Capítulo 54

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Adriane preparou alguns sanduíches e um suco de laranja, pôs tudo numa bandeja e levou a sala, depositando em cima da mesinha de centro.
__ Fiz pra gente, se você quiser comer algo melhor terá que fazer, Caio Santelli. - sorriu. __ Não estou com muita disposição para cozinhar.- disse enquanto alcançava um sanduíche ao filho que estava vidrado na tela da TV.
__ Por mim, tudo bem. Só não gosto de ver você comendo assim! Precisa se alimentar melhor agora e isto aqui, não é uma refeição! 
__ Eu sei, mas estes sanduíches estão bem saudáveis e outra, preciso me cuidar, não engordar! Prova! - deu um sanduíche a ele. Caio pegou e levou a boca, mastigando com gosto.
__ Tem razão, estão muito bons! 
Adriane serviu um copo de suco e ofereceu a ele, que não rejeitou.
Ficaram um tempo ali, comendo e conversando e de vez em quando Heitor dava uma ou outra opinião sobre o assunto que falavam.
__ Parece bem distraído, mas está sempre com as orelhas em pé. - Caio brincou falando do filho .
__ Jamais subestime sua capacidade de assistir desenho e escutar tudo o que se passa ao seu redor. - ela riu.
__ Já imaginou a gente com outro aqui? - ele chegou mais perto de onde ela estava  no sofá.
__ Estou tentando... mas não vai ser a "a gente" todo dia. - ela o encarou.
__ Vai sim. - afirmou ele baixinho em seu ouvido, aproximando mais o rosto do dela. Adriane sentiu o hálito quente perto de sua boca.
__ Assim que me perdoar, vamos voltar a ser como antes... eu sei que também me quer... - os lábios dele agora, roçavam de leve os seus, tirando o fôlego de Adriane, a fazendo desejar ser beijada. __ Se quisesse outra mulher em minha vida estaria nesse momento com ela e não com você...você me fez mudar, Adri...não tem noção do que está fazendo comigo. 
__ Caio... para com isso... - sussurrou. __ Aqui, na frente do nosso filho não é lugar para discutirmos esse assunto. - ela o empurrou com delicadeza.
Caio passou a mão pelos cabelos e suspirou .
__Tem razão, desculpa. Me empolguei. - se afastou olhando o relógio em seu pulso. __ Quer que eu ponha Heitor na cama? Já são quase nove horas. Vou pra casa, ficar ao seu lado e não poder te tocar pra mim é tortura. Se ele dormir aqui, você o levará no colo e sabe que não dá para carregar peso nos primeiros meses.
Adriane o olhou admirada.
___ Anda lendo sobre gravidez, Caio?  Porque está muito por dentro pra pai de primeira viagem!
Caio sorriu e abriu no celular uma página que falava sobre o tema.
Adriane não pode conter o riso e ele indagou sério.
___ Qual a graça? Quero ficar por dentro, quero participar...Perdi a gestação de Heitor e nessa quero estar presente o máximo possível!
___ Nenhuma graça, só que, quem te viu, quem te vê... - respondeu sem jeito Adriane. __ Desculpa.
___ Pra falar a verdade, só você não vê que mudei, que não sou mais o mesmo. Mudei por você, por Heitor... -disse sério, se levantando e indo até a cozinha. Adriane o seguiu.
___ Desculpa, foi só uma brincadeira. - ela mordeu o lábio inferior.
Caio se escorou na pia, cruzando os braços.
___ Estou tentando fazer as coisas darem certo, Adriane, mas parece que só eu estou disposto a isso!  desabafou. __ Nunca fiz isso por ninguém!
Adriane se aproximou.
___ Sabe o que mais me dói, Caio? Você achar que está tudo bem, que tenho que esquecer o que vi naquelas fotos, que tenho que acreditar num laudo sobre drogas ... Não está tudo bem! - suspirou. __ Às vezes, paro e penso que o que vivi com você foi um erro! Desde o dia em que nos reencontramos tem sido assim, vivendo na expectativa... desejando que me amasse... não conseguindo pensar em outra coisa a ser em você e quando finalmente, quando tudo se  ajeitou... essa maldita viagem destruiu minhas expectativas! A incerteza paira sobre minha cabeça. As coisas precisam ser esclarecidas, senão vou viver sempre insegura e na dúvida e por mais que diga que me ama, não posso submeter meus sentimentos a uma vida assim, não seria justo comigo!
___ O que vejo é você pondo empecilho! Nunca vai saber o tamanho do meu amor se não me der outra chance! E só pra lembrar Adriane, por mais que eu te ame, não vou mendigar o seu amor pra sempre. Tudo tem limite!
Saiu da cozinha e Adriane ouviu sua voz convencendo Heitor a ir para a cama.
A conversa de Caio ecoava em sua cabeça. Não sabia o que fazer. O amava demais, mas não poderia conviver com a dúvida.
As palavras soaram como ameaça e sabia que ele falava sério. Caio não era um homem de pedir nada a ninguém e menos ainda, rastejar por amor.
Voltou a sala e o esperou. Caio estava chateado e não queria terminar assim um domingo que tinha sido tão bom.
Ouviu seus passos se aproximando pelo corredor e assim que chegou a sala parou no meio dela, a encarando.
___ Vou para o meu apartamento. Se quiser ficar em casa, amanhã, tudo bem. É uma questão de justiça, trabalhou muito na minha ausência e como você disse, merece uma folga!
___ Caio... - tentou falar com jeito vendo que sua expressão tinha mudado.
___ Já vou Adriane. Se precisar de mim ou sentir-se mal, me chama. - disse pegando as chaves do carro no aparador.
___ Caio, desculpa. Não quero que fique chateado comigo.
___ Não estou chateado. É outro sentimento, sabe? A mulher que amo e que vai ter mais um filho meu, não acredita em mim. Logo eu, que reconheci erros, pedi desculpas e dei outra chance quando, eu tinha a certeza de não poder gerar filhos e ela apareceu com um menino lindo, de três anos, dizendo que era meu. Por amor, acreditei nela e toda hora minha consciência dizia que ela não era uma mentirosa, que tinha se enganado nas contas de sua gravidez, que tinha se confundido em relação a paternidade do filho... Magoado é a palavra mais certa, Adriane. - desabafou, o olhar cansado,  saindo em direção a porta.
Adriane ficou sem ação o olhando sair.
Não teve como segurar as lágrimas e chorou abraçada numa almofada.
Como gostaria de estar feliz ao lado de Caio.
Adormeceu ali, acordando no meio da noite e indo para o seu quarto. Deitou e demorou a pegar novamente, no sono pensando em tudo.
Decidiu que iria trabalhar na manhã seguinte. Ficar em casa seria pior e ocupar a cabeça era preciso.

Ainda era cedo, quando ela chegou ao escritório. A noite não tinha sido das melhores e ao levantar, seus olhos estavam inchados, então teve que caprichar na maquiagem para disfarçar.
Entrou na cozinha anexa e preparou um café, indo em seguida para sua sala.
Abriu as persianas e as cortinas do escritório e logo em seguida ouviu vozes na antessala. Cíntia acabava de chegar e junto, Caio, dando algumas ordens do que deveria ser feito na manhã.
Ao entrar no escritório, se surpreendeu ao lhe encontrar trabalhando.
__ Bom dia, Caio! - cumprimentou Adriane com um meio sorriso no rosto.
__ Que surpresa, achei que tinha te dado folga hoje!
__ Estou grávida, não doente. - rebateu ela em voz baixa para que Cíntia não ouvisse, pois a porta estava entreaberta.
__ Tudo bem, você é quem sabe. - concordou sentando a sua mesa, ligando o computador.
__ Só tem um problema, Caio.
Ele a encarou pronto a escutar.
__ Seria pedir muito se não usasse perfume de manhã cedo? Ele me enjoa.
Caio sorriu em compreensão.
__ Claro. Não usarei mais. Desculpa , deveria ter me tocado.
__ Não tinha como adivinhar... agora já sabe. Caio? - chamou com voz suave.
__ O que é? - os olhos na tela do computador.
__ Desculpa por ontem... estou no momento, sendo egoísta, eu sei. 
__ Tudo bem. Já passou, esquece.
__ Não. - levantou se aproximando da mesa dele.
__ Pensei muito, ontem, depois que  me disse aquelas palavras... Também quero que as coisas dêem certo entre a gente. Só me dá um tempo, tá? 
Caio se levantou e  se aproximou mais dela, ficando muito perto.
__ A questão é, quanto tempo, Adriane? Eu te amo, vamos ter outro filho e quero vocês três comigo. E acho sim, que está sendo egoísta, ainda bem que reconhece isso. Heitor quer me ter por perto e essa criança também vai querer.
Adriane se afastou, ele sabia usar de persuasão e ela não estava conseguindo resistir. Sorriu sem jeito para disfarçar. As palavras de Caio soavam em tom de verdade e a deixavam confusa em relação a que atitude tomar.
A imagem de Cíntia apareceu na porta, cortando a conversa pela metade, o que deixou Adriane aliviada .
__ Bom dia, Adriane! - cumprimentou fingida.
__ Como vai, Cíntia? 
__ Muito bem, mas parece que você não, né? Sua aparência está horrível! Não dormiu bem?
Adriane olhou para Caio e voltou a sua mesa, não respondendo as alfinetadas da outra.
A manhã passou rápida em meio a tanto trabalho e Adriane ao meio-dia, ficou de encontrar Julio para almoçar, o que deixou Caio ressentido, saindo sem se despedir dela. 

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