Capítulo 18

7.4K 555 11
                                    

Adriane abriu os olhos lentamente, tentando se adaptar a claridade que entrava pelo vidro da porta que dava acesso a sacada.
Olhou para o lado e Caio dormia. Os cabelos castanhos caindo sobre sua testa. Afastou seu braço que jazia sobre a sua barriga, com cuidado, pra não acordá-lo. Passou delicadamente, a ponta dos dedos sobre a barba bem aparada, parando nos lábios entreabertos, os contornando. Subiu o toque carinhoso, afastando os cabelos dos seus olhos.
Uma onda de sentimento tomou conta de sua alma. Tê-lo assim, dormindo, ao seu lado, depois da noite que passaram juntos, sempre foi o que mais desejou depois, daquele primeiro, encontro em Madri.
Caio jamais poderia sonhar que ela estava apaixonada por ele, sabia que o perderia, caso isso acontecesse. Sempre foi muito direto que não pretendia se apaixonar  e que o amor era carta fora do baralho em seus relacionamentos.
Levantou com cuidado e foi ao banheiro, entrando debaixo da água quente. Sorriu de lado, ao lembrar da noite anterior... Caio sabia fazer uma mulher delirar de prazer  em seus braços; era um amante extremamente, experiente.

Ouviu quando a porta do box se abriu e uma mão passou sobre seus cabelos, ajudando a tirar o shampoo que escorria pelos longos fios debaixo d'água.
__ Fugiu de mim? Posso saber o motivo desse sorriso debaixo do chuveiro? - indagou, a abraçando pelas costas, enquanto massageava seus seios ensaboados e beijava seu pescoço.
__ Não fugi... - se esfregou nele, sentindo sua ereção cutucar sua bunda. __ E o motivo do sorriso, você sabe bem qual é... 
__ Podemos repetir a dose agora, se quiser... - falou, passando a mão delicadamente, sobre seu sexo bem depilado. __ Me levou a loucura ontem... não consigo manter as mãos longe de você!
Adriane riu, se virando, pegando o sabonete e passando em seu peito numa leve carícia.
__ Pois sinto te dizer que teremos que brincar mais tarde... Porque daqui, a exatamente, trinta minutos, alguém entrará por aquela porta me dizendo que está com fome. Esqueceu que além ser sua amante e secretaria, sou mãe? E não importa o quanto eu esteja desejosa de fazer sexo com você, meu filho sempre será minha prioridade...
Ele sorriu, esfregando seus ombros.

