Capítulo 2

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Olá, queridas leitoras.
Começaremos uma nova viagem. Espero bem que gostem desta nova história que abordará um tema que ainda é um grande tabu, contudo ao passar o tempo temos pequenas vitórias. Curiosas!?
Obrigada por estarem aqui.
E bem-vinda à Salvaterra! ❤⏳

Dedicado:

glendhaellen

monicamedeiros30

pnha1992



Fechei os olhos com força.

Sentia que olhares de condolências e outros de resignações espreitavam-me por toda a congregação. Por dois míseros segundos pensei que poderia estar presa em um dos meus costumeiros pesadelos. Contudo este tormento era tão real como as batidas aceleradas do meu coração, ele não passaria mesmo que abrisse os olhos.

- Ilídia! - Uma das minhas madrinhas de casamento tentou parar-me enquanto fugia segurando com força a barra do vestido confeccionado por minha avó materna. Ele estava apinhado por pedrarias que dantes estiveram nos vestidos das minhas bisavós, das minhas tias e mãe. Uma tradição que passava de casamento em casamento e que pelo visto não tinha me dado sorte alguma.

- Opá. Para onde vais com tanta pressa? - O sotaque carregado do meu irmão mais velho por parte de pai trouxe consigo um pouco de calmaria para minha alma conturbada. - Estás a abandonar teu noivo, Ilídia? - Gonçalo sorriu demostrando um sorriso contraproducente para aquela ocasião. - O que raio este homem fez a ti? - Ao perceber que minha reação estava inalterada, seu tom de voz ficou sério. Gonçalo acabou por assumir a postura do meu pai que estivera ausente em grande parte da minha vida, ele abraçou-me. - Ilídia!?

- Se faz favor, Gonçalo. - Respirei profundamente ao escutar novamente meu nome percorrer para fora dos lábios da mulher que me colocou no mundo. - Tira-me já daqui!

Meu irmão olhou rapidamente para a igreja em alvoroço atrás de nós. O falatório não cessara um único segundo desde que Renato tinha sido escoltado pela polícia Espanhola.

- Para onde queres ir? - Sua pergunta foi como um soco em meus ouvidos.

- Para longe deste lugar.

Uma melodia em tom baixo na voz de Pablo Alboran permitiu que Gonçalo não fizesse perguntas sobre os motivos que levaram-me a correr da igreja onde casaria-me com o amor da minha vida.

- Renato foi preso. - As palavras percorrem para fora da minha boca, todavia o meu cérebro não conseguia entender o motivo daquilo ter acontecido. Era irreal. Aquelas acusações não eram verdadeiras. Renato não cometeria um ato tão trocista. O homem que amava não seria capaz de tirar a vida de duas pessoas. Este não era meu noivo.

- O que estás a dizer?

Um motociclo acelerou ao passar por nós, o condutor estava furioso com a parada brusca do velho fiat cinzento do Gonçalo.

- Levaram-no. - Pisquei tentando expulsar o medo que corroía-me as entranhas. - Foi acusado de matar duas pessoas. - Prendi a unha rosa contra uma pérola branca, arranquei-lhe com força do tecido suave. - Os olhos em uma cor quase inexistente do homem que adentrara na igreja gritando pelo Renato assaltou-me a cabeça. Em seu olhar havia dor e desapontamento. Em algures o homem que interrompeu nosso casamento havia sido melhor amigo do Renato. Conhecia muito bem a devastidão no rosto do Romero, poderia sentir o vazio estampado em seu rosto ao pronuciar o nome do seu antigo melhor amigo. - Já agora não sei quem é Renato Queiroz. Acho que estava a conviver com uma farsa, Gonçalo.

Sob Juramento [PT-PT]  Disponível Até 24/05 SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora