Capítulo 5

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Dedicado;

martalucianasilva

       O tráfego do lado de fora do táxi estava controlado. Pingos pesados de uma chuva em potência começaram a embaçar o vidro frontal. O calor e o silêncio dentro do carro estava tornando o ambiente quase insuportável.

Com tamanha lentidão virei o rosto para o lado do passageiro. Romero estava a verificar algo em seu telemóvel, imperturbável.

Tomando nota de não o tocar, abri o porta-luvas. Meu plano era apenas apanhar a revista do mês de moda da Glee, contudo junto com ela veio uma fotografia.

A foto registrava um momento feliz de um casal que se amava muito. Naquela altura, entre eles não existia um caminho de mentiras cercado por medos, temores e segredos obscuros. Entre eles só havia amor, reciprocidade e afeto embrulhados numa falsidade sórdida.

— Ele era seu melhor amigo. — Observava Romero analisar a foto com tristeza e um punhado de repugnância. A fotografia permancia em suas mãos desde o segundo que caíra de dentro da revista.

Após alguns segundos seu sotaque carregado voltou a quebrar o silêncio.

— Há quanto tempo estavas com ele?

Sua pergunta deixou-me intrigada.

— Cinco anos. — Respondi encarando a imagem do casal estonteante. É incrível como agora não conseguia identificar-me com a mulher sorridente ao lado do Renato. Neste momento restava-me apenas questionamentos sem respostas.

Sem desviar seu campo de visão da imagem, Romero continuou;

— Filhos?

— Não. — Tão logo engoli o que acabara de falar. — Por qual motivo queres saber isto?

Romero não tinha sido assaltado pelo tom de minha voz carregada de cólera.

— Estavas mesmo a seguir-me. — Ofereci com raiva. — Planeastes isto para que vivêssemos esta conversa. Por quê?

Romero ergueu a cabeça em minha direção. Mesmo sem o conhecer poderia afirmar ao olhar em seus olhos profundos que tudo que tocava no assunto chamado Renato Queiroz magoava imenso aquele homem.

— Como dito anteriormente, não tinha como saber que tu estavas a conduzir este carro. A resposta continua sendo a mesma senhorita, Ilídia.

Retirei o cinto de segurança. O ar estava a faltar-me.

— Quem era Estela Dias? — Soltei a pergunta que atormentava-me dia e noite.

Uma amplietude de dessassossego instalou-se entre o pequeno espaço que dividia-nos.

— Isto não te diz respeito. — O homem ao meu lado já não era o mesmo que entrara no táxi com o desejo de contrariar-me.

— Como te atreves a dizeres isto? — Empurrei o banco para trás para ter o livre acesso ao seu semblante permutado. — Tenho todo direito de o saber.

Um olhar duro sobressaltou no meu.

— Perguntas ao teu noivo. — Romero ofertou com pesar.

O impacto de suas palavras travou-me de uma maneira assustadora. Apanhei a fotografia das suas mãos, colocando no lugar que não deveria ter saído.

Sob Juramento [PT-PT]  Disponível Até 24/05 SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora