Capítulo 9

3K 384 26
                                    

Capítulo de domingo 🌼

Meu coração estava desgovernado.

Quanto mais fundo respirava, mais sentia a presença dos lábios do Romero nos meus. Poderia jurar que seus braços ainda estavam no contorno da minha cintura e que sua respiração errática silibava entre meus cacacóis.

Acabei de beijar o homem que um dia foi o melhor amigo do Renato. E pior que isto, Romero tinha destabilizado todas as emoções que um dia deixara de florecer no meu íntimo. Seu toque havia regado os sentimentos mortos que um dia fizeram parte da minha vida. Ele tinha feito isto com apenas um maldito toque.

Entrei na casa escura com o coração ainda em alerta.

- Parece que vistes um espírito do mal. - Teo estava a assistir seu programa de moda favorito, nem tinha dado pelo barulho da televisão. Ainda estava desnorteada.

Acho que foi o diabo, Teo.

- Boa noite, Teo.

Sem maiores explicações subi para meu quarto.

Fechei a mão com força ao sentar na cama, finalmente já estava só. O dedo que foi espetado pela porcelana estava pulsando forte, porém o sangramento havia cessado. Meu coração continuava a bater desenfreadamente.

Adormecer naquela noite custou-me imenso.

A combinação do seu perfume forte com a maestria do beijo estavam por todo meu pensamento antes de finalmente dormir.

E quando isto aconteceu, sonhei com pares de olhos claros que determinava meu destino final.

Estava literalmente perdida.

- Está tudo bem, Lili? - Gonçalo apanhou-me enquanto caminhava para o táxi.

- Sim e bom dia para ti também.

Ele carregava no rosto uma expressão que há muito tempo não via.

- Teo disse que ontem a noite estavas um pouco assustada. Aconteceu algo, Ilídia?

Agora estava começando a entender o tom dos seus olhos nublados. Gonçalo estava apreensivo.

- Teodora anda a ver coisas onde não existe, Gonçalo. Esta época do ano é exaustiva para qualquer motorista, estou apenas cansada. - Passei a mochila e a nova garrafa térmica para o porta-malas sabendo que não tinha vencido esta batalha com meu irmão. Ele conhecia-me mais do que eu própria.

- Tudo bem. - Beijou o alto da minha cabeça. - Tenha um bom dia e conduza com atenção.

- Obrigada.

Suspirando entrei no carro.

Não tinha convencido o Gonçalo.

E como poderia?

Estava tentando convercer a mim mesma que o toque que ainda sentia nos lábios era severamente condenável.

Uma alerta havia chegado em meu telemóvel arrancando-me da quimera que estava a viver. Começaria meu longo dia levando um casal de turistas Franceses até a Catedral de Tui. O lugar que deu origem a minha história.

- Bonjour. - A passageira saudou ao entrar no carro acompanhado por seu marido. Tão rapidamente a atmosfera dentro do automóvel mudou, era como se ela tivesse espalhado um pouco da sua essência de paz no ar.

A conversa baixa do casal que estava em lua de mel, embalou-nos até um dos pontos turísticos mais visistados da Espanha.

- Je ne parle pas Espanhol. - Ela começou sorrindo. Sorte dela que com o tempo aprendi a perceber um pouco de algumas línguas. Este era um dos motivos de amar minha profissão. A turista continuou agradecendo pela hospitalidade e por oferecer-lhe opiniões acerca de lugares a visitar. - Aur revoir.

Sob Juramento [PT-PT]  Disponível Até 24/05 SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora