Capítulo novo 🌸Uma gaivota apanhou algo no mar enevoado, soprando um assobio baixo sobre as água calma da praia América. Era a única a apreciar o frio demasiado forte naquele príncipio da manhã, o lugar tão cobiçado na época do verão estava silencioso e quieto.
O telemóvel jogado na areia fina estava totalmente esquecido ao meu lado, a bateria tinha acabado há horas. Tinha a certeza que Gonçalo estava preocupado, com razão. Contudo, naquele momento precisava de um tempo a sós comigo mesma.
— Precisas superar tudo que passastes, Ilídia. — Repeti novamente a frase que acompanhou-me por toda a noite. — Superar. — A respiração errática dava índícios que precisava voltar para o carro e tomar algo quente com urgência.
Tomando o controle das pernas trêmulas caminhei em direção ao carro. O ar quente acolheu-me rapidamente.
— Acidente em Salceda interrompe o trânsito desde as primeiras horas da manhã... — O locutor da rádio que escutava todos os dias anunciou. — Infelizmente houve feridos, uma miúda de cinco anos e um homem identificado como seu pai, estão em estado de estável no hospital Caselas.
— Péssima notícia para começar o dia. — Resmunguei para o aparelho.
Um som abafado vindo de algures finalizou minha conversa com o locutor. O barulho cessou por um mísero segundo antes de voltar a soar novamente, se tornando mais alto e incomodativo.
— Raios partam a ti! — Calquei por baixo dos bancos, talvez algum passageiro em sua pressa de deixar o automóvel deixou para trás o aparelho irritante.
Tão logo percebi de onde o som estava a vir.
— Já não lembrava de ti!
O telemóvel antigo que mal usara e que comprei na tentativa de ter um único número para reservar viagens na altura que trabalhava por conta própria estava a vibrar em um lugar escondido no porta-luvas.
— Ilídia? És tu, Ilídia? — Gonçalo estava arfando.
— Olá e sim.
— Por Dios! — Sabia que tinha passado dos limites. Gonçalo não era de usar muito o nome de Deus. — Por onde andaste?
— Eu estou bem, Gonçalo. — Ofereci.
— Tens a noção de como estava preocupado contigo? — Não pausou para oferecer-lhe respostas. — Liguei imensas vezes para o teu telemóvel, procurei por ti durante a última noite como um louco. Pensei em mil e uma possibilidades de onde poderias ter ido. Não me venhas com "Estou bem, Gonçalo." Estou farto de preocupar-me contigo, de pensar que podes desaparecer da minha vida como num vento. — O estrépido de algo a estilhaçar cruzou a linha. — Não és a única a passar por algo complicado na vida, Ilídia. Olha a tua volta e verás que não estas sozinha. Não és a única a sofrer, não és.
— Gonçalo...
A ligação foi encerrada bruscamente.
Suspirei observando mais uma gaivota alcançar voo.
Queria poder ter esta liberdade.
⏳
Ao chegar a casa a encontrei como a maioria dos dias, em silêncio.
Uma pilha de correspondências descansava no apoio de entrada em madeira. Uma em especial chamou-me a atenção, aquela que recebia de tempo em tempo e que ainda trazia consigo um gosto amargo.
— Ilídia! — Teo chamou-me quando estava a subir as escadas, não parei. Não precisava de mais um sermão naquela hora da manhã. Ninguém entenderia.
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Sob Juramento [PT-PT] Disponível Até 24/05 SEM REVISÃO
ChickLitA taxista Ilídia Marques tinha tudo planeado na sua vida. Estava prestes a se casar com o homem que acreditava ser o amor da sua vida, contudo ela não estava a espera que o destino mudasse o seu caminho justo no dia do seu casamento. No altar, I...