__ Admiro isso em você... O cuidado que tem com ele ... se privando de muitas coisas... Acredite , conheci mulheres que não davam a mínima se seus filhos sentiam ou não a falta delas.
__ Suas amantes? 
__ Algumas solteiras, outras casadas...
__ Casadas, Caio? Não perdoa ninguém, né?
__ Minha vida sempre foi esta, Adriane. Gosto de sexo e era um toma lá, da cá... Nunca prejudiquei ninguém com isso . Sabe que sou sempre sincero nas minhas relações.
__ Isso tenho que concordar. - o beijou de leve nos lábios, saindo do box, vestindo um roupão.
Passou para o quarto e escolheu uma calça jeans e um blusão não muito grosso de lã. Calçou  botas, penteou seus cabelos úmidos e avisou que desceria para fazer o café.
Alguns minutos mais tarde, Caio apareceu na cozinha, com Heitor em seu colo, enrolado numa manta de lã. O menino quando a enxergou já anunciou dengoso.
__ Tô com fome...e quero ver desenho.
Adriane sorriu e se aproximou deles.
__ Ouviu o que te falei no banho? Conheço bem a ferinha aqui! - disse dando um beijo na bochecha do filho e torcendo de leve a ponta do pequeno nariz gelado. __ Tio Caio, pode fazer o favor de ligar a televisão? - pediu Adriane com carinho. 
Caio sorriu pensando no quanto aquela cena se fizera presente naquela casa quando ele e seus irmãos eram pequenos.
Parece que toda mãe age, sempre, do mesmo modo ... deve ser instinto materno, o nome disso. - pensou.
__ Enquanto sua mãe prepara seu leite, nós podemos acender a lareira. O que acha, Heitor? 
__ Eu quero! - disse levantando a cabeça do ombro de Caio subitamente .
__ Então vão! Vou fazer torradas também. - anunciou enquanto eles já iam para a sala.
Adriane preparou o leite e enquanto ele esquentava, admirou o gramado branquinho, forrado pela fina camada de geada. 
De repente, se viu numa cena: ela, Caio e crianças correndo por ele.
É tudo o que quero da vida no momento.- pensou sendo despertada pelo bip do microondas.
Para de sonhar, Adriane! Caio não quer casar, não quer filhos e não quer se apaixonar! - sua voz interior a repreendeu.
Ligou a torradeira e pôs o leite numa caneca térmica e foi em direção a sala.
Encontrou Heitor e Caio, em frente a lareira , com o fogo já no início.
Alcançou o leite ao filho, que reclamou:
__ No copo não, mamãe! Eu quero naquilo... - disse baixinho, pondo a mão na boca para que Caio não ouvisse.
Caio sorriu balançando a cabeça.
__ Tem certeza? Vai querer que tio Caio veja, "aquilo"? - alertou Adri, piscando um olho, se referindo a mamadeira, que ele insistia em não querer deixar.
__ Tá bem... - concordou imediatamente. __ Tio Caio, sabia que não sou mais bebê? Tomo meu leite no copo.
__É isso, ai! Garotos não precisam de mamadeiras! - disse levantando e entregando o copo ao menino, que pegou e sentou no canto do sofá, já com os olhos vidrados no anuncio do próximo desenho.
Caio sentou também e puxou Adriane para seu colo, o que a fez dar um gritinho de surpresa com o gesto repentino.
Beijou sua boca e logo seu pescoço e Heitor riu.
__ Tio Caio é vampiro! Você é namorado da minha mãe. - concluiu o garoto esperto.
Adriane se desvencilhou das mãos de Caio, levantando.
__ Não, Heitor, eu sou só, digamos, um amigo.
__ Tio Juan é amigo da minha mãe e ela não beija ele na boca. Só namorados fazem isso.
Adriane não conteve o sorriso vendo Heitor por Caio contra parede.
__ Se vira, bonitão! - disse debochando dele . __ Vou ver minhas torradas, que já devem estar prontas.
Caio se levantou e passou a mão na cabeça do garoto.

__ Vou te acompanhar. - ele riu, se esquivando de dar mais explicações.
Adriane arrumou a mesa e Caio entrou no assunto que deixaram pendente na sala.
__ Tenho que admitir que Heitor é muito esperto. 
__ Então, Caio... melhor não ficarmos fazendo essas demonstrações na frente dele. Não quero que ele crie expectativas em relação a nós. Não quero fazê-lo sofrer.
__ Desculpa, Adri , não farei mais isso, tá bem? Eu te entendo. 
Ela mordeu um pedaço de torrada com mel, tentando disfarçar a decepção de ouvi-lo concordar com o que ela disse, no fundo, esperava que ele fizesse ao contrário, dizendo que nada importava e que gostaria que as coisas durassem entre eles. 
Caio quebrou o silêncio que se fez no recinto. 
__ Depois do café, poderíamos dar uma saída ... ir ao centro de Gramado... Heitor irá gostar  e podemos almoçar por lá . 
Ela levantou o olhar e sorriu.
__ Claro, vou ajeitar as coisas aqui e arrumar Heitor. - disse se levantando, ficando de costas para Caio na beira da pia.
Enquanto ele tirava a mesa, a observava.

__ Qual nome a gente dá para o que aconteceu conosco? - indagou ele.
__ Como assim, não entendi? - se virou para encará-lo.
__ Isso, da gente se encontrar novamente... e essa loucura toda que está acontecendo. 
- completou se aproximando dela, ficando a poucos centímetros.
Ela sorriu e o abraçou pelo pescoço, dando um selinho em seus lábios, que logo se transformou num beijo cheio de paixão.
Caio subiu a mão por baixo do blusão e acariciou suas costas, provocando arrepios ao longo de sua espinha.
Ele sorriu, ainda, com os lábios colado nos dela, ao ver as sensações que suas mãos provocavam.
__ Porque não consigo resistir a você? - indagou perto do seu ouvido.
__ Coisas que não têm respostas,Caio. _ sussurrou, suspirando e sentindo os dedos dele subirem ao encontro do seu seu seio, apertando de leve o bico.
Adriane queria dizer que tudo o que ela sentia era porque o amava, mas faltou coragem, principalmente, porque ainda precisava contar sobre o filho.
Desceu ela, a mão por seu abdome, sentindo seus músculos retesados devido a sua excitação. Afastou o elástico da calça de moletom que usava e enfiou a mão, acariciando seu membro por cima da cueca. Caio gemeu baixinho e ela sorriu.
__ Gosto de te ter assim, entregue a mim. Sinto que poderia fazer qualquer coisa com você ...
__ Gosta de dominar, não é mesmo?
Ela o olhou, sorriso lascivo.
__ Me sinto poderosa quando ouço seus gemidos de prazer...Saiba que essa sensação de entrega, também acontece comigo.. .- m
ordeu de leve o lóbulo de sua orelha, tirando a mão e se afastando.
__ Vou arrumar Heitor. Já voltamos.
Caio a olhou surpreso com a reação dela e ficou ali,  duro, esperando sua ereção diminuir.

**************************************************************************************
 A manhã foi perfeita. Heitor se encantou com o centro da cidade, que nessa época do ano, estava repleta de turistas de todas as partes do Brasil.
Adriane os observava. Caio, exercia um instinto de pai que nem ele mesmo sabia que existia. Era simplesmente encantador ver os dois se divertindo juntos.
Por fim, almoçaram num restaurante, um pouco, afastado de toda aquela agitação.
Voltaram cerca de duas horas da tarde e assim que entraram pelo  caminho rodeado de hortênsias, Caio anunciou que iriam ao lago .
Heitor que estava meio sonolento, despertou imediatamente.

Desceram do carro e os dois sumiram juntos para arrumarem o material para a pescaria. Adriane subiu, preparou um lanche e arrumou numa cesta, que encontrou na área de serviço da casa  e saiu a procura deles. Os encontrou, já a espera dela.
__ Mamãe, tio Caio cavou atrás de minhocas! Ele disse que é para atrair os peixes.
__ Sério, que tio Caio fez isso? - disse piscando para  ele
__ Sim!!
__ Então melhor irmos antes que fique tarde. - disse ela.
Caio os guiou até uma escadaria feita de pedras,  parando no final, onde  um portão de ferro gradeado dava acesso ao lago.
Ele explicou:
__ Mantemos sempre fechado, por causa do lago. Segurança sempre em primeiro lugar, principalmente, quando tem crianças por aqui.
O lago aquela hora da tarde brilhava sob os raios do sol que batiam na suas águas claras e
Adriane estendeu um cobertor, sentando em posição de Yoga. Sob a lente dos seus óculos de sol, podia admirar pai e filho se divertindo.
Caio, depois de algum tempo, acenou com a mão e ela se aproximou, sentando numa pedra ao lado deles.
Heitor, com o caniço na mão, virou, pondo o dedinho nos lábios, pediu silêncio.
Caio sorriu, orgulhoso, pois o menino seguia exatamente suas instruções.
Não demorou muito e a vara mexeu; Heitor soltou gritinhos de alegria quando se deparou com um minúsculo peixe se debatendo no anzol.

Adriane tirou seu celular do bolso e registrou a cena. Ela se surpreendeu quando o filho obedeceu Caio e devolveu o pequeno peixe de volta a água.
__ Me explica como consegue as coisas dele? - indagou, baixo, de canto de boca, para  o filho não ouvir.
Caio riu daquele gesto.
__ Vai ver tenho jeito para persuadir ... - piscou malicioso, se referindo também a ela, a qual foi persuadida a ficar com ele.
 Adriane não se conteve e soltou uma gargalhada.
__ Admito que nesse quesito você é muito bom! Mas falando sério, como consegue que ele te obedeça? Se fosse comigo, ele levaria esse peixe para casa e até dormiria com ele.
__ Não sei... Acho que deve ser falta de uma figura masculina, que imponha limites nele.
__ Talvez esteja certo... - desviou o olhar, evitando que fosse traída por ele.
A tarde passou um pouco mais demorada e enquanto Heitor brincava de pescador, Caio e Adriane passavam um tempo tipicamente de namorados. Ela sentada no meio de suas pernas, conversando sobre assuntos variados, enquanto lanchavam sob o sol fraco de inverno.
Foram embora quando o sol começava a se por  e o frio se preparava para assumir seu papel na escuridão que dali a pouco chegaria.
Se não fosse pela morte trágica de sua irmã, a felicidade de Adriane estaria completa.

Palavras Não Ditas 🔞 Proibido Para Menores 🔞.Onde histórias criam vida. Descubra agora