Minha Melhor Decisão

C A P I T U L O _ 1.4

[3 Anos Antes]

Bom, como o prometido Bárbara realmente voltou no dia seguinte mas a verdadeira surpresa foi o fato dela ter chegado cedo, muito cedo, o que significava que a princesinha perfeita da faculdade, a única que jamais cometia uma gafe havia acabado de matar aula...

Por minha culpa.

Depois de me ajudar com aquela criança que havia passado a noite toda resmungando, nós a deixamos no carpete brincando com uns trecos de borracha que Bárbara havia trago consigo e cansada nos jogamos no sofá.

Quem disse que só porquê aquela coisinha era pequena fazia dela um anjinho? Era fácil perder ela num piscar de olhos, já que no meio de toda essa bagunça acabamos por descobrir que ela já estava aprendendo engatinhar.

Tanto Bárbara quanto eu nos mantemos em um completo silêncio enquanto encaravamos aquela garota se deliciando com os brinquedinhos sobre meu carpete, como se nem tivesse acabado de se entupir de mamadeira ao ponto de despejar tudo em Bárbara logo em seguida.

_ Ei..._ Bárbara resmungou ainda esparramada no sofá, usando uma blusa minha já que a sua foi destruída pelo golfo.

_ Oi..._ Resmunguei com meus olhos fechando lentamente por conta do sono.

_ Você não disse qual era o nome dela._ Ela citou, me fazendo lembrar que eu também não fazia idéia do nome daquela criatura, então eu apenas diversificava entre os apelidos._ Não me diga que nem isso a mãe dela te falou antes de ir.

Com essa acusação, era como se eu podesse sentir o tom de desconfiança pairando palpável entre nós. Me sentei ficando frente a frente com aquela loira perfeitinha demais pro meu gosto.

_ O que está querendo dizer?_ Perguntei na defensiva.

Ela lentamente ajeitou a postura, cruzou as pernas olhou pra garotinha e logo em seguida pra mim com um olhar tão acusador, que era como se apenas com aquele olhar, ela conseguisse ver todos os meus pecados.

_ Ela não é sua prima, não é?_ Questionou fazendo o seu tom de voz mudar subitamente de acusação para compreensão. Eu acho.

Novamente uma onda de silêncio pairou entre nós. Encarei a pequena criaturinha ainda se divertindo no chão e ali deixei que meus olhos permanecessem pelo máximo de tempo possível.

Não queria responder aquela pergunta, principalmente porque eu não queria ter que mentir para uma das primeiras pessoas que se dispôs a me ajudar sem pedir nada em troca.

Respirei fundo antes de negar com a cabeça ainda sim sem olha-la.

_ Quem é ela Rafa?_ Perguntou se aproximando e tocando meu ombro, atraindo minha atenção.

Com um sorriso sem graça eu dei de ombros, apenas esperando que os olhos da loira se arregalassem em surpresa e ela saísse correndo em busca da polícia me acusando de sequestro ou coisa do tipo... Mas isso não aconteceu.

Ela apenas respirou tão fundo quanto eu.

_ Quer me conta sobre isso?_ Perguntou como se tivesse medo de saber qual séria a minha resposta.

Me joguei contra o sofá com os olhos fechados, tentando achar um ponto de partida e aos poucos novamente fui sentindo o medo tomar conta de mim. Não só por Bárbara ou pela garotinha mas não saber o que esperar do "depois".

E foi assim que eu vagarosamente fui deixando que tudo escapasse pela minha boca.

Por fim, quando acabei, Bárbara parecia tão perdida quanto eu. Nada de reações imediatas.