Sob Juramento [PT-PT] Disponível Até 24/05 SEM REVISÃO

Capítulo 10 - Romero

claudetessouza

- Diante do exposto e tendo em vista aquilo que consta nos autos, com fundamento nos artigos... - A voz de Olívia foi abafada por uma minuciosa vista de olhos pelo tribunal simulativo, algo chamou a minha atenção. Carvalho estava a observar o aparelho dourado entre suas mãos como se dele dependesse toda a sua vida. A vaga entre suas sobrancelhas demonstrava que sua mente vagueava distante daquela sala de julgamento.

- Senhorita Olívia, obrigada por sua apresentação sobre argumentação jurídica. - Seu olhar estava tomado de orgulho, ela estava a querer sobressair seus colegas. - Contudo agora faremos uma pausa de um quarto de hora. Voltaremos com a dissertação do senhor Olivaras.

Um murmúrio baixo tomou conta da platéia. Caminhei para junto do homem irrequieto, seu semblante de preocupação não passava despercebido.

- Senhor Carvalho. - A atenção do jovem sênior ainda estava sobre o telemóvel. - Senhor Carvalho. - Toquei-lhe rapidamente em seu ombro, tentando capturar sua atenção.

- Perdão, Senhor Romero. - Ainda desconexo Carvalho pediu desculpas. - Fizeste alguma pergunta?

- Não o fiz, mas gostaria de saber o que está a acontecer consigo.

Carvalho endireitou as costas na poltrona, desviando sua atenção do aparelho por um segundo.

- Está tudo bem, senhor.

- Tens a certeza disto, Senhor Carvalho? - Com o passar dos anos aprendi a ir além daquilo que as pessoas poderiam dizer sobre seu estado emocional. Um simples olhar poderia abrir caminhos para desvendar mistérios escondidos no mais profundo da sua alma. Isto resultou da combinação de uma vida apinhada de mentiras e do trabalho de anos em tentar se colocar por segundos na pele de outro indivíduo para tentar descobrir até onde ele poderia ir para ter aquilo que almejava em suas mãos.

- Tenho, Senhor. - Carvalho não estava a olhar em meus olhos. Este era um dos sinais que não deveria confiar de todo em si.

Sua atenção foi novamente redirecionada para o aparelho dourado, uma alerta de mensagem roubou sua atenção.

- É a Ilídia. - Disse por fim o real motivo que perturbava sua mente. - Eu...

- O que se passa? - Ao tocar em seu nome algo reverberou dentro do meu intimo.

- Não é do feitio da Ilídia dormir fora de casa. A última vez que falei com minha irmã foi ontem de manhã, ela estava a levar uma passageira para o aeroporto. Desde então não soube mais nenhuma notícias suas. Estou preocupado com aquilo que possa ter acontecido, seu telemóvel está desligado. - Sua voz estava tomada de nervosismo e medo.

- Não tens ideia de onde ela poderia ter ido?

- Não.

Com cautela fiz a pergunta que estava infiltrada em minha cabeça desde o segundo que ele confidenciou sua apreensão.