Quinze minutos depois, Adriane desligou o telefone.
__ Nossa, seu fã conversa mais que papagaio! - ironizou Caio.
__ Incrível, né? Nos conhecemos ontem e parece que fomos amigos a vida inteira! - olhou para ele, um meio sorriso nos lábios.
Caio se virou no sofá se encolhendo.
__ Vai dormir aí? - indagou ela.
__ Sim, porque?
__ Tem a cama da minha irmã. Só por lençóis limpos. Não mexi lá, ainda. Não tenho coragem... - seus olhos pousaram no vazio.
__ Obrigado, mas vou ficar por aqui. Vou assistir um filme. Me darei folga amanhã. - ele sorriu, parecia triste.
__ O que vai fazer amanhã? Não me diz que vai ficar aqui comigo?
__ Sou assim, tão péssima companhia?
Ela se levantou cruzando os braços.
__ Não, Caio, não acho isso! Só que você tem uma vida...Não tem compromisso comigo! Não estamos mais juntos!
__ Isso quem decide sou eu! Mais tarde, me deito, boa noite!
__ Boa noite!
Adriane sumiu em direção ao quarto,
O desejo de Caio era pegá-la no colo, levá-la para cama e fazer amor com ela até ela se derreter de prazer.
Tentou prestar atenção no filme, não conseguiu.
Adriane fechou a porta atrás de si e se enfiou debaixo das cobertas deixando a luz de cabeceira ligada.
Queria que ele dissesse que sentia falta dela, por isso estava ali, queria que ele entrasse pela porta e dormisse com ela; abraçados a noite inteira.
Saber que ele estava a menos de quatro metros de distância, fazia com que seu cérebro se mantivesse trabalhando. O sono não chegou e a febre começava a voltar ; pegou mais um cobertor do armário.
Se revirou na cama até o momento de tomar novamente, os remédios. Levantou e foi até a cozinha.
Caio não estava mais na sala, provavelmente, tinha ido dormir na cama da irmã.
Abriu a porta devagar e olhou, a cama estava vazia.
Pensou que talvez ele tivesse ido embora, afinal ele tinha a chave. Entrou agora, no quarto de Heitor; estava escuro.
__ Não acenda a luz, por favor!
A voz vinha da poltrona ao lado da cama do filho.
__ O que faz aqui, Caio? - indagou surpresa.
__ Ele acordou e eu o trouxe de volta pra cama. Queria saber de você, mas não quis te acordar.
__ Vai congelar sentado aí. - alertou Adriane.
__ Quero dormir na sua cama... - a voz baixa, num pedido quase que implorado.
__ Quer? - indagou surpresa, o coração disparando.
__ Sim, quero. Não sei o que acontece comigo, Adri...
Ela parou em frente dele e estendeu a mão.
__ Também está difícil conseguir dormir... Vem, senão vai acabar doente também.
Ele segurou firme em sua mão e levantou, se aproximando, a abraçou.
__ Me desculpa se te fiz sofrer nesses últimos dias...
__ Tá bem. - concordou, se desvencilhando dele o puxando para o quarto.
Em silêncio, deitaram e ele a abraçou por trás, o calor do corpo dela aquecendo o seu.
__ Ainda está com febre, Adri...
__ Um pouco... Daqui a pouco passa.
Adriane se aconchegou nele. Nenhuma palavra dita...Adormeceram.Ela acordou com o toque gelado em sua testa. Abriu os olhos e Caio a encarava, agachado ao lado da cama box.
__ Assustei você? Só queria verificar se ainda estava com febre.
__ Bom dia! Que horas são?
__ Quase dez! - respondeu ele.
Adriane empurrou as cobertas, o ar frio do quarto atravessando o tecido fino do pijama.
__ E Heitor?- perguntou preocupada.
__ Está brincando, acordou há pouco. Já está alimentado.. não se preocupe, por isso estou aqui.
Ela suspirou resignada.
__ Obrigada! Você tem razão, é que nunca passei por essa situação sozinha...tenho que dar meu braço a torcer! Não consigo cuidar de mim, como vou cuidar do meu filho?
__ Vou levá-lo à tarde para a escola, lá ele interage com outras crianças... Vai começar a ficar chateado só em casa. O que acha? - Caio indagou.
__ Desculpa mas não quero abusar...
__ Deixo ele na escola e já aproveito vou em casa, pegar algumas coisas minhas.
__ Caio... me responde com sinceridade... Porque isso? Não entendo...
Ele se levantou, caminhando até a janela. O tempo nublado tornava o dia mais frio.
__ Não sei... Você deve saber porque permite que eu faça isso... Você tem uma resposta pra me dar?
Adriane saiu da cama, queria dizer que era porque o amava e esperava que ele dissesse o mesmo.
Queria muito entender o porquê de não aceitar Heitor ou pelo menos fazer um DNA para comprovar e acabar com tudo isso de uma vez.
Foi em direção ao banheiro, entrando no chuveiro e a água quente aliviando a tensão do momento.
Saiu do banho e Caio já não estava mais ali. Se vestiu e foi à procura do filho.
