seu celular. Julio já a esperava na lanchonete em frente. 

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