Com o celular tocando em algum canto do quarto, eu fui arrancada dos meus sonhos de volta a realidade, e assim, com a maior preguiça de todas me forcei a abrir meus olhos.
O barulho do celular parou por alguns instantes me permitindo acordar com um pouco mais de calma, o que me salvou de acabar caindo da cama, afinal, logo após abrir meus olhos, pude comprovar que um movimento e eu estaria no chão.
E minha cama, bom, nesse momento ela estava completamente ocupada por dois folgados, onde Lili estava com a barriga pra cima e com seus braços e pernas bem esticados, enquanto Guto se mantinha ao lado dela, com a barriga pra baixo e os braços abertos ao ponto de abraçar nós duas.
Impostores.
Me levantei com cuidado, passando o cobertor por cima dos dois e após por minhas pantufas segui até o banheiro adiantando minha higiene antes de procurar meu celular pra saber quem me incomodava tão cedo.
"Chamada perdida de Baby"_ Anunciava o visor do meu celular.
Soltei um bocejo antes de seguir até a cozinha enquanto retornava a mensagem.
_ Desculpa liguei muito cedo?_ Ela perguntou assim que atendeu a chamada.
Liguei a cafeteira após constatar que a luz já havia retornado, graças a luz da cozinha que ficou ligada pra nos alertar, apesar de ninguém ter de fato ficado acordado pra reparar nisso.
_ Não, já estava quase na hora de acordarmos mesmo._ Falei aproveitando que o café ainda tava fazendo, pra adiantar alguns sanduíches.
_ Ótimo, agora me conta como estão as coisas por aí. Ficou sabendo que dei um baita sermão naquele cabeça de vento? Espero que tenha servido de algo._ Falou interessada no assunto, me permitindo lembrar o dia em que Guto e eu conversamos sobre isso.
O dia em que ele quase me matou de susto com aquele carro idiota.
_ Achei que tinhamos combinado de deixar esse assunto pra lá, mas de qualquer forma obrigada, porém, a vida continua seguindo no mesmo curso._ Expliquei limpando a bagunça que fiz na mesa.
_ O que é ridículo porque vocês deveriam está seguindo o plano que eu fiz pra vocês dois enquanto estou fora._ Falou como uma criança mimada.
_ Ah claro, você e essas suas paranóias amorosas para minha vida._ Resmunguei evitando revirar os olhos e pude ouvi-lo bufar._ Bom, agora você que já sabe que seu plano de cúpido não vai rolar, que tal me contar as suas novidades, ou você não ligou pra isso?_ Questionei mudando de assunto antes de ouvir um sorriso abafado.
_ Tudo bem, eu posso dizer que aqui está tudo as mil maravilhas, sabe, ontem fomos até em um jantar romântico em um restaurante próximo a praia e foi tudo tão incrível. Aí amiga, o Marlon tem tudo pra ser o cara perfeito._ Mais um suspiro apaixonado e foi a minha vez de rir.
_ Então, significa que eu posso ter a esperança de um futuro casamento?_ Perguntei com um sorriso empolgado no rosto, antes que Guto surgisse do nada invadindo a cozinha.
_ Uma hora dessas já fofocando._ Ele reclamou me fazendo revirar os olhos enquanto o observava ir até a geladeira pegar a garrafa de água.
_ Baby, ainda está aí?_ Perguntei ao notar o silêncio demorado da loira do outro lado da linha.
_ Eu tô tentando descobrir se meus ouvidos não estão me enganando. Sei lá, tive a impressão de ouvir uma voz masculina aí com você._ Comentou me fazendo soltar uma careta por imaginar o surto que viria._ Rafaella você está me escondendo informações? Quem está aí? É o Guto?
Mais uma vez olhei pra Gustavo que me encarava como se tentasse ler meus pensamentos através das minhas caretas.
_ Olha, eu fico feliz em saber que está tudo bem por aí, mas não esquece de trazer uma lembrança pra mim okay? A gente conversa mais tarde ou vou acabar me atrasando._ Falei me levantando pra desligar a cafeteira.
_ Rafaella, não faz isso. Não ouse me ignorar desse jeito, suas atitudes te entregam, então aproveite mas não faça nada que possa traumatizar a Lili e use camisi..._ E então eu desliguei.
