C A P I T U L O _ 1.8

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Após Baby nós deixar praticamente na porta de casa, dei um banho em Lili e depois fiz o mesmo antes de coloca-la na cama e ir me deitar.

Meus pés estavam pulsando como consequência de todo o meu dia que era pra ser de folga.

Me estiquei na cama e fechei meus olhos por alguns segundos apressiando aqueles poucos momentos de paz e sossego, antes dele ser interrompido por um monstrinho que batia em minha porta.

Sem ânimo, abri um olho e ergui a cabeça a encarando. O pequeno livro em sua mão deixava bem clara suas intenções para aquela noite.

_ Vem._ Falei levantando o lençol e assim, sem esperar por um complemento na frase, ela veio até mim com um sorriso radiante e se acomodou ao meu lado.

Peguei o livro procurando a página que tinhamos parado a mais de não sei quanto tempo atrás.

_ Mamãe?_ Ela disse interrompendo minha busca_ As luzes estavam muito bunitas hoje, não é?_ Disse Lili deitada ao meu lado.

Parei de passar as folhas e a encarei por alguns segundos antes de deixar o livro sobre meu colo e puxar o cobertor mais pra cima dela, a ajudando a se embalar direito.

O tempo estava mudando mais uma vez, já que durante toda a tarde o tempo parecia firme, e agora a noite estava começando a se tornar fria.

_ Sim, eram muito bonitas._ Falei acariciando seu rosto ao me lembrar do passeio maravilhoso com aquelas duas.

Acho que foi uma recompensa e tanto, não só pra Lili mas pra mim também. O lugar de fato era muito bonito e posso arriscar dizer que até um pouco mágico como a própria Lili citou.

Baby nos levou a uma praça no centro da cidade vizinha onde tia Sandra costumava levar Gustavo e ela quando pequenos. Mas acho que nem ela contava com o fato da prefeitura ter restaurado aquele lugar todinho e transformado em uma bela e encantadora praça, principalmente a noite.

_ A gente podia voltar lá mais vezes._ Disse com um sorriso bem aberto antes de encarar o teto, como se podesse lembrar de cada detalhe do lugar.

As luzes esverdeadas dando um tom ainda mais vivo as longas árvores e coqueiros espalhados por todo o lugar. Os múltiplos brinquedos espalhados em uma área reservada pra as crianças e tinha até uma fonte com peixes iluminados por luzes que estavam postas dentro da água.

Acho que nem eu superei essa vista ainda.

_ Sempre que quiser._ Falei num bocejo.

Ela sorriu e me encarou com um sorriso tão doce, ela não fazia idéia o quanto aquilo era realmente tudo pra mim.

Me deitei ao seu lado me esquecendo que o livro ainda estava sobre minhas pernas e a encarei de pertinho.

_ Eu tô tão cansada ?_ Resmunguei num sussurro com a voz manhosa, a fazendo sorrir antes de passar a mão em meu rosto me motivando entrar em hibernação.

Acho que pelo fato de eu ter pegado tão cedo aquele dia eu conseguia me sentir ainda mais cansada, incluindo ter ficado até tarde na rua correndo de um lado pro outro atrás de Lili naquela praça enquanto Baby estava gamada no carrinho de algodão doces e Tia Sandra estava mais empenhada em tirar altas fotos de tudo.

_ Eu plometo durmir depois da histólia._ Disse como uma perfeita negociante.

Suspirei derrotada e puxei o livro pra perto enquanto o monstrinho apenas se acomodou ainda mais entre os lençóis me encarando com o olhar cheio de expectativa.

Por incrível que pareça, ela já havia escutado toda aquela história não só uma vez, e ainda sim, sempre pedia para ouvir a mesma história, enquanto eu me perguntava como ela conseguia fazer isso?

_ Okay._ Comentei abrindo o livro na página marcada por uma fitinha.

_ Mamãe?_ Ela chamou mais uma vez me interrompendo de iniciar a história.

_ O que foi?_ Perguntei paciêntemente me sentando com as costas apoiada contra a cabiceira da cama.

_ Por que o tio Guto não foi gente? Eu sinti falta dele._ E lá íamos nós de novo, afinal, sempre que Guto era pauta em nossos assuntos, no final nunca era algo que me agradasse.

_ Acho que ele teve que ir trabalhar._ Pelo menos dessa vez ele se deu bem no trabalho, pensei enquanto Lili ainda me encarava.

_ Você gosta dele?_ Perguntou me trazendo de volta ao assunto que eu sempre tentava fugir quando Lili se tornava a detetive em questão.

Afinal, era fácil ignorar o assunto quando vinha de Baby ou de Tia Sandra, elas sabiam a hora de parar, mas Liana não. Quando esse pequeno monstrinho resolvia bancar o Sherlock, ela só parava quando conseguia o que queria.

Mesmo tão pequena.

_ Se ele é bom pra você, é o que importa._ Comentei tentando evitar olha-la, mas ainda podia sentir seus olhos em mim.

_ Isso é um sim?_ Perguntou com um sorrisinho sapeca que me fez cerrar os olhos em sua direção, fazendo seu sorriso se alargar por saber que estava me afetando.

_ Mas uma pergunta sobre isso e eu desisto de ler a história. Você decide._ Joguei a isca torcendo fortemente pra ela pegar.

Em silêncio por alguns minutos avaliando a questão, ela tornou a se acomodar na cama.

_ Ele é legal._ Resmungou como se falasse consigo mesma.

A encarei em silêncio ainda absorvendo toda aquela repentina conversa sobre Gustavo e meu ponto de vista em relação a ele. O que me deixou de certa forma desconfiada, mas resolvi esquecer quando Lili me chamou novamente.

_ A histolia mamãe._ Disse como uma verdadeira mocinha, me fazendo sorrir antes de tornar a me acomodar na cama, encarando a pagina do livro.

" Enfim, depois que ela tomou a coragem de seguir até a porta e abri-la, se espantou ainda mais por não ver ninguém do lado de fora da casa.

Ela olhou de um lado para o outro e ainda hesitante, arriscou a dar um passo a frente antes de voltar para dentro de casa, e foi exatamente nessa hora que ela olhou pro chão e acabou encontrando, um pequeno presente deixado na porta de sua casa naquele dia de chuva tão assustador.

Mas a quem pertencia aquele presente?_ Ela se questionou, porém sem encontrar nenhuma alma no lugar ela o pegou e o admirou de perto encontrando no verso um pequeno bilhete.

"Está e a minha pedrinha preciosa a qual eu estou entregando a você".

Cuide como se fosse sua."

E assim Lili adormeceu ao meu lado onde logo em seguida, foi a minha vez.

[ 3 anos atrás]

E com a total certeza de que a mãe daquela criança havia escolhido a pessoa errada pra entrega-la, eu resolvi por mim mesma que tentaria salva-la, de mim.

Na carta me pedia para cuidar dela, mas essa era uma missão difícil demais pra uma garota que levava a vida sem o menor pingo de amor a vida.

Ninguém merece conviver com alguém assim, ainda mais um bebê, e foi por isso, naquela noite que eu resolvi que o melhor era tentar concertar o erro que a mãe dela cometeu.

Eu só esperava do fundo do meu coração, que assim como Bárbara havia dito, que eu não me arrependesse.

E foi assim que eu peguei as chaves do meu carro e o cesto junto com a criança e sai pela noite sem um rumo certo com aquele pequeno monstrinho.

Minha Melhor DecisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora