- Devido as chuvas dos últimos dias, obras nas autoestradas estão a gerar um congestionamento no trânsito neste final de tarde em Salvaterra. - O locutor comunicou para meu total desespero.
Minha bolsa havia rompido há dois segundos, estava a ter contrações desde o momento em que acordei. Para piorar a situação, estava sozinha a espreitar o interminável enfileirado de carros a buzinar a cada três segundos.
- Pérez, se faz favor passe a ligação para o Cassiano. - Tentei acalmar a respiração como aprendi nas aulas de pré-parto. - Dios! - Trinquei o maxilar ao sentir novamente a dor tomar as minhas costelas e percorrer para o centro do meu ventre. - Pérez!
Darei a luz dentro de um carro, sozinha.
- Ilídia? - Pela alteração da sua voz soube que Romero já sabia daquilo que estava a acontecer. Hoje pela manhã ele disse-me que sonhou com o nascimento do nosso filho. - Que se passa, meu amor?
- Ollie, está a devastar a minha coluna, meus ossos e minha bexiga. - Gritei segurando o contorno do volante. - Chegou a hora, as águas rebentaram, estou presa no meio de um tráfego caótico, Romero. Ajude-me, eu não consigo sozinha.
- Amor, acalma-te...
- Não és tu a sentir estas dores. Meu Dios! - Sem querer dei uma buzinadela que fez o carro da frente percorrer um considerável trecho.
Respire.
- Vou ir ter consigo, Ilídia. - A calma em sua voz estava a inervar-me mais ainda.
- Romero, eu não posso sozinha.
- Não estarás sozinha. - Eu queria segurar sua mão neste momento. - Em uma respiração estarei contigo, és forte. Lembra-te disso, Ilídia.
Pousei o telemóvel no banco ao lado, deixando a ligação em viva-voz.
O trânsito não estava a contribuir em nada, a cada nova paragem meu coração dizia que teria que ser muito forte. Quarenta e três minutos de gritos e dores consegui conduzi para fora daquele desvio de obras embaraçoso.
- Estou a chegar no hospital... - A ligação tinha caído durante o percurso. Tentei ligar para o Romero, mas não conseguiria pois estava sem rede.
O que mais espera-me hoje?
Balizei no exato momento que uma nova contração vertia sobre meu corpo.
- Ollie, tens calma. - Inalei.
Ao entrar nas urgências do hospital público, deparei-me com um anjo em forma de enfermeira.
- Senhorita Marques? - Franziu o cenho ao me ver caminhar lentamente para si.
- Entrei em trabalho de parto, Aurora. O trânsito está um caos, meu marido estava em alguma reunião que forcei-lhe a ir ao prometer que Ollie não nasceria hoje... - Segurei nos ombros da enfermeira que tentava assimilar tudo que estava a dizer com rapidez. - Estou com trinta e oito semanas e prestes a matar o juiz que é meu marido caso ele não compareça neste hospital nos próximos dez minutos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sob Juramento [PT-PT] Disponível Até 24/05 SEM REVISÃO
ChickLitA taxista Ilídia Marques tinha tudo planeado na sua vida. Estava prestes a se casar com o homem que acreditava ser o amor da sua vida, contudo ela não estava a espera que o destino mudasse o seu caminho justo no dia do seu casamento. No altar, I...