Capítulo 22

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Caio estacionou e desceu, voltando em seguida, com um pacote na mão.
__ A atendente disse que essa é a melhor que dispunham para queimaduras. - avisou abrindo o frasco e depositando uma camada generosa do creme na ponta dos dedos, passando em seguida, delicadamente,  no vale entre seus seios.
A proximidade dele, lhe tirava os sentidos e o perfume que usava era delicioso. Seu desejo foi maior que a dor que estava sentindo. O fato de tê-lo assim, tão próximo dela, os dedos roçando sua pele, a levou a cometer a loucura de roubar um beijo.
Caio não resistiu, sentindo sua boca macia deslizar sobre seus lábios, sua língua  se enroscar na dela.
O beijo antes forte, foi acalmando até que seus lábios úmidos se descolassem por completo.
Adriane o olhava dentro dos olhos, queria entender  muitas coisas, mas não conseguia. Se deu conta que talvez, estivesse fazendo papel de trouxa.
__ Desculpa... - pediu ela e baixou os olhos.
__ Se sentiu vontade não precisa se desculpar. Tudo muito normal, Adriane.
__ Caio... a gente...onde foi que nos perdemos? Estou tentando entender sua atitude...
__ Agora não é hora de falarmos nisso. Vamos pegar Heitor. - disse limpando os dedos num lenço de papel, que tirou do porta luvas.
Ligou o carro, cortando todo e qualquer tipo de conversa com ela. Sua expressão era dura agora.
Pararam quase em frente da escola de Heitor, que já não tinha muito movimento, as crianças já haviam saído.
Adriane ligou, pedindo se poderiam levá-lo até o carro, explicando a situação à monitora.
Caio o esperou com a porta aberta.
__ Tio Caio! - Heitor correu abraçando as pernas dele.
__ E aí, campeão? Hoje, eu, vim te buscar!
Adriane olhava pelo espelho do carro. Seria muito cruel da parte dele se não ligasse para o filho. -  pensou ela
__ Minha mãe não veio?
__ Veio sim, está ali. - Adriane acenou pra ele e agradeceu a monitora.
Caio o ajeitou no assento elevado, havia ficado ali, no dia anterior, rumaram até o apartamento dela.
Adriane, procurou a chave na bolsa, abrindo a porta.
__ Dói mamãe? - indagou o garoto sobre o vermelhão na pele.
Ela o olhou, estava no colo de Caio.
__ Não meu  amor, não está doendo mais. - olhou com ternura para ele.
__ Vou cuidar de você, mamãe, não se preocupa, tá?
Adriane atirou um beijinho para o filho que se desvencilhou do colo, indo até o quarto.
Caio ficou parado na entrada.
__ Obrigada, por me dar uma carona... - sorriu sem brilho.
__ A culpa foi minha, Adriane. Se não estiver bem, não precisa ir trabalhar amanhã, ok?
__ Nem sei porque, não me demite de uma vez, Caio. Vou entender perfeitamente...
__ Quem aqui, está falando em demissão? Disse que pode ficar em casa! Abafar essa queimadura, só vai piorar!
__ Eu estou falando, Caio! - respondeu a pergunta dele. __ Sou dispensável agora. Passei todo o dia fazendo coisas insignificantes...Sabia, que odeio me sentir inútil? Sei da minha competência. Está misturando as coisas!
__ Esperava o quê? Uma promoção por mentir descaradamente, que ele é meu filho! - falou em tom baixo, porém agressivo.
__ Claro. Sou uma imbecil, né? Mentir sobre paternidade nos dias de hoje, Caio?! - falou mais baixo ainda, para Heitor não perceber que estavam numa discussão.
__ Eu não sei qual é a sua real intenção e porque me contou sobre ele!
__ Quer saber? Eu é que não sei o porquê disso tudo!  Você não fala, eu não entendo!
Caio suspirou e ela continuou:
__ Sábado à noite, estava me preparando para me dispensar quando veio com aquela conversa de prioridades ... de futuro...Aí, veio a história de Heitor ... foi a chance pra dar um basta, né?
Sua voz transmitia no tom a raiva e a mágoa que sentia dele.
__ Fica tranquilo, não costumo importunar pessoas que não me querem. Tenho amor próprio! O beijo do carro, já pedi desculpas...Não vai mais acontecer.  Acabou, está acabado! Heitor jamais saberá que você é o pai dele.
__ Para com isso! Heitor não pode ser meu filho! Porque insiste nisso?
__ Porque é a verdade, droga! - ela falou entre dentes, baixinho.
__ Tá bem, vou concordar para não discutir na frente de Heitor, mas eu sei que isso é impossível! - disse se retirando, fechando a porta atrás de si.
__ Mamãe? Tio Caio foi embora e nem brincou comigo... - reclamou ele.
O coração de Adriane se apertou. Caio chegou conquistou os corações dos dois e agora saía de suas vidas sem ao menos lhe dar uma explicação.
__ Ele estava com pressa, meu amor! Tio Caio está com muito trabalho. Acho que vai demorar para voltar aqui.
__ Que chato! Minha tia foi embora, tio Caio não vem mais... Será que ele vem no meu aniversário?
__ Seu aniversário vamos fazer na escola. Vamos abrir o notebook e procurar uma decoração bem legal! O que acha?
__ Yes!!! Quero do Homem de Ferro! Tio Caio disse que ia trazer o dele e não trouxe.
Adriane abriu uma página de decorações de festas no Pinterest. Tentava distrair o filho para não fazê-lo sofrer.
Caio não se importava mais e isso era tudo.
A noite caiu e Adriane arrumou a cama para trazer Heitor, que como sempre dormiu no sofá assistindo desenho animado. 
Ligou a televisão para não se sentir tão sozinha e a lembrança da irmã e das conversas que tinham quase toda a noite, antes de dormir, a fizeram chorar.
Tinha sido forte até aquele momento, mas já não conseguia isso. A saudade bateu sem dó. Chorou até dormir.
Acordou gelada. Sua cabeça doía, sua garganta também. Foi até a cozinha e tomou um comprimido pra dor
Deitou ao lado do filho, não queria ficar sozinha.

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