Heitor estava estirado no tapete; desenhava. Os lápis de cor esparramados e a lareira acesa.
__ Oi, meu amor! - abaixou, sentando nos joelhos, ao lado dele.
__ Olha mamãe! Eu desenhei você!
Adriane olhou o desenho feito de palitos e riscos.
__ Eu não sabia que era tão bonita assim! - elogiou .
__ Olha esse aqui, é tio Caio! - mostrou a folha .
Adriane se virou ao ouvir a voz de Caio.
__ Eu estou mais bonito do que você! Heitor é um artista! - piscou para Adriane.
__ Estou vendo. Vai ver é porque estou assim, meio pra baixo .
__ É, você tá doente, mamãe! E eu vou desenhar uma injeção aqui.
Tomou o papel das mãos da mãe.
__ Ai, ai, agora, fiquei com medo! - brincou Adriane.
__ Falando em doente, você precisa se alimentar, Adri. Vem!
Caio a arrastou para a cozinha.
__ Senta e come! - disse apresentando algumas frutas picadas num prato. __ E depois os remédios.
Adriane não dizia, mas essas pequenas atenções a faziam se sentir melhor.
__ Não consigo sentir fome ... - colocou um pedaço de mamão na boca.
__ Eu sei, mas tenta ao menos.
__ Desse jeito vou ficar mal acostumada... - sorriu pra ele.
__ Acho que já está, dormiu agarrada em mim esta madrugada.
__ Nesse quesito, cama, fiquei mesmo! - falou o olhando, agora séria.
Caio disfarçou, os sentimentos borbulhando dentro dele, abriu o forno e o aroma da carne assando impregnando o lugar.
__ Além de enfermeiro, tenho um cozinheiro! - brincou, dissipando a tensão entre eles.
__ Cozinho muito bem, diga-se de passagem. Carne assada e batatas! E você vai comer. À tarde vou ao supermercado fazer compras.
Ela tomou um gole de café da xícara dele que estava em cima da mesa.
__ Aposto que nenhuma das suas mulheres deram tanto trabalho assim...
Ele riu com gosto.
__ Nenhuma mesmo! Normalmente, elas me paparicavam!
__ Elas alimentavam bem o garanhão, né?- brincou, o sorriso no rosto.
__ Sabe o que gosto em você? Seu jeito de levar as coisas na brincadeira.
__ Estou falando sério!
__ Nunca dormi na casa de nenhuma, pela manhã, já estava longe.
__ Então, quer dizer que sou privilegiada? Dorme, acorda, cozinha para mim...
Caio sorriu e se sentiu impelido a confessar seu amor, mas Heitor entrou na cozinha para mostrar mais um desenho, interrompendo a conversa.
__ Essa é a dinda, fiz umas florezinhas, tô com saudades dela...- os olhinhos cheios de lágrimas.
Adriane levantou os olhos do papel, buscou Caio, clamando por ajuda.
__ Heitor, eu sei que você está com saudades dela, nós também... mas a dinda não pode mais vir ver a gente, ela mora agora em outro lugar... - Caio se abaixou, ficando na altura dos olhos do menino. __ A gente pode ir visitar ela se você quiser... Podemos comprar flores, acho que ela vai gostar.
Ele arregalou os olhos.
__ Podemos ir, tio Caio?
__ Claro, assim que sua mãe melhorar, nós iremos, ok?
__Ok. - sorriu e abraçou Caio. Ele retribuiu.
Adriane não aguentou. Levantou e saiu da cozinha, não queria que o filho a visse chorar.
Vinte minutos mais tarde, a porta do quarto de Adriane se abriu e ela ouviu passos atrás dela e sentiu os braços dele ao redor do seu corpo.
Ficaram um tempo assim, olhando pela vidraça, o dia nublado lá fora.
__ Acha uma boa ideia levá-lo ao cemitério, Caio?
__ Acho, mas isso só acontecerá se você permitir. Falei na hora, porque não sabia o que dizer; desculpa. - pediu com a voz baixa e o hálito quente perto do seu pescoço.
__ Talvez seja melhor mesmo. Assim ele vai entendendo, aos poucos, o que aconteceu. - fungou, limpando o rosto molhado e se virando para encará-lo. __ Obrigada!
__ Já recebi meu pagamento lá na cozinha...O abraço carinhoso dele.
Ela sorriu.
__ Gostoso, né? Cada vez, que ele me abraça ou me beija é como se minhas forças se renovassem! Odeio ver ele sofrer...
__ Vai superar, Adriane. Vocês dois irão. Vamos almoçar? Eu sei que vai me dizer que não tem fome, mas tem que fazer um esforço para poder se recuperar logo.
Ela assentiu com a cabeça e saíram encontrando Heitor no quarto dele brincando.
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Palavras Não Ditas 🔞 Proibido Para Menores 🔞.
RomanceAdriane conhece Caio, um homem bonito, charmoso e e extremamente sedutor, numa balada em Madri. Assim que seus olhos se cruzam, o desejo entre eles explode e então transam desvairadamente, sem medir as consequências de seus atos. Ao amanhecer, Caio...