Como ela conseguia ser tão doida?
Talvez fosse falta de educação a minha desligar na cara dela, mas ainda estava cedo demais pra aturar as maluquices daquela garota e também um pouquinho de curiosidade não mata ninguém.
Ela vai sobreviver.
_ Tudo isso pra não dizer que eu estava aqui?_ Gustavo ainda encostado na pia com os braços cruzados e um olhar curioso.
_ Fala como se não conhecesse sua irmã e as paranóias dela. Me pergunto se ela nunca vai desistir dessa história?_ Reclamei junto a um suspiro antes de encher uma xícara com café para mim.
Mentalmente me questionava como Baby e eu conseguimos alcançar esse nível de amizade, quando inicialmente mal nos aturavamos, porém acabei sendo arrancada de meus pensamentos com a risada de Guto.
Ele se aproximou estendendo uma xícara para mim.
_ Qual foi a da risada?_ Perguntei tentando entender seu motivo aparentemente inexistente naquele momento.
_ Sabe, eu acho que tirando esse seu novo estilo de vida puritana, e suas eternas implicâncias contra minha irresistível pessoa, acho que não tão, tão difícil assim entender o ponto de vista da Baby._ Ele comentou antes de pegar a xícara já cheia de minhas mãos e servindo o açúcar para nós dois.
_ Você, concordando com Bárbara, ainda em relação a mim, e por livre e espontânea vontade? Ela está te ameaçando de novo?_ Impliquei o vendo fazer uma careta antes de passar por mim e se sentar em frente a mesa.
_ O que eu quero dizer é que, apesar das nossas guerras cotidianas como forma de boa convivência, nós fazemos um bom trabalho juntos quando a Lili está por perto, mesmo não tendo nada entre a gente, conseguimos manter a boa convivência, como agora._ Disse dando de ombros ignorando meus olhos presos em sua direção.
Depois de ficar uma tempo em silêncio analisando a situação, eu acabei me rendendo e me sentei na mesa junto a ele.
_ Esse pode até ser um bom ponto, mas isso não muda em nada quando a Lili não está por perto._ Resmunguei me focando agora no meu café.
_ Tem certeza? Porque eu não estou vendo ela aqui agora._ Indicou a cozinha me fazendo encarar suas expressões onde ele mantinha um sorrisinho de canto cheio de convencimento.
Onde ele queria chegar com aquela história?
_ Mamãe, bom dia..._ Disse Lili entrando na cozinha com suas pantufas e esfregando os olhos, encerrando completamente o assunto anterior.
E assim seguimos nossa rota tomando o café da manhã na companhia de Lili e sua nova história sobre um sonho bem aleatório onde ela lutava contra alguma coisa.
Logo após o café Guto foi pra casa, e Lili e eu fomos nos arrumar para concluir nossa rotina de cada dia.
_ Mamãe você nem contou a história ontem..._ Falou de pé sobre um banquinho em frente ao espelho enquanto eu tentava dar um jeito naquela jubinha dela.
_ Acho que eu dormir mais rápido que o normal._ Resmunguei ao terminar de prender todo aquele cabelo em duas Maria chiquinha._ Prontinho.
Encarei ela pelo espelho e a mesma se analisava concentrada.
_ O que foi?_ Perguntei intrigada com toda aquela suspeita concentração dela.
_ Nada não._ Eu deveria desconfiar daquilo?_ O tio Guto vai levar a gente?_ Perguntou descendo do banquinho.
_ Eu pensei em ir caminhando hoje, o que acha?_ Perguntei voltando pra sala onde nossas coisas já estavam organizadas.
_ A gente pode comprar um pirulito no caminho?_ Rebateu me fazendo encarar seu sorriso pilantra.
_ Eu vou pensar no seu caso._ Brinquei já rumo a fora do apartamento.
Acho que um pirulito não era grande coisa, se isso me permitisse evitar uma segunda carona no carro daquele cara meio bipolar.
Qualquer coisa tava valendo.
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Minha Melhor Decisão
RomanceAs vezes a vida é capaz de nos colocar em situações inusitadas só para nos mostrar o quanto somos capazes de superar obstáculos. Com isso, acabamos aprendendo lições que jamais saberíamos caso tais situações não tivessem acontecido. E foi assim que...