Capítulo 25

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Foi saudada por uma risada contagiosa vinda de um Gonçalo quase a sufocar em seu próprio riso.

- É proibido envolvimento de caráter amoroso ou qualquer um que cruze a linha de amistosidade entre advogados que estão dentro do projeto. - A voz da Nina estava rouca e apinhada de prepotência. Simulava dá um nó numa gravata imaginária. Ela estava a imitar seu mentor, Romero.

Gonçalo estava estava imerso no riso da sua companheira que não se apercebeu da minha presença. Um sorriso estava a libertar a escuridão que nublou seu rosto nas últimas semanas. Ele ficava tão bem com aquele sorriso.

Subi os degraus sem ser notada por nenhum deles.

Tentando desviar meus pensamentos do homem que estava na casa da árvore da minha infância, abri o notebook. Verifiquei que havia um novo e-mail da seguradora onde meu carro estava a ser reparado. Felicidade abrangeu meu íntimo ao constatar que o carro estaria pronta nas primeiras hora da manhã seguinte. Voltar a conduzir era tudo que precisava neste momento.

Entre uma lida de um estudo recente sobre gestação e o HIV e o preenchimento da declaração de impostos, Romero não saiu dos meus pensamentos por um mísero segundo.
Afastei a persiana na tentativa de investigar se ele ainda estava na casa da árvore. O nevoeiro já havia envolvido todo o lugar, não conseguia ver nada para além da névoa.

Deitei na cama com pesar.

As inquisições que surgiram juntos com a Miranda rodopiavam em minha mente numa confusão.

Um sono leve estava quase levando-me para longe daquele frenesim, quando um raio de luz iluminou o quarto.

- Passei apenas para certificar-me que estavas bem. - Sua voz estava um pouco cansada. Abuela depositou mais um cobertor quente sobre a cama. - Cheguei a tempo de salvá-lo.

Não entendi ao que ela estava a referir-se.

- Aquele homem estava a morrer, Ilídia. - Apalpou o edredom a minha volta. - Tive uma pequena conversa com ele. Espero que meus conselhos e o creme de cenoura o tenha ajudado.

Ela estava a falar do Romero?

- Ele tem um belo par de olhos, Mi nina.

- Falaste com o Romero?

Sua sabedoria se estendeu em um breve sorriso.

- Apenas o importante, querida.

Um beijo foi depositado em minha testa.

- Apenas o coração é capaz de vencer lutas inconquistáveis, Ilídia. E lembre-se, por vezes precisamos passar por provações para sermos gratos pelas bênçãos provindas delas. - Voltou a beijar-me. - Eres el sol, mi amor.

As gaivotas sobrevoavam o céu nublado da Praia América.

O canto dos passáros e o quebrar das ondas nas rochas era o que precisava naquelas primeiras horas do dia.

Fechei os olhos procurando trazer aquela tranquilidade para meu íntimo.

- Posso? - Uma voz suave cortou meu momento de paz.

Continuei com os olhos fechados. Tinha a certeza que a pessoa não tinha a intenção de magoar-me, caso contrário já teria feito.

És confiante demais, Ilídia.

Ouvi ela sussurrar algo para o mar.

- Já alguma vez sentistes que tua vida não valia a pena?- Talvez tenha passado cinco ou dez minutos quando tornou a falar. - Que se desapareceste ninguém perceberia?

Fiz estas perguntas há sete anos.

- Em qualquer lugar, alguém sentiria falta de ti. - Respondi para a desconhecida ao meu lado.

Um vento frio soprou por entre meus caracóis.

- Já não tenho a certeza disso.

- Parece um pouco ensaiado aquilo que vou dizer-te, mas és o tudo de alguém. Mas antes disto, tens que ser o tudo para ti mesmo. - Inalei o cheiro do mar. - Tens de reconhecer o teu valor. E saber que és demasiadamente importante. Alguém uma vez disse-me que por mais que esta vida seja difícil ainda é necessário acreditar na esperança de dias melhores. Ter fé. Sê forte e corajosa.

Sorri colhendo uma lágrima. Tais recordações deixava-me sempre grata pela vida do Óscar.

- Tive uma infância difícil. Uma vida boa, mas destroçada por um homem que não amava-me como filha. Contudo, fui agraciada com um desconhecido que possuía um coração grandioso e que acolheu-me como pai. Anos mais tarde minha mãe levou-me para longe dele. Fomos morar numa pequena cidade do México, não entendia por qual razão o pai não acompanhou-nos. Por anos tentei encontrá-lo, mas a cada tentativa de investigação fui vetada por minha mãe. Voltamos para esta cidade recentemente, ele está em algures. Entretanto, não tive a coragem de procurá-lo. Não sou assim tão especial para ele lembrar de mim.

Arrepios cobriram todo o meu corpo enquanto ela falava.

- Eu... - Seu tom de voz foi inundado por lágrimas. - sou uma medricas. Vim até esta praia com a intenção de não voltar mais para casa. Não suporto mais conviver com esta dor em minha alma. - Ficou em silêncio. - Até que eu vi-te aqui, desisti.

Nossas vidas foram tecidas numa só.

Já agora tinha a real certeza disso.

- Melina. Certo?

Não foi preciso ela afirmar.

Seus olhos claros confirmaram que aquela jovem de cabelos num intenso cor de ouro era a filha adotiva do homem que mudou todo o percurso da minha vida.

O destino não parava de unir nossos caminhos.

Você sabia que....

Durante o pré-natal, a gestante deve fazer o exame de sangue que detecta doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV

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Durante o pré-natal, a gestante deve fazer o exame de sangue que detecta doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV. O Ministério da Saúde recomenda que o teste seja feito já na primeira consulta e no terceiro trimestre da gravidez. O diagnóstico também pode ser feito durante o parto, mas isso só deve ocorrer em casos extremos, quando a mulher não teve acesso ao pré-natal.

Para evitar a transmissão durante a gravidez e parto, a gestante deve dar início ao tratamento com medicamentos antirretrovirais indicados pelo médico. Os remédios são ingeridos diariamente e combatem o vírus. Infelizmente, não é possível eliminá-lo totalmente do organismo e curar a doença. Mas sua quantidade pode ser reduzida a ponto de não prejudicar o funcionamento do sistema imunológico. Quando isso acontece, o paciente chegou à "carga indetectável" - o que também significa que as chances de transmissão do HIV serão muito menores.

A mulher soropositiva (portadora do HIV) que não recebe o tratamento adequado durante a gestação tem 25% de chance de transmitir o vírus durante a gravidez ou parto. Quando ela segue as recomendações do médico e ingere os remédios, as chances caem para menos de 1%, segundo o Ministério da Saúde.

- Fonte, DanoneBaby

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