Capítulo 34

6.7K 551 21
                                    

Adriane sentou em frente a Julio, suspirando, depositou a bolsa na cadeira ao lado.
__ O que foi, Adriane? Que cara é essa?- ele indagou.
__ Caio. Toda vez, que entramos no assunto "Heitor", acabamos discutindo. Estou cansada disso, Julio! O exame é amanhã.
__ Calma. Não adianta ficar assim, estressada. Ele não está fazendo isso por mal, só quer ter certeza . 
__ Eu sei. Na verdade, discutimos sempre por besteiras. Parecemos dois adolescentes! - desabafou.
__ Me conta, ele te deu alguma indireta de que tenha ficado com ciúmes?
__ Me disse para eu e você sermos discretos na empresa.- riu, logo ficando séria novamente. __ Hoje, pela manhã, me avisou que vai levar Cíntia a São Paulo. Ele nunca vai amar alguém de verdade... Não vou me iludir mais com isso! 
__ Quem disse, Berenice?! -Julio a repreendeu, fazendo uma careta. __ Eu conheço os homens e este é seu! Só não admite porque está inseguro sobre você. Igual ao irmão que demorou pra  me dizer que me amava e por medo preferiu me perder!
__ É diferente. Caio sempre foi assim, não vai mudar. Ah, se arrependimento matasse!
Julio fez um sinal com a cabeça.
__ Não olha agora, mas advinha quem acabou de entrar aqui?
Adriane franziu a sobrancelha em interrogação.
__ Caio, amiga! Disfarça e entra no meu jogo, por favor.
Julio pegou a mão dela, acariciando. Era um ator, pensou Adri.
Os olhos fixos nela.
__ Não olha pra ele e me olha como se estivesse apaixonada.
Adriane, teve vontade de rir, mas obedeceu ao amigo.
Caio se aproximou. 
__ Posso sentar aqui com vocês? A lanchonete está lotada! -  puxou a cadeira, entregou a bolsa a Adriane e sentou.
__ Claro. Que surpresa, nunca vem aqui!- disse ela . 
__ Só vim uma vez, há muito tempo. Lembro que não tinha esse movimento todo.
__ O sanduíche daqui é ótimo!- disse Adriane.
__ Acabou de sair de uma pneumonia e fica se alimentando de sanduíche... - repreendeu Caio.
Julio não se conteve.
__  À noite, sempre faço uma comida mais saudável para ela, Caio! - jogou Julio estendendo a mão e tocando uma mecha de cabelo que caía nos olhos dela, colocando atrás da orelha  e Adriane observou as reações de Caio. 
Caio se mexeu na cadeira e Adriane mudou o rumo da conversa. Não gostava de brincar assim com os sentimentos dos outros, não era uma adolescente, apesar de não saber o que Caio realmente sentia por ela.
Esse papel, o de brincar, era dele.
__ Então teremos uma festa de cinquenta anos da Santelli? - indagou ela, mordendo um pedaço do sanduíche.
__ Sim. Meu pai faz questão. Ele e meu avó trabalharam duro pra erguer a empresa, então, nada mais justo que queira comemorar.
__ Tenho que me programar... arranjar alguém pra ficar com Heitor. Não perco essa festa por nada! - exclamou Adriane.
__ Nem eu e você vai comigo, meu anjo! Não aceito negativa como resposta. -  disse Julio categórico.
Adriane baixou os olhos diante da encarada que Caio lhe deu, como se não acreditasse no que estava vendo. Seu maxilar trancou.
__ Claro. Já combinamos. Não mudarei de ideia.- afirmou ela.
A conversa que se seguiu, girou em torno da empresa até o horário de voltarem ao trabalho.
Caio foi o primeiro a deixar o local.
__ Viu como ele ficou quando disse que você seria minha companhia? -  falou entusiasmado o amigo.
__ Não sei. Não vi nada diferente nele. Ele é sempre assim.
__ Você é sonsa ou se faz, amiga? Por favor, é visível que ele se incomoda quando nos vê juntos.
Adriane riu e o encarou.
__ Como consegue se manter tão hétero na frente dele? - perguntou curiosa.
__ "Faz parte do meu show,  faz parte do meu show...meu amor!" - riu, parafraseando Cazuza. Noventa por cento do tempo sou hétero, só desmunheco quando estou com pessoas que me aceitam. 
Adriane o abraçou pela cintura. 
Devia ser difícil pra ele atuar o tempo todo, fingindo ser alguém que não é, para não ser alvo de preconceituosos ignorantes.
Saíram assim, abraçados, conversando descontraidamente da lanchonete e atravessaram a avenida movimentada, entrando no enorme prédio.
Pararam em frente aos elevadores. Nesse horário, o fluxo de pessoas era grande e a a espera era inevitável.
__ Olá, colegas! - a voz insuportável de Cíntia os fez virarem a cabeça.
__ Como vai, Cíntia? - cumprimentou Julio.
__ Não melhor que vocês dois! Parece que temos um novo romance por aqui. Ainda bem que a política da empresa permite isso!
Adriane a encarou.
Que pessoa indiscreta, pensou, como Caio conseguia sair com uma criatura totalmente sem classe dessas!
Julio e Adriane se entreolharam. O comentário não merecia uma resposta da parte deles.
O amigo desceu no sexto andar, se despedindo dela comum beijo no rosto.
Quando o elevador parou no andar da presidência, Adriane caminhou segura corredor a fora. Não estava a fim de socializar com a colega.
Assim que entrou, foi direto ao banheiro, voltando em seguida para sua mesa. 
Precisa começar o trabalho que Caio lhe dera. Era a chance de subir na empresa, não iria desperdiçar isso!
Passou o resto da tarde concentrada no trabalho.
Caio não apareceu.

Palavras Não Ditas 🔞 Proibido Para Menores 🔞.Onde histórias criam vida. Descubra agora