C A P I T U L O _ 3.3

2K 216 9
                                    

Com o celular tocando em algum canto do quarto, eu fui arrancada dos meus sonhos de volta a realidade, e assim, com a maior preguiça de todas me forcei a abrir meus olhos.

O barulho do celular parou por alguns instantes me permitindo acordar com um pouco mais de calma, o que me salvou de acabar caindo da cama, afinal, logo após abrir meus olhos, pude comprovar que um movimento e eu estaria no chão.

E minha cama, bom, nesse momento ela estava completamente ocupada por dois folgados, onde Lili estava com a barriga pra cima e com seus braços e pernas bem esticados, enquanto Guto se mantinha ao lado dela, com a barriga pra baixo e os braços abertos ao ponto de abraçar nós duas.

Impostores.

Me levantei com cuidado, passando o cobertor por cima dos dois e após por minhas pantufas segui até o banheiro adiantando minha higiene antes de procurar meu celular pra saber quem me incomodava tão cedo.

"Chamada perdida de Baby"_ Anunciava o visor do meu celular.

Soltei um bocejo antes de seguir até a cozinha enquanto retornava a mensagem.

_ Desculpa liguei muito cedo?_ Ela perguntou assim que atendeu a chamada.

Liguei a cafeteira após constatar que a luz já havia retornado, graças a luz da cozinha que ficou ligada pra nos alertar, apesar de ninguém ter de fato ficado acordado pra reparar nisso.

_ Não, já estava quase na hora de acordarmos mesmo._ Falei aproveitando que o café ainda tava fazendo, pra adiantar alguns sanduíches.

_ Ótimo, agora me conta como estão as coisas por aí. Ficou sabendo que dei um baita sermão naquele cabeça de vento? Espero que tenha servido de algo._ Falou interessada no assunto, me permitindo lembrar o dia em que Guto e eu conversamos sobre isso.

O dia em que ele quase me matou de susto com aquele carro idiota.

_ Achei que tinhamos combinado de deixar esse assunto pra lá, mas de qualquer forma obrigada, porém, a vida continua seguindo no mesmo curso._ Expliquei limpando a bagunça que fiz na mesa.

_ O que é ridículo porque vocês deveriam está seguindo o plano que eu fiz pra vocês dois enquanto estou fora._ Falou como uma criança mimada.

_ Ah claro, você e essas suas paranóias amorosas para minha vida._ Resmunguei evitando revirar os olhos e pude ouvi-lo bufar._ Bom, agora você que já sabe que seu plano de cúpido não vai rolar, que tal me contar as suas novidades, ou você não ligou pra isso?_ Questionei mudando de assunto antes de ouvir um sorriso abafado.

_ Tudo bem, eu posso dizer que aqui está tudo as mil maravilhas, sabe, ontem fomos até em um jantar romântico em um restaurante próximo a praia e foi tudo tão incrível. Aí amiga, o Marlon tem tudo pra ser o cara perfeito._ Mais um suspiro apaixonado e foi a minha vez de rir.

_ Então, significa que eu posso ter a esperança de um futuro casamento?_ Perguntei com um sorriso empolgado no rosto, antes que Guto surgisse do nada invadindo a cozinha.

_ Uma hora dessas já fofocando._ Ele reclamou me fazendo revirar os olhos enquanto o observava ir até a geladeira pegar a garrafa de água.

_ Baby, ainda está aí?_ Perguntei ao notar o silêncio demorado da loira do outro lado da linha.

_ Eu tô tentando descobrir se meus ouvidos não estão me enganando. Sei lá, tive a impressão de ouvir uma voz masculina aí com você._ Comentou me fazendo soltar uma careta por imaginar o surto que viria._ Rafaella você está me escondendo informações? Quem está aí? É o Guto?

Mais uma vez olhei pra Gustavo que me encarava como se tentasse ler meus pensamentos através das minhas caretas.

_ Olha, eu fico feliz em saber que está tudo bem por aí, mas não esquece de trazer uma lembrança pra mim okay? A gente conversa mais tarde ou vou acabar me atrasando._ Falei me levantando pra desligar a cafeteira.

_ Rafaella, não faz isso. Não ouse me ignorar desse jeito, suas atitudes te entregam, então aproveite mas não faça nada que possa traumatizar a Lili e use camisi..._ E então eu desliguei.

Como ela conseguia ser tão doida?

Talvez fosse falta de educação a minha desligar na cara dela, mas ainda estava cedo demais pra aturar as maluquices daquela garota e também um pouquinho de curiosidade não mata ninguém.

Ela vai sobreviver.

_ Tudo isso pra não dizer que eu estava aqui?_ Gustavo ainda encostado na pia com os braços cruzados e um olhar curioso.

_ Fala como se não conhecesse sua irmã e as paranóias dela. Me pergunto se ela nunca vai desistir dessa história?_ Reclamei junto a um suspiro antes de encher uma xícara com café para mim.

Mentalmente me questionava como Baby e eu conseguimos alcançar esse nível de amizade, quando inicialmente mal nos aturavamos, porém acabei sendo arrancada de meus pensamentos com a risada de Guto.

Ele se aproximou estendendo uma xícara para mim.

_ Qual foi a da risada?_ Perguntei tentando entender seu motivo aparentemente inexistente naquele momento.

_ Sabe, eu acho que tirando esse seu novo estilo de vida puritana, e suas eternas implicâncias contra minha irresistível pessoa, acho que não tão, tão difícil assim entender o ponto de vista da Baby._ Ele comentou antes de pegar a xícara já cheia de minhas mãos e servindo o açúcar para nós dois.

_ Você, concordando com Bárbara, ainda em relação a mim, e por livre e espontânea vontade? Ela está te ameaçando de novo?_ Impliquei o vendo fazer uma careta antes de passar por mim e se sentar em frente a mesa.

_ O que eu quero dizer é que, apesar das nossas guerras cotidianas como forma de boa convivência, nós fazemos um bom trabalho juntos quando a Lili está por perto, mesmo não tendo nada entre a gente, conseguimos manter a boa convivência, como agora._ Disse dando de ombros ignorando meus olhos presos em sua direção.

Depois de ficar uma tempo em silêncio analisando a situação, eu acabei me rendendo e me sentei na mesa junto a ele.

_ Esse pode até ser um bom ponto, mas isso não muda em nada quando a Lili não está por perto._ Resmunguei me focando agora no meu café.

_ Tem certeza? Porque eu não estou vendo ela aqui agora._ Indicou a cozinha me fazendo encarar suas expressões onde ele mantinha um sorrisinho de canto cheio de convencimento.

Onde ele queria chegar com aquela história?

_ Mamãe, bom dia..._ Disse Lili entrando na cozinha com suas pantufas e esfregando os olhos, encerrando completamente o assunto anterior.

E assim seguimos nossa rota tomando o café da manhã na companhia de Lili e sua nova história sobre um sonho bem aleatório onde ela lutava contra alguma coisa.

Logo após o café Guto foi pra casa, e Lili e eu fomos nos arrumar para concluir nossa rotina de cada dia.

_ Mamãe você nem contou a história ontem..._ Falou de pé sobre um banquinho em frente ao espelho enquanto eu tentava dar um jeito naquela jubinha dela.

_ Acho que eu dormir mais rápido que o normal._ Resmunguei ao terminar de prender todo aquele cabelo em duas Maria chiquinha._ Prontinho.

Encarei ela pelo espelho e a mesma se analisava concentrada.

_ O que foi?_ Perguntei intrigada com toda aquela suspeita concentração dela.

_ Nada não._ Eu deveria desconfiar daquilo?_ O tio Guto vai levar a gente?_ Perguntou descendo do banquinho.

_ Eu pensei em ir caminhando hoje, o que acha?_ Perguntei voltando pra sala onde nossas coisas já estavam organizadas.

_ A gente pode comprar um pirulito no caminho?_ Rebateu me fazendo encarar seu sorriso pilantra.

_ Eu vou pensar no seu caso._ Brinquei já rumo a fora do apartamento.

Acho que um pirulito não era grande coisa, se isso me permitisse evitar uma segunda carona no carro daquele cara meio bipolar.

Qualquer coisa tava valendo.

Minha Melhor DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora