Capítulo 13

7.4K 587 22
                                    

Caio entrou no restaurante correu os olhos pelo recinto até avistar ela numa mesa, num canto mais reservado mexendo no celular.
Quem a visse, assim, tão distraída, não imaginaria todo o sofrimento que a tinha atingido no último dia.
Como se percebesse que estava sendo observada, levantou os olhos e sorriu ao enxergá-lo. Aquele sorriso o desmontava.
Se aproximou, dando um beijo fraternal em seus cabelos.
__ Achei que não viesse mais! - reclamou Adriane.
__ Desculpa, tive que participar de uma reunião de emergência. Cíntia não estava se achando na papelada e tive que ajudá-la com algumas coisas.
__Cíntia? - indagou franzindo a testa.
__ A nova auxiliar lembra? Te falei .
__ Claro. Agora, à tarde, vou pra lá, pra nos perdermos juntas - riu. __ Duas secretárias, cada qual mais perdida que a outra! Está bem arrumado, Caio Santelli! E o pior, que além de estar pagando, ainda tem que servir de babá de uma delas. - brincou.
__Gosto de te ver assim, sorrindo. Sinto que meu trabalho de "babá" está dando certo.
Ela o encarou séria.
__ Porque está fazendo isso por mim, Caio? Sou uma funcionária como qualquer outra.
__ Digamos que tenho vocação pra ser bom samaritano... - suspirou pegando uma mecha dos cabelos dela colocando atrás da orelha.
__ Estou falando sério. O que tem em mente?
__ Primeiro, que estou sendo seu amigo, Adriane. Segundo, esqueceu a minha proposta? Lembra? Relação aberta... Eu te quero e inegavelmente, você também. Estou sendo sincero. Não minto. Essa é uma das bases desse tipo de relação. Sinceridade sempre. Não engano.
Você é linda! Eu sei que não nota, mas só agora, tem no mínimo uns três marmanjos tarados em você. Eu não sou indiferente a sua sensualidade. O que me separa deles é que posso te tocar. Acredite, eles fariam de tudo pra te ter na cama e eu quero isso...Mais cedo ou mais tarde irá ceder a essa proposta.
__ Eu sensual? - riu da observação dele virando o rosto.
__ Sim. Você não tem noção! - puxou o queixo passando o polegar no lábio inferior dela. __ Seu jeito, seu sorriso, sua simplicidade. Tudo em você chama atenção.
Adri olhou ao redor, procurando a quem ele se referia. Não notou nada de diferente.
__ Não vejo ninguém me comendo com os olhos, acho que está imaginando coisas.
__ Não vê, porém, eu vejo tudo! Isso também é um diferencial, a sua inexperiência diante da vida; não profissional, mas da vida mesmo! Tem trinta anos e quantos namorados teve? Com quantos já transou?
Ela olhou para o lado, sorriso de canto, meio tímida.
__ Tive dois namorados e uma transa louca, bêbada, num quarto de hotel com um desconhecido. É isso que quer saber?
__ Viu, não sabe nada. É totalmente inexperiente!
__Não sou não! O último foi um ótimo professor! - revidou. __ Não transei muito, é verdade, mas ele me fez sentir coisas que nunca senti antes.
Caio suspirou.
__ O pai do Heitor! Fala dele como se eu não tivesse feito o mesmo com você. Talvez, não se lembre, mas eu não esqueci. Vou provar que posso ser melhor que ele!
Ela ficou vermelha. Ele estava querendo superar a si mesmo! Conteve o riso.
Caio mudou o assunto. No fundo se recriminava por estar jogando com ela, afinal, tinha enterrado a irmã no dia anterior.
__ Desculpa, estou sendo cruel contigo.
__Tudo bem, Caio, não sei nada mesmo, não desse jeito que fala... Meus ex não me ensinaram muita coisa, até porque os relacionamentos não duraram muito. E o último, ainda me traiu. Vai ver sou péssima de cama! - desabafou, os dedos com a unha francesinha, tocando a borda do copo.
__ Está se botando pra baixo! Com certeza, esse sujeito era um imbecil!
E era mesmo, pensou Adriane, nunca tinha sentido um orgasmo com ele. Sempre fingiu para que a transa acabasse logo. A carência fazia enxergar qualidades que nunca existiram nele.
__ Amanhã, vamos trabalhar até a metade da tarde, já providenciei tudo para viajarmos.
__Tem certeza, Caio? E se as coisas não saírem como você tem planejado? Sei lá e se eu resolver que não aceito a sua proposta? Eu sei o porquê do convite...
__ Se sabe é porque entendeu as regras do jogo. Tudo bem, tem até o final da tarde, para me dar uma resposta. Vou entender se me disser que não vai. Nada mudará entre nós, digo, vou continuar tentando te convencer.
Ela o olhou não acreditando que ele a estava pondo contra a parede. No fundo ele era um lobo mau; lembrou da irmã quando disse que ele faria de tudo para tê-la de novo.
__ Ok. Te dou uma resposta à tardinha. Vou com você para o escritório depois do almoço, não quero ficar sozinha em casa.
__ Viu? Esse também é um dos motivos que quero sair um pouco. Eu sei que se ficar em casa vai ser difícil pra você; Heitor vai perguntar... Vamos unir o útil ao agradável! Mesmo que decida que não vai rolar nada entre a gente, vamos sair. - afirmou tranquilamente.
Almoçaram, conversando sobre assuntos da empresa, sobre o seguro do seu carro.
Não podia ficar sem carro precisa de locomoção rápida por causa de Heitor.
__ Amanhã, vou mandar um carro da empresa pegar vocês dois pela manhã.
Adri entendeu que ele não ficaria com ela essa noite. Talvez estivesse cansado.
Ele queria dela apenas sexo e isso ela não tinha cabeça no momento.
Seria melhor assim, estava se apegando demais a ele. Iriam passar um final de semana juntos e com certeza ele contava que algo fosse acontecer entre eles.
Sentiu um frio na barriga só de pensar nisso. Estava louca por ele, a química era muito forte.
Sua vontade era se entregar sem reservas, entrar no jogo dele, seria bom enquanto durasse.
Adriane bebeu um pouco do suco.
Ele leu seu pensamento.
__ Tenho um compromisso hoje à noite. Queria te fazer companhia, mas não vai ser possível.
__ Não precisa se explicar Caio. Relação aberta, lembra? Sem cobranças. Talvez seja melhor irmos nos acostumando...
__ Entendo essa resposta como uma possibilidade?
Ela não respondeu. Levantou, pedindo licença e foi ao banheiro.
Pretendia seguir as regras do jogo até quando aguentasse.
Ele não estava lhe enganando, estava sendo sincero. Seria apenas sexo, nada além disso.
Uma decisão teria que ser tomada até a tardinha. - pensou .
O relógio marcava quase duas horas, seguiram para a empresa .
Adentraram a sala e uma moça alta, magra, cabelos encaracolados até o meio das costas, morena clara, levantou e veio ao encontro deles.
__ Caio, Ivan pediu se pode ir até a sala dele. Precisa de uma opinião sobre os custos de um projeto de São Paulo.
Adriane notou que os seios dela quase arrebentavam os botões da blusa que usava. Seios fartos com próteses de silicone.
__ Adriane, essa é Cíntia, sua auxiliar. - Caio as apresentou.
Cíntia a examinou de alto a baixo, parando para olhar Adriane nos olhos.
__ Então você é a outra secretária! Muito prazer. - sorriu falsamente e Adri percebeu logo essa atitude.
Caio se dirigiu a Adriane pedindo:
__ Por favor, tire algumas dúvidas da Cíntia. Tenho certeza que será de utilidade pra ela. - girou indo para porta em busca da sala de Ivan.
__ Tem alguma coisa em que possa ajudar, Cíntia? - perguntou solícita.
__ Na verdade, não. Caio que acha que não domino o trabalho. Hoje mesmo, ele tirou todas as minhas dúvidas. Passamos a manhã toda trancados na sala dele.
Adri sentiu o rosto queimar, percebeu pelo jeito que ela estava lhe tratando longe de Caio, que teria problemas com a moça. Manteve a calma e a discrição. Era uma profissional.
__ Tudo certo, então. Se precisar de ajuda, estou aqui. A propósito, a agenda de Caio é comigo.Só a usará quando eu não estiver presente.
Preciso que mande alguns e-mails para Montevidéu.
Vou buscar os relatórios da reunião de terça e já passo o assunto pra você. Não tome nenhuma decisão sem falar comigo, por menor que seja, ok?
Ela concordou, sentando atrás de sua mesa, cruzando as pernas sensualmente.
Adriane não gostou dela. Tinha o nariz empinado demais para uma simples auxiliar de secretária.
Saiu, entrando no escritório de Caio. Procurou nas pastas verdes em cima da mesa, não as encontrou, talvez estivessem na gaveta.
Abriu a gaveta, só havia um envelope amarelo lá. Não se atreveu a abrir. Não costumava mexer em coisas em que não estava autorizada.
Fechou.
Enquanto procurava, seus pensamentos estavam em Caio. Contaria sobre Heitor antes de transar com ele. Tinha que saber como ele reagiria a notícia.
Achou os relatórios em cima do sofá, que se localizava no canto do escritório. Cíntia não era muito organizada com papéis; estavam todos fora de ordem.
Os pegou e saiu.
__ Cíntia, vou fazer uma observação, espero que não me leve a mal. Quando usar as pastas com os relatórios, por favor os coloque em ordem por data em que foram redigidos. Os achei em cima do sofá de Caio, todos bagunçados.
Ela riu, como se debochasse de Adriane.
__ Desculpa, acabei esquecendo! Caio saiu atrasado. Ficamos tão distraídos que nem vimos o tempo passar!
__ Por favor, cuide isso. Mesmo que ele deixe jogado, é nossa obrigação arrumá-los. Se estiver atrasada, me avise que faço isso, ok?
__ Claro . - disse torcendo o nariz.
Que petulância dessa garota! Se continuar assim, pedirei outra auxiliar para Joana - pensou.
" ...estávamos tão distraídos..." O que estavam fazendo? Com aquele par de peitos arrebentando os botões da blusa não era difícil de imaginar. Um homem como Caio, não ficava sem transar nem um dia! Ainda mais no estado em que se encontrava na noite anterior quando dormiu ao seu lado.
Sentiu raiva deles.
Adriane ouviu vozes, Caio e Ivan entraram na sala.
Ivan se dirigiu a ela.
__ Como está, Adriane? Sinto muito o que aconteceu com sua irmã. Aliás, nem devia estar aqui. - olhou intrigado para Caio.
__ Nem me olha; ela que insistiu.- se defendeu ele.
__ Sim, Ivan, não quero ficar em casa pensando. Ocupar a cabeça é o melhor que eu tenho a fazer agora.
__ Tem razão. - concordou Ivan.
__ Adri, por favor, dois cafés pra gente.
Cada vez que ele chamava seu nome pelo diminutivo, algo dentro dela se aquecia. Era quase como uma carícia.
__ Claro, vou providenciar.
Saiu em direção a pequena cozinha anexa ao escritório.
Cíntia a seguiu.
__ Caio me contou o que aconteceu com sua irmã.
__ Foi horrível! Pedi para ela ir de carro porque andar de ônibus é perigoso, mas mesmo assim ela foi assaltada e morta.
__ Sinto muito pela sua irmã.
__Obrigada.
__ Então tem um menininho?
__ Tenho, se chama Heitor, tem três anos, na verdade quase quatro. Faz aniversário mês que vem. Quem lhe contou? Caio?
Ela não respondeu e acrescentou
__Pois é, Caio e eu estávamos discutindo isso hoje. Ele precisará fazer uma viagem a São Paulo, até já marquei na agenda dele. Talvez eu o acompanhe, já que não poderá por causa do garoto. Acho que terá que reservar um hotel pra nós. Quer reservar ou eu posso fazer isso?
Adriane sentiu a provocação na voz dela.
__ Conversarei primeiro com Caio, vou me certificar de quantas pessoas irão. - respondeu, se controlando.
Precisava manter a calma, com certeza queria que ela perdesse a paciência, mas não iria conseguir.
Assim que o café ficou pronto levou para eles na sala.
__ Café muito bom! - elogiou Ivan. Ainda bem que sabe fazer café. Daiana não sabia, fazia um café horroroso!
__ Daiana? - ela franziu a testa.
__ Sim, a outra secretária de Caio. Aliás tem tido noticias dela?- se dirigiu a ele.
__ Achei que saber fazer café era um dos requisitos pra ser secretária de Caio. - brincou Adriane.
__ Nunca mais a vi. Estava me causando problemas demais.
Adriane não pretendia ficar ali para ouvi-los falar dessa tal Daiana. Com certeza os problemas que ele falava eram de cunho sexual.
Ninguém escapava dele. - pensou.
Saiu da sala de Caio e se concentrou no trabalho fazendo com que a tarde passasse rápida.
Olhou as horas, desligou o computador e foi até a sala dele.
__Tenho que buscar Heitor na escola; estou indo, precisa de mais alguma coisa?
__ Vou pedir que alguém te leve lá e depois ao apartamento.
__ Obrigada, mas posso pegar um táxi
__ Depois de tudo o que passou, não seria justo, com todo o frio que faz lá fora, você pegar táxi pra buscar o menino na escola. Ademais, você deveria estar em casa e não aqui trabalhando.
__ Até amanhã então. Vou procurar um motorista disponível no estacionamento. Obrigada!
__ Só isso? Não pensou no assunto que conversamos?- indagou ele.
__ Pensei. Vamos a Gramado, neste final de semana. - confirmou.
Caio levantou se aproximando dela, a puxou pela cintura para que ficasse ainda mais perto dele.
Sentiu seu pau enrijecer roçando em sua coxa.
A beijou com força; sua língua pedindo passagem. Desceu as mãos agarrando sua bunda e forçando de encontro ao seu membro. Levantou um dos lados da saia, enfiando a mão para acariciar seu sexo por cima da calcinha. Ela gemeu em sua boca.
Caio se afastou e ela não entendeu.
__ Só uma amostra do que poderá acontecer neste final de semana. Até amanhã!
Adriane estava tonta, seu sexo pulsava. Queria mais do que apenas um beijo.
Ele contornou a mesa e sentou, girando a cadeira .
__ Até amanhã.- disse ela em voz baixa.
Quando saiu encontrou Cíntia terminando de arrumar uns papéis.
__ Estou indo, vamos descer juntas? - convidou Adriane.
__ Ainda não, tenho algumas coisas para resolver com Caio. Me pediu que não fosse embora sem falar com ele.
__ Ok.
Adriane entrou no elevador. Não queria pensar no assunto, mas uma coisa era certa, ele terminaria com Cíntia o que tinha começado com ela há alguns minutos. Esse era o preço da tal relação aberta; sentiu uma sensação estranha, talvez fosse sua intuição avisando que estava pisando em terreno escorregadio.

Palavras Não Ditas 🔞 Proibido Para Menores 🔞.Onde histórias criam vida. Descubra agora