Capítulo 6

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RosilaneCndidomovilhenas

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RosilaneCndido
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Boa noite! Uma excelente semana para vós!

- Estás bem, Ilídia? - Um fino traço de preocupação surgiu no rosto marcado pelo tempo da Abuela Nanda. Ela estava há mais de duas horas entretida com o vestido de casamento de uma prima distante que casaria no final de semana, todavia seus olhos eram conhecedores de toda a verdade em mim antes mesmo de confessar todo sentimento de tristeza que estava em meu íntimo.

- Fui visitar o Renato. - Relembrei o motivo do desaparecimento da alegria que permeava meu coração dias há trás. - Ele pediu para seguir em frente.

Ainda a costurar pérolas brancas na renda fina do vestido de noiva, minha avó falou com uma voz que lembrava sabedoria.

- Ilídia, nossa vida pode ser comparada com quinhentas peças de um belíssimo puzzle. - Seus cabelos encaracolados em um cinza intenso reluzia ao sol de inverno. - Enquanto crescemos, encontramos peças. Começamos a unir esta com aquela. - Sem quebrar a ligação do nosso olhar, apanhou duas pérolas. - Há fases mais intensas que outras. Peças mais bonitas que as anteriores. E há aquela que marcam o quebra-cabeça. Sejam com mais intensidade ou pela falta dela. O fato é que por mais que o puzzle fique belo sem de fato está terminado, precisamos completá-lo com todas as partes. As escuras, as claras. As mais sombrias e as cintilantes. Todos estes fragmentos são parte de quem somos, daquilo que fomos. Eles contam a nossa história. E por mais que desejamos retirar as parcelas em negrito, não podemos. Elas permanecem. Por vezes não entendemos o motivo do nosso lindíssimo puzzle ter partes mais tristes, todavia quando ele estiver por inteiro completo, perceberemos que sem as partes feias as graciosas não estariam ali para iluminar aquele desenho. - Suas mãos enrugadas e apinhadas de sinais da sua vida de luta se entrelaçaram com as minhas. - Há momentos escuros em nossas vida, Ilídia. Nem todas às vezes adotamos a sabedoria adequada para assimilar aquilo que estamos a viver. Porém, não deixe as suas peças cintilantes serem ofuscadas pelas em negritos. E deixe-me confessar algo, há belezas em todas as cores, até mesmo nas mais escura. Olhe para estes momentos e deixe que a luz inunde todos os seus fragmentos. Continue a montar o seu puzzle, cariño. E quando por fim terminares, saberás que o tempo perdido em montá-lo valeu a pena.

E pela primeira vez desde que tudo ocorrera deixei as lágrimas fluirem. A verdade veio rápida como uma tempestade de verão, irrigando lentamente meu coração com uma paz que não esperava. Naquele momento apercebi-me de fato aquilo que tinha acontecido comigo. Toda a mentira e ilusão veio a superfície deixando-me tonta. Enquanto Abuela cantava uma velha canção de ninar e embalava-me em meus braços, deixei as lágrimas lavarem todos os meus pedaços. Os mais escuros e aqueles que ainda iluminavam algum ponto a minha vida.

Mais tarde naquela manhã, Gonçalo entrou na cozinha em busca do seu café amargo.

- Está tudo bem, Lili?

Sob Juramento [PT-PT]  Disponível Até 24/05 SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora