P R Ó L O G O

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Naquele inverno, acordei assustada com o barulho da chuva contra a janela do quarto acompanhado a trovões distantes.

Resmunguei irritada por ter sido acordada de tal forma. Até porquê não havia nada que eu odiasse mais do que dias chuvosos, afinal, neles estavam gravadas as minhas piores lembranças.

Me remexi na cama incomodada com todo aquele barulho e acabei me dando conta que havia um peso extra sobre minha cintura enquanto uma respiração tranquila soprava em minha nuca.

E só então percebi que não estava sozinha naquela cama, o que inicialmente me assustou, já que naquele momento as lembranças da noite anterior ainda não estavam tão claras graças a todo álcool ingerido.

"Mas qual era a merda da vez?"_ Me questionei virando cautelosamente pra descobrir quem era a vítima da vez, sem acorda-la.

Ao concluir tal missão com êxito, sorri ao notar o belo moreno que dormia ao meu lado tão tranquilo que parecia estar em casa, o que me fez avaliar o local e me dar conta de que aquele também não era meu quarto.

Ainda sem me importar com o mundo a minha volta, me permiti um breve momento para apreciar a obra de artes ao meu lado, que serviu pra fazer com que pequenos flashs da noite passada surgissem esclarecendo alguns acontecimentos sobre o que, de fato, havia acontecido.

Pelo que pude avaliar, a noite na farra como sempre, havia sido boa pra mim, afinal, no auge dos meus 19 anos, o que mais eu poderia querer além de boas amizades, muitas festas e boas transas?

Após analisa-lo por um tempo, acabei por concluir que no fim, eu não sabia seu nome. Mas isso não importava não é mesmo? Foi apenas uma transa.

Não era como se fossemos assumir um relacionamento por isso.

Me estiquei na cama me espreguiçando e uma careta acabou surgindo em meu rosto, me fazendo lembrar que não se pode virar uma noite enchendo a cara e sair dessa impune.

Aquela ressaca insuportável era a pior parte.

Após conseguir me sentar sobre a cama sem que minha cabeça explodisse, fiquei em silêncio com meus pensamentos.

"Que rumo eu estava dando a minha vida?"_ Eu me perguntava a cada manhã que me levantava da cama me sentindo a pior pessoa do mundo por todas as minhas ações recentes.

Pelo meu currículo atual, eu claramente podia ser considerada como uma verdadeira vadia.

Deixando tais pensamentos de lado, me estiquei alcançando o criado mudo onde estava meu celular e o peguei conferindo as horas.

Eu realmente precisava saber a hora, afinal, aquela era uma daquelas típicas semanas onde todo mundo fica com os nervos a flor da pele por saber que nesse exato dia se inicia as avaliações da maioria dos cursos.

Como me sinto sobre isso? Rs, acho que não sou capaz de opinar se considerar que ao invés de estudar, eu passei todo o final de semana curtindo a vida como se não existisse um amanhã.

Avoada pelo sono e pensamentos distantes, foi necessário um tempo pra me fazer entender que se eu continuasse mais um minuto se quer sentada naquela cama, logo eu estaria completamente atrasada.

_ Tá que pariu._ Murmurei quando enfim minha ficha caiu.

Droga! Eu ainda precisaria ir em casa trocar de roupa e pegar meu material, o que era uma grande merda se incluirmos que a primeira avaliação é a da pior professora.

Sem pensar duas vezes pulei pra fora da cama e graças aos meus sentidos ainda não dispersos, acabei agarrando o pé no lençol, o que me fez quase ir com a cara no chão, porém, isso não foi empecilho suficiente pra me atrapalhar.

Minha Melhor DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora